quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Seria com uma Ovelha

Homens os há que, sendo os últimos exemplares à face da terra, e eu, desafortunada, o último dos espécimes femininos, posso afirmar com toda a certeza que a espécie humana terminaria ali, no mesmo instante. Não deve haver nada pior do que ficar para último para morrer. Pior ainda quando a companhia que nos calha na rifa seja um ser tão execrável, tão estúpido, tão nojento, tão pouco interessante, tão fútil e tão pouco aprazível ao contacto, como uns de que agora me lembro, e que bem podiam tomar a figura deste último senhor na terra.
Pessoas como estas, que passam na vida de uma pessoa apenas umas quantas vezes, o suficiente para me deixarem doente das vísceras por uma semana inteira, acham realmente que ter uma cara bonita e um cérebro cheio de vento é um grande feito histórico. Pois eu diria que a beleza é um conceito extremamente subjectivo e que a ventania cerebral não é mais que uma grande alarvice, e quem se orgulha de tal facto, não é mais do que um verdadeiro tufão humano de alarvice e estupidez.
Pessoas como estas, que crêem realmente que fazer equilibrismo numa tábua de madeira, para não servirem de comida aos peixinhos, e que o fazem, orgulhosamente, para se sentirem perto do criador, e fazem isto fé e religião, não podem augurar mais que uma vida além-túmulo de paz com o deus a fazer um backflip brutal, e todos os anjinhos a aplaudirem alegremente.
E, pessoas, como estas que não conseguem juntar quatro ou cinco palavras para conversarem de assuntos diferentes que não sejam temáticas tão interessantes como o tempo, as aulas, vistas de uma perspectiva de escola primária, sem espaço a aberturas de espírito que dêem azo a conversas de um nível superior àquilo que vem escrito nos jornais distribuídos gratuitamente nas estacões de comboio. Já para não ter que mencionar o ar de superioridade com que tais seres se passeiam na rua, como se os reles mortais nunca conseguissem atingir o seu grau de perfeição fútil ; nem no ar de desprezo para com quem tenha uma opinião diferente, um ideário diferente, sequer, uma conta bancária inferior , nem no fato completo de snobismo que não conseguem despir por um único minuto que seja.
Porque se sentem superiores. Não porque tenham feito grande coisa para atingirem a dita “perfeição”, ou porque são donos de uma infinita inteligência, ou bondade, ou compreensão, ou qualquer outra característica que os tornasse uma boa companhia para passar os últimos dias na terra, que os tornassem em ultima análise, uns seres humanos razoáveis.
Não. Nada disso. Nem sequer entrando pelos caminhos sinuosos de apêndices nasais, que parece, muito apreciado algures, nem pela roupa ridícula, pelos sapatos manhosos, nem pelo cabelo, que disfarça grandemente o vazio ao nível dos neurónios, sempre miraculosamente penteado e equilibrado no topo da cabeça para um dos lados, sem nunca tombar; por aí, nem vou, demasiado subjectivo. ( Ok, terrível ) Subjectivismos que poderia claramente ser ultrapassados se, no momento do contacto com o espécime, se pudesse ir mais além da conversa de circunstância, típica de quem se conhece há dois minutos, para tentar, quem sabe, descobrir que haveria ali alguém com mais do que aquilo que o aspecto demonstra.
Pura ilusão. Quando não existe mais do que conversas sobre o mesmo tema, sobre o tempo, perspectiva primária da vida, e assuntos de futilidade e a pouca utilidade reinam é o que se pode esperar, esbarra-se com a verdade de que, por trás de tudo de mau o que se vê, não existe realmente mais nada, uma parede branca, vazia, nua, sem mais conteúdo, nem mais nada. De todo.
É com isto que o mundo acaba?
Homens os há assim. Sem mais nada que dissertações estúpidas sobre ideias medievais, sobre equilibrismo aquático sem futuro, sobre cercas que se colocam nos pensamentos que não permitem ir mais além.
Nestes preparos, e com homens assim como o resto da sociedade humana, e eu, deixada no mundo para perecer, sozinha, com um ser destes, diria, com toda a certeza e convicção : seria com uma ovelha.

AS

1 comentário:

Fátima disse...

exultai aos homens que falam do carro, dos peitorais e das gajas que comeram quando tinham 15 anos (e é tudo mentira).
epá AS, és grande
eu cá também seria uma ovelha
FC