quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Fod*-se

Sempre tive a mania dos bolsos. Andar com as mãos nos bolsos, pôr coisas nos bolsos, perder coisas dos bolsos.

Todos os bolsos da minha roupa, a que está guardada e a que uso com frequência, contêm dentro de si todo um mundo de objectos perdidos, uns úteis, outros simplesmente lixo, mas que, pelo facto do pobre caixote estar a milhas de distância, vêm parar ao bolso para mais tarde lá depositar.


Tradução: sou uma preguiçosa do pior e até para deitar coisas no lixo protelo ao máximo e prefiro ter os bolsos cheios de merda do que fazer o caminho até ao caixote.


No meio de tanta porcaria que têm sempre os meus bolsos, mistério dos deuses que não consigo decifrar, vão sempre lá parar migalhas, de tudo e mais um par de botas, advindas do mesmo gesto de pôr a mão no bolso em vez de os depositar no sítio certo.

Outro dia, pus os fones no bolso do robe de andar por casa (reparem agora que envelheci 40 anos e não passo de uma idosa caquéctica que passa os dias de pijama a dar de comer aos seus 7 gatos) e nunca mais me lembrei deles.
Dias depois, venho a necessitar de tal objecto e vou lá resgatá-los.

Ora, para quem não sabe, desde que comecei a trabalhar na metrópole, ando de transportes e passo uma parte considerável do meu tempo a andar a pé de e para o local de trabalho. Deus me livre, claro está, de passar 5 segundos entregue aos meus pensamentos, e não ando de orelhas descobertas na rua.

No meio de um comboio cheio que nem um ovo, com milhares de cotovelos enfiados as minhas costelas, rabos a esfregarem-se nas costas, malas a serem enfiadas à má fila junto aos pés de toda a gente, resolvo tirar os fones da mala para não ter que ouvir o ruído das pessoas a irem trabalhar.

E o que sucede?

Os fones estão cheios de migalhas.

Onde, exactamente?

Naquelas ranhuras minúsculas que se enfiam nos ouvidos.

Portanto, num comboio cheio de gente que não tem mais nada que fazer senão olhar para aquilo que a pessoa do lado está a fazer, fui obrigada a tirar as migalhas das ranhuras dos fones, migalhas essas que eram parecidíssimas com cera dos ouvidos.

Que foi exactamente o que aquela gente toda pensou, que era porca ao nível de ter toneladas de cerume nos fones e, em vez de os limpar no recato do lar, fui para o meio da multidão proceder à sua limpeza.

Apeteceu-me gritar, olhem lá ó desocupados do caralho, isto são migalhas, não sou porca, eu lavo-me e lavo os meus pertences, mas achei que era chamar demasiado a atenção para um problema de higiene e, de qualquer das formas, ninguém ia acreditar em mim.


Qual é o problema disto?
Apanho todos os dias o comboio à mesma hora, no mesmo sítio e vejo todos os dias as mesmas pessoas.

Vou passar a ser conhecida como a porca dos fones.


E é deveras chato, porra.

     


Está em mim ser parva, é um facto.
O que também é um facto é que desde que comecei a ler esta saga Napoleão/Wellington não consigo tirar esta porra de música da cabeça.

 O que os Festivais da Canção desta vida nos trazem...

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Coisas Que Vejo Por Aí # 47

Não é que perceba grande coisa disto, mas compenso em larga experiência de grandes falhanços e grandes potes de dinheiro deitado à rua.
Por isso é que gosto de pechinhas; quando corre mal, não há muito que chorar.

Com a NYX aprendi, porém, a não ter grandes expectativas face a produtos que toda a gente fala e diz maravilhas porque o mais provável é que não sejam assim tão bons.

Em primeiro lugar, há que dizer, acerca desta marca, que tentei.
Tentei mesmo a sério.
Tentei muito e com muita força.
Só que não deu.

Provavelmente é de mim.
Provavelmente usei mal os produtos, até.
Provavelmente a minha pele é uma trampa e eu sou uma naba da quinta casa, que veio lá das berças sem jeito nenhum para coisa alguma e já se acha o supra-sumo das tintas faciais.
Provavelmente não percebi o conceito da coisa.

Admito que sim. Mas a verdade é que procurei, inclusivamente, reviews, voltei a testar, dei um tempo à coisa e mesmo assim não fiquei convencida.

Básica e essencialmente, nada desta marca funciona.
A qualidade dos produtos é tão fraquinha, tão fraquinha que até alguns produtos de maquilhagem da Primark são melhores, mais duradouros e mais confiáveis que estes.





Começando pelo lápis de sobrancelhas.
Como ninguém tem culpa do meu tom de pêlo ser esquisito, nem vou por aí. Já vou mais pelo facto de ser muitíssimo cremoso, o que, para este efeito, é péssimo, gastar-se mais rapidamente que o dinheiro no final do mês e a escovinha ser tão frágil, tão frágil que qualquer rabanada de vento a leva. Aliás, ainda nem o lápis ia a meio, já a escova havia entregue a sua alminha ao criador. No final, deixa as sobrancelhas a parecer um reclamo (como dizia a minha Avó) de néon, o que, face à temática, é qualquer coisa.



A sombra de olhos, nesta cor, que se quer neutra e que basicamente serve para tudo e para todos os dias, é um desastre. Demasiado poeirenta, nada pigmentada, gasta-se com uma rapidez supersónica e não deixa saudades nenhumas. A sério, deve ter sido a pior sombra que alguma vez tive, e olhem que sobrevivi às sombras da Sephora em saldos no Natal de 2003, que, acho, ainda duram.







Isto é um senhor embuste. Ok, os primers em gel são todos um bocado esquisitos, muito oleosos, muito sebosos, bons para a criação de borbulhas do tamanho do Etna mesmo em cheio nas trombas, mas este abusa. Alerto para a necessidade de lavar as mãos duas vezes a seguir à utilização para retirar o produto das patas. Bolas, que é demais. Mata o brilho do sebinho da cara, é verdade, mas a pele fica tão escorregadia que mais parece a bancada de testes do Master Chef dos putos. Não compensa o perigo de se confundir a tez com uma pista de curling, nem mesmo pelo preço.






E agora, para um momento de pura diversão, vamos parar um pouco para meditarmos na seguinte permissa:

O primer de olhos da NYX é oleoso.

O primer de olhos da NYX é oleoso como a porra.

O primer de olhos da NYX é a negação do seu propósito existencial.

Vejamos: se não estou em erro, o primer de olhos serve para retirar a oleosidade natural das pálpebras, para que a sombra agarre como deve ser e para que não sejam visíveis, passadas algumas horas, as linhas cheias de pózinho e sebinho por cima dos olhinhos. Ora, se um primer é oleoso só vem ajudar a que as pálpebras fiquem escorregadias como uma forma de bolo acabada de untar, o que só agrava os sintomas supra descritos.

Isto transcende-me, a sério que sim. Não foi caro por aí além (à volta de € 5,00, acho), mas estou em crer que foi o dinheiro pior empregue da minha existência. Não consigo usar esta porcaria sem pó compacto ou solto por cima. Estou desejosa que acabe (sim, que eu sou pobre a este ponto, para não desperdiçar, mesmo quando o produto é uma bela porcaria, espero sempre que acabe) para poder voltar ao primer de olhos da Kiko, que mais parece manteiga de amendoim deixada ao sol e depois enfiada à má fila num contentor de gomas, mas que, pelo menos, cumpre o que promete.

Acho que também adquiri há uns tempos um eyeliner, mas não vale a pena ser mázinha... Digamos que tive canetas de feltro de melhor qualidade, a menor preço que faziam um trabalho muito mais aceitável.


Não sei se será de mim.
Com grande probabilidade, será.
Mas sinto genuína lástima, que a variedade é substancial e tinha tudo para ser a minha loja de eleição - atente-se na variedade de coisinhas bonitas!

Também não ajuda o facto dos funcionários serem todos malcriados até à 5ª casa (defeito de TODAS as lojas de cosméticos, tema interessante para outro post) e a maior parte das vezes que lá fui tinham o stock de bases esgotado - sim, para uma loja de maquilhagem faz todo o sentido...


Enfim, agora que já tirei isto do meu sistema já posso ir trabalhar.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Meanwhile in Ergástulo - Parte Nona

Os dias no Ergástulo passam depressa porque, simplesmente, há muito que fazer.

Nunca se está parado e, principalmente, nunca se pode verbalizar que se anda descansadinho porque a seguir vem logo alguém dar-nos o que fazer, mas que é isto, onde é que já se viu gente folgada, era o que faltava.

Maneiras que os dias não chegam para tudo e anda-se sempre a correr, sem tempo para borregar no Facebook ou para escrever umas alarvidades neste antro.


E as saudades que eu tenho de borregar...

Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve



Pela primeira vez, Dan Brown desiludiu-me. Não que tenha subitamente começado a escrever mal, não que já não consiga prender o leitor, não que a história não seja interessante ou cheia de pormenores ricos e informação tremendamente
interessante.
Nada disso.
Tornou-se, porém, previsível, o que é uma machadada naquilo que o diferenciava dos demais.
E é, de facto, uma pena.

Podia estar melhor, apesar de não ser mau de todo.