domingo, 31 de dezembro de 2017

Votos de Boas Entradas.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017


Chega aquela altura da vida em que só apetece fugir, mas está-se preso e imobilizado com milhões de caixotes à volta.


Foda-se mais a isto e mais à ideia peregrina de mudar de casa.

Balancinho & Balancete

Às portas do fim do ano, urge fazer o famigerado inventário da casa.
Coisas boas, coisas más, todos os anos são repletos delas. Umas mais marcantes, outras nem por isso.

Assim de repente, lembro-me de ter saltado de pára-quedas (e jurei para nunca mais), celebrei 10 anos de blog, 10 anos de relação, o meu rebento celebrou o primeiro ano de vida e mudei de uma espelunca na província para um ergástulo na metrópole. Ah, e comprei uma barraca, já agora. Coisas boas, portanto. Também conto como coisas boas ter lido excelentes livros, ter ouvido boa música e ter-me queixado amargamente dos filmes e séries que vi, portanto, também há isso.

Ia a escrever que também tinha sido francamente positivo não ter morrido nenhum dos que são próximos, mas não é verdade. Vi gente chegar e partir e deixar-me um vazio no coração. Coisas más, portanto.

No entanto, qual idosa, vou aprendendo a viver com isso, quase a aceitar a inevitabilidade da finitude de tudo e do todo.





Não me atrevo a pedir nada para 2018 que não seja saúde.
O resto há de arranjar-se.
  Gosto potes desta música, portanto, mais nada.

Criptográfico

Em tempos conheci e convivi com uma pessoa que era, básica e friamente, uma merda.

Tal pessoa gostava muito de dizer coisas que eram, também elas, básica e friamente, uma merda.
Tinha gosto em ofender as pessoas, em machucá-las e deixá-las abaladas. Em deixá-las na merda, resumindo. Um alegria de convivência, portanto.

Ora, tal pessoa, certa vez, proferiu uma série de impropérios acerca de uma outra pessoa.
Palavras grosseiras, maldosas, horrendas, que pretendiam ser um vaticínio, tão sábio e metapsíquico era o ogre falante.

À data, ficou tudo muito indignado, e com razão, quando foram ouvidos os impropérios, principalmente porque eram injustos e puras inverdades. Ficou sempre no ar aquela névoa de ressentimento face à desproporcionalidade da predição.

Anos passaram.
Uma sucessão de acontecimentos vieram a dar, afinal, razão ao ogre. Que, no fim das contas, tinha acertado em cheio na leitura que fez da pessoa em causa e na previsão de futuro, que veio a revelar-se muito acertada. O visado, esse, nem percebeu.





Deixando de lado o palavreado já de si muito pouco erudito, é isto que me fode, mais do que tudo o resto.
Aquele monte de merda tinha razão, previu tudo isto, acertou em cheio e agora deve estar a rir-se que nem uma hiena ébria à conta de todos.



Foda-se mais a isto, caralho.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Voltar do Natal é voltar a vestir umas calças quaisquer e perceber que já estão ligeiramente desconfortáveis na zona da cintura. Tudo isto porque se comeu que nem uma abadessa que não via doces há cerca de três décadas.

Sou uma triste.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017


Como já é da praxe, desejo a todos um Grande e Feliz Natal!!

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

E fiquei oficialmente sem nada para ler, o que na minha pessoa dá direito a tempos intermináveis de tédio e convulsões mentais de grande calibre.


Odeio quando isto acontece, mesmo agora que basicamente tenho tempo para ler 5 minutos na casa-de-banho e já é um pau.
Quase que sinto que a minha vida não tem sentido se não tiver um livro à cabeceira...


Enfim, vem aí o Natal, não é, pode ser que tenha sorte, não é...

Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve



Este, à semelhança do anterior e que curiosamente era do mesmo autor, foi penoso de acabar.
Enorme, com letra miúdinha, com tantas ocorrências em simultâneo que coloca a cabeça do leitor a andar à roda, é amiúde chato e desinteressante, principalmente no início.
Não se percebe porque se matam uns personagens centrais no meio do livro e enquanto outros morrem atabalhoadamente no fim.
Não obstante, é uma história engraçada e cheia de pormenores históricos interessantes. 

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Faltam exactamente 3 dias e meio para poder ir de mini-férias de Natal.

Coisa feliz, não é?

O pior é que ainda faltam 3 dias e meio, cheios de merdas, stresses e coisas que não interessam para nada.

Coisa infeliz, foda-se.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017



Não é segredo para ninguém que sou grande apreciadora de GNR, principalmente da obra anterior a 1996, que é, toda ela, fabulosa.

Há dias que ando com esta música na cabeça e já nem sei porquê.
Tem o seu quê de sinistra e um toque rock muito aprazível ao ouvido.

 Ao meu, pelo menos...

Essa Gente é o plural de Pobres


Perdi a conta à quantidade de vezes que me lembro desta tira de Mafalda.
Cito-a vezes amiúde inclusive, principalmente quando chegamos ao Natal e proliferam pedinchões na rua a pedinchar para tudo e mais um par de botas.

Sendo uma pessoa horrível e sem préstimo, custa-me dar seja o que for se não souber reconhecer a entidade por trás do pedinte e não tenho vontade nenhuma de dar nada àqueles que nos saltam ao caminho com aquela falsa alegria efuziante para ajudar as criancinhas esfaimadas e andrajosas nos confins dos Laos.

Tenho para mim, e já o digo há anos a fio, que a pedinchice é um negócio como qualquer outro e que vinga pela ingenuidade de quem dá. Claro que há excepções e claro que há associações com muito mérito e às quais também ajudo (de vez em quando), mas continuo com a firme convicção que a maioria dessas agremiações são balões cheios de ar que pairam por aí a tentar enganar os incautos.



Nem por acaso que encontrei a tal tira numa qualquer rede social, ainda para mais que agora anda tudo muito indignadinho e chateado por haver uma senhora qualquer que se revolveu encher à conta dos dinheiros públicos com a desculpa que tinha uma associação que pretendia proteger e acarinhar crianças com doenças raras.

Não percebo porque é que é um escândalo tão grande. Nunca se ouviu falar em gente gulosa neste país, não querem lá ver...?

O que de facto não se percebe é porque é que não se está a falar mais daquilo que esta senhora, que durante anos teve, aparentemente, uma posição tão importante lá na terra dela, disse acerca de posições sociais e igualdade de direitos.
Ninguém se indigna quando ela diz que não somos todos iguais e quem disser o contrário mais vale atirar-se da ponte Vasco da Gama? Isso não choca ninguém?
Da mesma forma que toda a gente já se esqueceu daquilo que a senhora do banco Alimentar dizia, que não se podia comer bifes todos os dias, na senda do não sejam piegas e temos que aprender a empobrecer daquela amostra de Primeiro-Ministro que um dia tivemos.

O que devia chocar é que à frente destas instituições de caridade estão pessoas que, no fundo, acham que continuamos nos anos do antigo regime, em que era chiquíssimo as grandes senhoras dedicarem-se à caridade, sendo sinal de grande poder e prestígio o rico estender uma migalha a um pobre desgraçado que não tem onde cair morto.

O que devia chocar é que estas senhoras se acham superiores por terem mais que os outros e fazem questão de apregoar que fazem muito, quando na verdade são ocas, sem princípios, bafientas e com uma generosa dose de pedantismo em cima daquelas peles.

O que deveria chocar é que estas senhoras fazem vida a ajudar os pobrezinhos e depois não se lhes chegam porque essa gente, enfim, é o plural de pobres, como diz António Lobo Antunes, e não se sabe que piolharia trazem atrás deles.

O que deveria chocar é que ainda há muito fascismo encapotado e sobre isso, desafortunadamente, ninguém diz nada.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Meanwhile in Ergástulo - Parte Oitava

Paremos dois minutos para contemplar a seguinte factualidade: afinal sempre se realizará convívio de Natal para os habitantes desta casota na metrópole.
Ninguém esperava, dado que já se sabe que esta gente é muito pouco dada a sorrisos, quanto mais a convívios. Até pode ser que seja uma coisa boa, pensou logo a minha pessoa, pode ser que anime o espírito desta gente cinzenta.
Toda a gente recebeu, portanto, um email com o convite, anunciando que dia 27 do corrente mês faríamos o almoço com todos para celebrar o Natal.

























Contemplemos, agora, o facto de nesta casa se celebrar o Natal depois de dia 25 de Dezembro.

Foi aqui que vim parar.

Nonsense Talking ... Nº Qualquer Coisa

- Olá, boa noite! Como está, está tudo bem? Desculpe interromper a sua paz... já interrompi, não foi?

- Por acaso, já. Diga lá o que é que quer. Se vem pedir dinheiro, digo-lhe já que não tenho, portanto nem vale a pena. 

 - Ah, então adeus. 


 Como despachar um pedinchão, nível 7000

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017



Quem mais já não vive sem isto?

Novo Exercício

Aparentemente, a minha vida não é sossegada o suficiente e precisa destes pequenos arranques para lhe dar cor e movimento.




Imagine-se, então, e a questão é tão simples quanto isto, que se convidam uns amigos para bebericarem café e conversar um par de horas no sossego do próprio lar. Como a conversa estava animada, tira-se uma foto da grupeta e coloca-se numa qualquer rede social.

Eis senão quando, um malcomido qualquer resolve, num verdadeiro exercício de civismo e urbanidade, questionar porque razão não foi convidado. Assim, nu e cru, e mais uma vez, tão simplesmente quanto isto. Quer saber porque não foi convidado.

Elabore-se, pois, a competente resposta, adiantando, desde já, que o recurso ao vernáculo é permitido.

Podia, em primeiro lugar, colocar-se a questão de tal inquirição não ser, na verdade, séria e ser apenas uma brincadeira parva e pouco verosímil. No entanto, tendo em conta a pessoa em causa e os discurso apresentado, dúvidas não restam de que se trata, sim, de um pergunta muito legítima e muitíssimo séria, mas que moda agora é essa de se encontrarem sem mim, mas porquê, não admito isso, mas que raio de democracia é esta, que já estou a ficar louca, louco, perdão, e coiso.

Portanto, o que sucede é que a minha pessoa não pode convidar quem quer que seja para a sua própria casa sem ter de ser sujeita a escrutínio, interrogatório e cobrança posterior.

O que sucede, afinal, é que tenho que andar a esconder que tenho gosto em receber os meus amigos na minha própria casa, sob pena de sofrer a ira de um galináceo malcriado sob o efeito de metanfetaminas com brilhantes.

O que sucede, pois, é que devo satisfações dos meus atos e não sabia e a minha casa não passa de um bordel com as portas abertas para receber quem quer lá ir e não quem é convidado.

O que sucede, portanto, é isto.




E o que dizer disto?
Esgotei as hipóteses de resposta que tinha e que incluíam
a prática de crimes de injúria e ofensa à integridade física qualificada, portanto aguardo sugestões.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Façamos Um Pequeno Exercício

Imagine-se que, andando pela rua fora, descansadinha da vida, recebe uma chamada telefónica.

Identificado o remetente de tal chamada, num rasgo de insanidade misturado com vontade de sofrer, atende a dita.

A pessoa do outro lado da linha não sabe como se faz uma execução no Citius e pede ajuda. Não sabe quais são as espécies, nem as finalidades, nem o tribunal competente, nem como se associa o DUC ao processo, não sabe que as execuções de sentença correm nos próprios autos (regra geral). Não sabe nada. Esteve, portanto, escondida debaixo de uma pedra nos últimos 3 ou 4 anos. Precisa de auxílio, daí o telefonema.

Precisa de quê, exactamente?
Really?!

Isto ultrapassa-me.
A sério que sim.
Como é que uma pessoa destas chega a uma posição de poder e estatuto elevado sem saber estas coisas é qualquer coisa de extraordinário.
Quer dizer, não é, e tem uma explicação muito simples. Antes havia sempre alguém por perto a quem passar estas minudências e portanto perder tempo a aprender a fazer coisas banais e de pobre, nem pensar.
Pensar também que durante anos esta pessoa corrigiu inúmeros requerimentos executivos feitos por outros também é coisa para assustar deveras. Afinal achava-se o maior porque corrigia coisas da ralé mas nem sabia para o que estava a olhar.

Desliguei o telefone depois de lhe passar as informações necessárias. Agradeceu-me muito, mandou beijinhos e despediu-se.
Fiquei a olhar para o telefone uns bons 10 segundos depois da chamada terminar.

O que tinha sido aquilo?

Uma possessão demoníaca?
Um estado transitório de demência?
Estado de inimputabilidade provocada pelo álcool?

Não sabendo o que pensar, não sabendo se tinha vontade de rir ou de chorar, não sabendo se haveria de ficar revoltada com o mimo que se dá aos miúdos quando o que eles merecem é porrada no lombo ou simplesmente aceitar isto como um facto normal da vida, acendi um cigarro e fui à minha vida, pensando que, a partir daquela hora, tinha visto quase tudo nesta vida, e que um suíno a utilizar uma trotinete não me provocaria um espanto por aí além.









Quem me ligou, claro está, foi a besta da minha antiga entidade patronal.

Miséria

Do Benfica nem vale a pena falar, pois não?

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

#NãoSejasInácio

O pessoal que habita no Ergástulo não é muito dado a festas.
A bem da verdade, não é NADA dado a festas, principalmente se meter patronato pelo meio. Pelo que jantar de Natal da firma, nem vê-lo.

No entanto, sendo a minha pessoa fervorosa adepta da quadra natalícia, não podia andar pela rua fora sabendo que não ia haver festejos de Natal no sítio onde se exerce a profissão (e agora pareceu mesmo que trabalho numa esquina a vender o corpo. Adiante).

Bem que se insiste com os confrades, mas não se recebe mais retorno que uns ligeiros esgares e uns sorrisinhos tolos. Primeiramente, até pensei que era por minha causa que não era boa companhia nem para as festividades natalícias. Depois lembrei-me que aqui cultivam o mau humor e que anda toda a gente permanentemente de trombas só porque sim. E quando não têm motivos para tal, logo surge alguém para lhos oferecer, pelo que nunca ninguém fica muito feliz por muito tempo.

Francamente, apeteceu-me abaná-los e mandá-los dar uma curva, enquanto fazíamos por aí um jantarinho, nem que fosse a comer sandes de panado e beber uma bejeca num tasco qualquer.


E depois lembrei-me do meu contacto, cujo nome consta do título deste miserável texto escondido entre uma punchline de origem duvidosa, que também passa a vida a insistir com toda a gente para se fazer e acontecer, para irmos e para voltarmos, para sermos e acontecermos, para sermos tudo e não sermos nada e, no fim de contas, já ninguém diz nada. Há paralelismo porque, num lado, já ninguém consegue ver isto à frente e estar mais um minuto que seja, mesmo que em ambiente diferente, rodeado do mesmo peso sobre a cabeça é um autêntico sacrilégio; no outro, já ninguém consegue ouvi-lo sequer sem querer puxar de uma arma e acabar-lhe com o sofrimento.

Moral da história: não vale a pena forçar. É deixar ir, que se resolve por si.
Sobrevivi aos encontrões, empurrões, porrada e falta de civismo de ir às compras de Natal no mês de Dezembro.

Depois de uma manhã muitíssimo produtiva no que a ganhar nódoas negras diz respeito, lembrei-me porque é que há anos que comecei a fazer as compras desta época em Setembro.


Bolas, ninguém merece...


quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Zé Pedro 1956 - 2017

Dias terríveis são aqueles em que morre um músico.

Dias terríveis...

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Coisas Que Vejo Por Aí # 46

Certo é que, mesmo com uma vida profissional muito mais preenchida do que nos tempos em que trabalhava para uma besta de carga algures na comarca de Lisboa Oeste, a verdade é que ainda tenho algum tempo em mãos que gosto de mandar janela fora.
Que é como quem diz, nem sempre parece que tenho o que fazer.


Posto isto, apraz dizer que encontrei uma base que até é catita.
Boa.
Porreira, vá.
Mesmo fixe, ao fim e ao cabo.


Andava eu na minha eterna demanda "preciso-de-uma-base-mas-não-me-apetece-gastar-40-euros-na-MAC", quando dei com os olhos nisto:



Pensando que poderia ser uma péssima ideia tendo em conta que a minha pele é, básica e friamente, uma trampa que reage mais depressa a um produto químico do que os atrasados mentais que comentam notícias reagem a uma notícia sobre o Sócrates, resolvi arriscar. Essencialmente devido ao preço da dita, que não me faria chorar amargamente o dinheiro derramado inutilmente.

Eis que surge a surpresa.

É magnífica. Não durará as 25 horas que a embalagem promete, mas anda lá muito perto. A cobertura não é total como anunciado, mas quase. Não pesa. Não é oleosa. Não tem um cheiro activo por aí além. E, como já referido, o preço é para lá de espectacular: € 10,65.
Porém, o requisito essencial para a minha pessoa: tem um tom de cadáver (mais claro que o ivory) que assenta como uma luva nas minhas trombas, o que, para uma base de supermercado, é de se lhe tirar o chapéu.

Claro que não é uma base de qualidade profissional, por assim dizer. Está longe do acabamento acetinado ao toque e mate de uma base 'poderosa' (no rosto e na carteira). Obviamente que a cobertura total é um bocado relativa, principalmente quando comparado com outras marcas (assim de repente, com o Pro Longwear Nourishing Waterproof, da MAC - quase me caiu o braço por ter de escrever um nome tamanho - ou o miraculoso Dermacol), mas não está nada mal para o preço e segmento.

Adoro-a e cheira-me que vou ser muito feliz com esta pequena pérola de pobreza recentemente descoberta.



Agora que já espalhei ao mundo que sou uma indigente que não perde uma pechincha, daqui a nada, é ver-me a coleccionar cupões em dossiers, já posso voltar ao trabalho.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Meanwhile in Ergástulo - Parte Sétima

O meu patrão é tão velho, mas tão velho que quando se refere ao subsídio de Natal, diz que é uma lembrança.
Tal como a minha Avó dizia, lembrança de Natal.

Só faltava dizer que é pouco mas é de boa vontade, como se diz lá para aquelas terras de Sintra.



Estou rodeada de avestruzes ébrias.
Levantar de madrugada para ir fazer julgamentos - literalmente - para detrás do sol posto também tem a sua beleza.

Vão-se Foder Também Resulta

Para todos os atrasados que tenho o azar de defender em processos-crime que não ouvem o que lhes é dito, que não querem saber de nada, não têm medo de nada mas no fim choram como uns putos quando o juiz faz cara de mau:


terça-feira, 14 de novembro de 2017

E com esta brincadeira toda estamos a pouco mais de um mês do Natal e a minha pessoa, normalmente tão expedita e tão despachada neste departamento, não comprou um único presente.

Bem, é mentira, comprei um, mas já foi há tanto tempo que não tenho a certeza se não o terei incorporado nas minha coisas...

Portanto, chegamos quase ao fim de mais um ano concluindo aquilo que já venho concluindo há 10 anos a esta parte: estou velha e acabada.
O próximo passo é ver-me nos centros comerciais no dia 22 de Dezembro, qual velha que não tem mais nada que fazer senão andar no meio da confusão, a comprar a primeira merda que me aparecer à frente para despachar a coisa.

Tristeza...

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Doce Sabor

Não será certamente segredo para ninguém que me custou horrores sair da espelunca antiga maioritariamente por causa das pessoas que deixei para trás. Particularmente, uma pessoa, a minha companheira de desventura e infortúnio em terras da Mitra Land.

Não será, também, certamente, segredo para ninguém que recentemente trouxe para o Ergástulo essa pessoa que me fazia mais falta, mais que não seja porque o publicitei aqui.

Numa feliz coincidência, acaso do destino e golpe de sorte, houve falta de pessoal. Assim que pude, fui buscá-la, e agora somos companheiras jurídicas na Metrópole.

Porém, é preciso também esclarecer devidamente, não foi só pela bondade do meu coração que o fiz nem somente pelo gosto de trabalhar ao lado dela, enquanto profissional.

Também o fiz por satisfação pessoal.

Pela desforra.

Por vingança, vá.

Sempre achei que o que aquela gente merecia era ficar sem ninguém de um dia para o outro, esperando que quando se vissem sozinhos pudessem repensar as suas condutas.
Sempre achei que já que não queriam saber das pessoas para nada e, para eles, não éramos mais do que um peso na estrutura, um custo que era preciso eliminar, mas valia fazer-lhes logo o serviço e bater com a porta.

Sempre achei que o que eles mereciam mesmo era, vá, foderem-se à grande.

Pelo que ouço, está mesmo a acontecer, a foda é de facto grande.



Não serei directamente responsável por tal evento. Talvez indirectamente. Talvez, só.





Não conseguem ver, mas tenho um enorme ar de satisfação ao escrever estas últimas linhas.


Não presto.

Um Ano de Rebento

Isto tem andando tão mau que até deixei passar uma data importante.

Há coisa de um ano (e vinte e quatro dias), depois de uma saga com as 29 horas mais dolorosas da minha existência, nasceu um bebé, parecido com um torresmo, mas a coisa mais fofa da vida.

Desde esse dia até agora, tem governado a minha vida de um forma incrível. É um caminho um tanto sinuoso, mais para os pais do que para os filhos, com constantes dúvidas, angústias e medos, mas numa constante aprendizagem no que a procedimentos infantis diz respeito. Já não se imagina a vida sem aquela coisa ruiva a mexer em tudo e a correr atrás de nós para onde quem que vamos.

Deu-me uma riqueza interior enorme que nem sabia existir e tem-me ensinado muitas coisas, daquelas lamechas e melosas, que não vou descrever porque já estou quase em coma de açúcar.

Tem sido uma viagem impressionante.
Suspeito (e espero) que seja assim durante muitos, muitos anos.


Lá porque a Judicatura nos bate fortemente na cara que nos deixa incapacitados não quer significar que nos deixe mortos para o mundo.

Vamos lá acabar com esta letargia da porra!

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Isto é uma Vergonha!!!

Quase um mês sem pôr aqui os pés!
Mas que é isto??

Isto, meus filhos, é a judicatura a atingir em cheio nas trombas, com o seu punho de aço, o jurista incauto e francamente estúpido, que julgava que vir trabalhar para a metrópole era equivalente ao regabófe de trabalhar na província.

Ora toma lá, que é para abrir a pestana.

Enquanto isso, feliz dia das bruxas.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Então e as Autárquicas? - Longas Notas

A CDU perdeu a Câmara de Almada.
Depois de 41 anos à frente dos destinos da cidade, a CDU perdeu a Câmara.

Ninguém queria acreditar, ainda está difícil de crer, mas a verdade é que sucedeu. Foi renhido, vai ser uma governação igualmente renhida, mas aconteceu. O PC já não domina em Almada. 213 votos fizeram a diferença. As pessoas não quiseram mais ver o mesmo estilo de governação. Estavam fartas, saturadas, incomodadas e chegou a hora da mudança.

Mas não só.

O PC perdeu Almada porque, básica e essencialmente, esteve-se borrifando para as pessoas.
E esta é, tão só e tão simplesmente, a verdade.

O PC não quer, desde há uns anos a esta parte, saber dos munícipes para nada.
Para eles, são números, são votantes, são eleitores, são um meio para atingir o seu fim. Não lhes interessa se as pessoas estão bem, se as pessoas têm queixas, se as pessoas estão felizes. Interessa-lhes os números, os comícios, as festas, a cultura para dar e vender.

O PC não quis saber dos munícipes.
Não quis saber do munícipes quando aprovou aquele regulamento municipal de estacionamento vergonhoso, não quis saber quando criou a ECALMA que comete ilegalidades a eito com toda a gente a assobiar para o lado, não quis saber quando esta mesma empresa rouba os munícipes que nem sequer têm um lugar de estacionamento quando chegam a casa depois de um dia de trabalho.

O PC não quis saber se a ECALMA perturba ou não os seus munícipes porque esta fornece ao município uma receita astronómica com uma fonte inesgotável: o bolso do cidadão.
Quando, em debate, se chama a atenção para este facto e a resposta do Presidente em exercício é eu também sou multado, estamos perante um governo surdo e uma governação fraca e miudinha. Tanta coisa com o povo e os trabalhadores para quê?, os trabalhadores que estão fora 12 horas por dia porque estão, vá, a trabalhar, chegam a casa e metem os carros onde o sol não brilha sob pena de terem que pedir a insolvência por causa das multas que têm para pagar. O que é isto, senão uma valente borrifadela para o eleitor?!

Da mesma forma, não quis saber dos munícipes quando as calçadas estão todas esburacadas e ninguém as conserta. Tanta coisa com a protecção da terceira idade, mas todos os dias caem idosos na rua por causa dos buracos.
A mesma coisa com os buracos na estrada, as passadeiras mal assinaladas, os sinais de trânsito escondidos, os semáforos loucos o trânsito medonho dentro da cidade porque está toda a gente muito ocupada a levar os velhos a passear e a dar livros da escola primária aos putos (que agora são gratuitos para toda a gente, cortesia do Ministério da Educação).

O PC não quis saber dos munícipes quando a recolha do lixo não funciona e quando não há ecopontos senão a cada 5 km. Mas o importante é criar uma maratona qualquer que fecha as entradas e saídas da cidade durante um dia inteiro e depois cria, por sua vez, um trânsito acumulado de 6 horas para quem?, para quem vive em Almada, pois claro.

O PC não quis saber dos munícipes quando colocou pontos de recolha com sacos para dejectos dos animais a cada 10 km, para que as pessoas que têm animais os possam levar a passear e fazer o asseio dos bichos. Não, não senhor. O importante é gastar dinheiro a colar 15785 cartazes a anunciar os próximos dias de espectáculos que todos os dias passam por Almada, enquanto os munícipes passam por um mar de merda para atravessarem a estrada.

O PC não quis saber dos munícipes quando decidiu que era mais importante colocar postes com vasos de flores que gastam rios de água para serem regados do que rever a politica de iluminação ou ponderar construir mais um centro de saúde. E não me venham cá dizer que não há cabimento... Almada é um município com superavit, há dinheiro para tudo e mais um par de botas, mas só para aquilo que o PC entendia.

Há que dizer que a oferta cultural é francamente boa. Em Almada, ninguém se aborrece. Teatro, dança, festivais, música, concertos, you name it. Tudo isto a Câmara patrocinou, incluindo o Sol da Caparica. Tudo o que o povo quiser para entreter, o povo tem. Pão e circo, meus amigos, pão e circo.

Agora, acabou-se. O povo e os trabalhadores, como lhes chamam, estão fartos de gente que não quer saber deles.



Um última nota que, no meu humilde entendimento, só vem demonstrar, mais uma vez, que o PC vive na redoma da sua própria realidade e que segue em frente, sempre e sob qualquer circunstância, sem olhar às consequências, sem retirar uma lição, sem reter qualquer aprendizagem de tudo isto:

Camarada Jerónimo, que atitude feia nesse seu discurso da noite anterior... Um discurso ressabiado, invejoso, rancoroso e ligeiramente infantil.
Quem perdeu não foi o PC, foram as populações. Quando correr mal daqui a 4 anos, vão chamar o PC de volta para endireitarem as coisas. O PC saiu vitorioso, apesar de perder 10 câmaras.
O que é isto? É esta a vossa versão de perder com dignidade? Não sabem reconhecer os erros?

Mais: o senhor discursou por volta das 22h com estes dizeres poucos educados, mas ainda assim, enigmáticos dado que ainda não era conhecido o resultado da votação.
Mas o Camarada sabia.
Sabia o que se tinha passado em Almada. Sabia, porque esses recadinhos de amor eram dirigidos à população de Almada.
Sabia, mas não quis assumir, deixando isso para mais tarde, para os comunicados tardios. Não faltou a coragem para mandar a farpa, mas para dizer a toda a gente que tinham perdido o bastião da Margem Sul, já não se é tão corajoso. Uma pena, Camarada, uma pena. E digo isto com genuína lástima, que sou de esquerda e custa-me ver a esquerda a fazer figuras tristes.

O PC perdeu Almada porque não quis saber dos munícipes. Durante anos, fomos ignorados e maltratados.


Chega, agora, a hora da mudança. Espero que quem agora chega saiba honrar o voto de confiança e, sobretudo, honrar os munícipes.


Então e as Autárquicas? - Breves Notas

- Basílio Horta ganha maioria absoluta em Sintra (minha bela terra) depois de uma campanha nojenta levada a cabo pelo Dr. Marco Almeida que só soube fazer política pela maledicência e pela calúnia. Maneiras que enfiou a bandeirinha debaixo do braço e foi embora depois da derrota estrondosa, levando com ele todos os reaças que o acompanhavam. Chupem!!!

- Parece que o PSD levou uma senhora abada pelas trombas abaixo...

- Fernando Medina ganhou sem maioria, mas ninguém ficou lá muito ralado porque a noite foi de festa para o PS.

- A Cristas parecia que tinha ganho a Presidência da República.

 - Passos Coelho não sabia onde se enfiar.

- PS venceu em Almada depois de 41 anos de governação comunistas (esta merece um post autónomo, que seguirá dentro de momentos).

- Mesmo assim, ainda houve mais de 40% de abstenção, o que não deixa de ser um bocado vergonhoso.

- Foi, sobretudo, uma noite cómica, em especial para o PSD. (tomem!!!!!!!!)

27.09.14 (pelo atraso, me penitencio)


Há 3 anos comemos excelentemente, dançámos excelentemente, festejámos excelentemente.
Foi um dia memorável.
Como memoráveis têm sido os dias desde então.
Para comemorar, a little sushi no sítio do costume, que mudou de sítio (que ironia...) mas continua do melhor.
Tenho andado um bocado ocupada.
A judicatura atingiu-me com o seu punho de ferro em cheio nas trombas e todo o tempo que tenho é, ao contrário do que foi apanágio durante anos, exclusivamente para trabalhar.
Até tinha algumas coisas giras para partilhar, mas tudo a judicatura consome.

Foda-se mais a isto.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Eu e Ela Temos Uma Música; Quão Paneleiras Somos?




Digamos que isto vai merecer um post mais pormenorizado, mas para já é preciso salientar que há uma casa jurídica algures na Mitra Land que vai ficar mais pobre, mais vazia e mais sozinha com outro elemento a menos.

E, apraz dizê-lo com grande orgulho, sou responsável por isso.
Debrucemo-nos hoje sobre uma temática que parece ultrapassada: pedir cigarros a desconhecidos.

Parece que hoje em dia isso já não acontece, porque ninguém fala com ninguém na rua, anda tudo metido dentro do seu próprio casulo e não é dado a grande falas. Até porque é perigoso andar pela rua fora a falar com gente que não se conhece, lá nos ensinavam as nossas avós e mães.


Pois que é mentira.

Não que seja uma coisa que aconteça frequentemente, é verdade, mas ainda vai sucedendo. Pessoas que não se conhecem de lado algum vão ter umas com as outras em plena rua e descaradamente pedem cigarros.

Há, no entanto, que fazer a distinção entre o tipo de pessoas que o faz - e isto, atenção, sem qualquer desprimor ou discriminação.
Há os denominados mitras, drogados e sem-abrigo. E depois há as outras pessoas, as ditas normais.

Quanto às primeiras três categorias, uma pessoa dá cigarros, um ou mais, até era capaz de lhes dar o maço todo só para não correr o risco de levar uma chinada ou ver a carteira e o telemóvel serem confiscados.
E, diria eu, estas são as únicas categorias que têm direito a pedir cigarros a desconhecidos. Porque, coitados, tenham ou não posses para comprar cigarros, não sabem mais do que isto e não é possível ensinar-lhes mais porque isso levaria provavelmente uma vida inteira de reclusão a tentar recuperar o individuo para o integrar na sociedade.


Agora, os outros, tenham paciência, mas vão bardamerda. Os cigarros custam dinheiro - bom dinheiro, a bem da verdade, são para consumo próprio e querem-se intransmissíveis. Não são para dar a pessoas que não se conhecem e apenas porque não lhes apetece gastar dinheiro. A lata e o descaramento que não são precisos para se ir pedir uma porra que custa um dinheirão a pessoas que não se conhece de lado nenhum... E só o fazem porque sabem que o primeiro instinto de uma pessoa civilizada é dizer que sim, a bem da educação. Portanto, são pedinchões e oportunistas.

Cabrões.
Vão-se matar.


segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Um pequeno recado à campanha do CDS e da sua candidata à presidência da Câmara Municipal de Lisboa: ainda bem que têm noção dos problemas da cidade. É muito positivo tendo em conta o objectivo final e o cargo para o qual se concorre. 
De facto, o trânsito intenso é um problema gigante desta cidade e, ainda para mais, sem fim à vista, pois que a cidade, apesar de de dimensão razoável, torna-se pequena face ao número de animais que nela circulam todos os dias e que entopem todas as vias possíveis e imaginárias.

Portanto, acho muito bem que chamem a atenção para o facto de termos uma selva em vez de tráfego e acho muito bem que ganhem pontos junto dos vossos eleitores com este tipo de iniciativas.

Mas também acho que só mesmo os vossos eleitores é que estão para vos aturar.


Porque fazerem parar o trânsito com uma mini-manifestação/campanha eleitoral contra o trânsito parado, desculpem lá, mas é só estúpido e raia a falta de chá. Resolvem o problema como exactamente, se o estão a alimentar?!



Apetece-me Grandemente Ser Porca #62

A cara do moço que, esta manhã e no meio de uma rua cheia de gente, me estendia um panfleto da candidatura do CDS à Câmara Municipal de Lisboa quando lhe disse não, nem pensar foi absolutamente impagável.

Talvez tenha sido um bocado bruta, pronto.
Mas achei que era melhor e mais sincero do que aceitar o papel e depois andar dois passos, amarrotá-lo e fazer com ele tiro ao alvo aos pombos, que isso também não se faz.

Foi assim, e mai' nada.

Coisas Que Vejo Por Aí #45

Estou francamente desiludida.
Costumava depositar a minha inteira confiança nestes pincéis da Real Techniques.

Até agora, que me deixaram com uma amostra parecida com um passevite em dias de TPM, com uma cratera aberta no meio como se fosse uma entrada directa para o inferno.

Tenho montes deles e, até agora, nunca me tinham deixado ficar mal. Sempre achei que a relação qualidade-preço era fantástica e que faziam excelentemente o trabalho que lhes competia.
Até agora.

Comprei este pincel há relativamente pouco tempo e vou ter de o deitar fora porque já não se aproveita nada.
Nada.
Mas é que mesmo nada.
Esperava isto de um pincel pobretanas ou de marca duvidosa (agora que penso nisso, tenho há anos uns pincéis que comprei na H&M que estão para as curvas...), mas não de um Real Techniques.

É um dia muito triste.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Nada a Fazer XXIV

Toda a gente tem um guilty pleasure que tem algum prurido em confessar.

Isso é facto assente.

Qualquer coisa que gostem de fazer mas que parece parvo ou estúpido ou foleiro e por isso faz-se na mesma, mas às escondidas de toda a gente para que ninguém fique a saber quão parvo, foleiro ou estúpido se é.


Um bom exemplo de guilty pleasure é a Taylor Swift.
Há uma idade até à qual não faz mal ouvir Taylor Swift, é clean, é levezinho, não exige muito do cérebro. Isto até uma certa idade; pessoa alguma com mais de 17 anos gosta de admitir que ouve Taylor Swift, que é mega-fã e que compra todos os álbuns e que certamente iria ao concerto, se a moça passasse por cá. Não sucede. Porque Taylor Swift tem um público alvo (pitas, obviamente) e as músicas reflectem os dramas da idade da parvoíce melhor que ninguém. Mas a partir de uma certa idade já há algum pejo em dizer que se ouve uma senhora que só sabe escrever sobre gajos que são uns ursos sem moral nem coração e que a deixam para ir espalhar o seu charme para outras paragens sem deixarem número de contacto.

Outro bom exemplo são os danoninhos; ah e tal são para os putos, mas vejo muita velha a levar os danoninhos para casa escondidos nos sacos das verduras, que o colesterol e os diabetes enganam-se melhor se forem introduzidos alimentos verdes na dieta juntamente com iogurtes cheios de gordura.


Toda a gente tem guilty pleasures. Uns mais embaraçosos que outros, uns mais parvos que outros. Não significa que moldem a personalidade da pessoa, mas também não diz propriamente bem dela.



O meu guilty pleasure é o Dwayne Johnson.


Pode parecer uma coisa simples, mas demorei muito tempo - anos - até conseguir dizer isto sem ter vontade de me atirar de uma ponte, tamanho o embaraço.
Sempre será melhor que roubar, prostitui-me ou andar por aí a apanhar beatas do chão para as fumar, claro. E sempre será melhor que ouvir missa, comprar um aileron para o carro ou fazer uma tatuagem no fundo das costas, obviamente. E isto com todo o respeito (a bem da verdade, sem respeito nenhum, mas não se podem ferir susceptibilidades gratuitamente) por quem faz estas coisas todas.

Mas eu sou uma pessoa que tem a mania que tem critérios elevadíssimos, com a mania que tem ideias elevadíssimas e esta coisa de gostar do mesmo que a ralé faz cair os parentes  na lama, como diz a minha ilustre mãe.

Durante anos, achei um piadão descomunal ao homem, mas fui sempre negando até à exaustão. Vi sempre pelo rabo dum olho todos os filmes que passam na televisão em que entra o moço, exceptuando os velocidades furiosas desta vida que isso não consigo, peço desculpa. Volta não volta, até dava um saltinho pelas redes sociais do gajo, só para ver o que se passava por ali. Mas nunca admitia isto em voz alta, sob pena de parecer filha da freguesia de onde sou natural e isso, mais uma vez, faria cair a minha dignidade numa imunda pocilça.

E é preciso explicar que nem eu própria sei de onde vem este fascínio...

Odeio carecas (tema excelente para outro post), não sou grande apreciadora da beleza africana, detesto gente com mais músculo nos braços que a largura da minha cintura. No entanto, todos estes factores em Mr. Johnson culminam numa mistura estranha e, porém, agradável à minha vista. Não percebo, a sério que não me percebo a mim própria. E, tendo em conta os espécimes aos quais habitualmente acho piada, é deveras estranho. Não há cá guedelhas porcas, nem barbas de 15 anos, nem falta de banho. Não há dentes tortos nem pronúncias britânicas deliciosas, não há nada disso.
E no entanto entortam-se-me os olhos de cada vez que olho para o gajo.

Coisa mais estranha.
E ligeiramente embaraçosa.

Lá está, guilty pleasure...

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Leituras ... Qualquer Coisa Serve


Este foi particularmente penoso de acabar.
Não só porque entretanto chegaram as férias e, contrariamente ao que me é costume, não li uma única linha que não fosse dos rótulos das garrafas de cerveja ou os avisos tenebrosos nos maços de cigarros, mas também porque a própria obra não é, nem de perto nem de longe, das mais chamativas que alguma vez li.

A temática é muito interessante e está cheio de pormenores ricos, acontecimentos reais e é salpicado por laivos de comicidade geniais.
No entanto, a personagem principal é amiúde aborrecida, demasiado cheia de si e dono de uma arrogância que chega para o leitor desejar que fosse atropelado por uma manada de gnus.

O facto de o autor usar linguagem rebuscada e muitas vezes fora do contexto e da época relatada, juntamente com a tendência de usar 7 ou 8 parágrafos para descrever por outras palavras o que já escreveu logo na primeira linha é desesperante e dá vontade de atirar com o livro pela janela até ir parar ao Nilo.

Podia ser melhor, vá.

Coisas Que Vejo por Aí # 44

Hoje, ia a minha pessoa descansadinha a andar pela rua, em direcção ao Ergástulo, quando se me salta ao caminho um senhor com cara de totó, muito contente, cheio de alegria e vitalidade e me oferece um Bollycao de caramelo que, parece, é a última invenção dos senhores que fazem Bollycaos.

Aceitei, claro, contrariamente a todos os ensinamentos da minha Avó e da minha Mãe, que estavam sempre a ter a certeza que eu não aceitava nada de ninguém, basicamente porque sou pobre e gosto de borla mas, e principalmente, porque tenho alma (e corpo) de gorda e tudo o que vier parar ao pé de mim, morre por deglutição.

Porém, que nem tudo são rosas, e se fosse não haveria post, o raio do Bollycao não tinha cromo.
Como assim, não tinha cromo?

Não tinha cromo, estou a dizer!

Há quanto tempo é que não há cromos no Bollycao? Desde quando se instalou este flagelo? Como ousam estragar as ilusões de infância de uma pessoa que passou muitas horas da sua vida a coleccionar cromos do Bollycao?

Estive quase para voltar para trás e pedir um com cromo, mas já estava uma grande fila de gente a pedir bolos ao homem como se não comessem desde a última Páscoa, maneiras que vim embora verdadeiramente desiludida, ainda a pensar se devia mandar com o Bollycao à cabeça do homem ou comê-lo de uma assentada.

Ganhou a segunda hipótese.

Não sei como vou conseguir aguentar mais de um ano até à próxima e última temporada...

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Coisas que Vejo por Aí #43

Desde que houve uma alma caridosa e ligeiramente alentejana que me deu a dica, tenho andado a rondar a Primark como uma louca (mais do que habitual, leia-se) à espera de ver a famigerada colecção das mais variadas coisas subordinadas à temática Harry Potter.

A bem da verdade, não me interessava metade da cangalhada apresentada, apesar de reconhecer que se tratam de coisas giras; o que me interessava eram essencialmente as canecas que pudessem existir na colecção.
Mais especificamente uma com três pezinhos minúsculos, uma bordinha de caldeirão, toda preta.

Assim que bati os olhos nela, quis logo tê-la, mais que não fosse porque era amorosa.


Maneiras que andei, e andei e tornei a andar às voltas por aquele armazém enorme à procura da dita caneca, que não estava em lado nenhum. Já estava quase a desistir quando a vi, escondida no meio de uns pijamas foleiros. Obviamente que a trouxe, lavada em lágrimas e extremamente emocionada com o achado.

Também não será tanto assim. Mas gostei imenso dela e conto, a breve trecho, ir buscar mais uma ou duas para poder ter uma chávena paneleira no escritório.

Não é tão linda??


segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Meanwhile in Ergástulo - Parte Sexta

Nesta casa, ninguém vê nada, ninguém quer saber de nada, ninguém está preocupado com coisa nenhuma, nem sem os trabalhadores têm todas as condições que necessitam para trabalhar.
Mas durante o fim-de-semana põem-lhes teclados novos nos computadores, já que os velhos têm teclas que não funcionam e outras com vida própria. E isto sem receberem nenhuma dica nem queixinhas nem nada do género.

O que quer dizer que vieram para aqui espiolhar e acharam que não o poderiam fazer convenientemente com um teclado que não funciona.


De outra forma, como poderiam eles bisbilhotar as minha merdas e perceber que não ando a traficar informações nem clientes às escondidas?

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Lenine

Há um ano atrás fiquei sem o amigo mais querido que alguma vez tive.

Passado um ano, estou igualmente vazia, igualmente triste, igualmente sentida.
Continuo sem perceber o que se passou; num momento, estava tudo bem. No seguinte, estava a despedir-me dele.

Resta-me o conforto das memórias, esperando que tenha sido boa o suficiente para lhe ter proporcionado uma vida confortável e feliz.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

I'm Done

Ser pobre também é viver no espírito miúdinho e hipócrita de não poder ir mais além porque sabemos que, no fundo, não merecemos.

Aquela aura de coitadinhez medrosa que é intrínseca a quem não conhece mais do que a vidinha honrada pega-se às nossas peles e entranham-se nas nossas mentes de forma a que não consigamos viver as nossas vidas sem que haja uma nuvem invisível permanentemente sobre as nossas cabeças, que nos obriga a mantê-las bem baixinhas para não haver estragos nem aventuras.

E isto é-nos incutido desde pequenos. Não faças isso que é perigoso, não faças planos porque não sabes se é certo, não te rias de manhã que à noite estás a chorar, muito riso pouco siso, não se ri muito que é sinal de ventania, não dês um passo maior que a perna, isso não é para ti, sonhas muito alto, quando maior é a subida maior é a queda.
Podia continuar aqui o dia todo com aquelas frases lapidares das mães e das avós que, educadas assim, não conhecem outra realidade e insistem em transmitir estes valores judaico-cristãos aos filhos e netos, não sabendo que os estão a condenar a uma vida de infortúnio porque, no fim de tudo, no fim do dia, ou é pecado porque ofende a modéstia que um qualquer deus quer para nós ou não merecemos porque é bom demais e as coisas boas nunca acontecem a mais ninguém a não ser aos outros.

A filosofia da nova era encontrou formas de contornar esta realidade e faz proliferar outros chavões igualmente bacocos como não, não, o sonho é que é, quem sonha sempre alcança, quem luta sempre consegue, luta, batalha e conseguirás, não desistir, não deitar a toalha ao chão, procurar alternativas, lutar e persistir, insistir e todo um chorrilho de vazio contente e que vende milhares de livros de auto-ajuda para quem só está bem a olhar para o que não existe.

No entanto, a educação que nos foi dada é a base de tudo o que acabamos por ser.

Por isso, por mais frases feitas que se leiam e postem nas redes sociais, acabamos por nos conformar com o que de mau nos sucede e aceitamos, de cabeça baixa, porque somos pobres, principal e essencialmente de espírito, mas somos muito honradinhos, lavadinhos e humildes, e isso é que conta.

terça-feira, 29 de agosto de 2017

I'm Fine


Outra Vez Isto




 Não está mal, não está mal...

About Last Night


Acalmai as vossas passarinhas exaltadas.

Não haveis lido Os Maias?
Não haveis lido Tieta do Agreste? (este sim, o romance entre tia e sobrinho)

Não sabeis que nem sempre os laços de sangue são impeditivo de umas boas e grandes cambalhotas?

Quer dizer, tudo contentinho e mais não-sei-quê por causa do Jon & Daenarys durante sete temporadas e agora é só mostrar nojinho?

Tende paciência!


segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Maneiras que uma pessoa volta e está ligeiramente frio, ligeiramente enublado, ligeiramente cheio de gente por todo o lado que tudo o que é cabrão já voltou de férias e anda na rua a encher tudo e a atropelar toda a gente e dá com o escritório mais vazio que aqui o pessoal aproveitou as férias para dar o grito do Ipiranga e nunca mais cá pôr os pés.

E é isto, basicamente.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Como nem tudo no Égastulo é mau, lá me deram uns dias para descansar.

Maneiras que vou levar o queixume para outros sítios e, daqui a nada, já estarei de volta, que o tempo bom nunca dura porra nenhuma.
 


 Nem vou tecer comentários acerca do aspecto e da indumentária dos músicos, que as imagens falam por si.

Cá está, no entanto, um cover bastante decente.


Isto é aquilo que costumo apelidar de música betinha, mas não deixa de ser um cover interessante.
O terror não tem fim. 

E, desta vez, é mesmo aqui ao lado.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Meanwhile in Érgastulo - Parte Quinta

 - Ora, ela diz que se chama Cátia, mas toda a gente sabe que o verdadeiro nome dela é Cátilene. - diz ele com um ar de desprezo e nojo pelos pobres que têm que inventar um nome que não têm para parecerem mais interessantes.

Nada a ver com ele, cruzes credo!, que não usa um apelido a fingir que é o seu nome próprio e não esconde de toda a gente que na verdade se chama Zé Manel.







Foi aqui que vim parar.
Parece que houve um mini-terramoto hoje, às 7h44 da matina, que se sentiu em Lisboa e arredores.

A minha pessoa não sentiu absolutamente nada. Se calhar até senti, mas tomei o tremor por um dos peidos do meu herdeiro e não pensei mais na coisa.

Talvez a Margem Sul não conte como arredores de Lisboa.
É, Loures é que é...
Blue Monday sempre exerceu sobre mim um fascínio descomunal. Foi a melhor invenção dos New Order e não me canso nunca desta melodia.

Há uns valentes anos, quando saiu o cover dos Orgy, lembro-me de ficar agarrada ao rádio, à espera que dissessem o nome da banda depois da música passar.
Sou capaz de passar um dia inteiro - como aliás jhá aconteceu - a ouvir a música em repeat. Não sei explicar o que é que a música tem, sei que se me entranha pelo ouvido até ao fundo do cérebro, fazer-se o quê...

Por isso, é com grande alegria que constato que por essa web fora proliferam covers, de todos os estilos possíveis, desta música maravilhosa.

Creio que vou pespegar aqui, futuramente, o melhor que o Youtube tem para oferecer.

Comecemos por esta, que é uma lufada de ar fresco:


segunda-feira, 14 de agosto de 2017



Em dias de profundo tédio e monótono aborrecimento, dou por mim a ver estes 50 segundos maravilhosos e o dia fica logo outro.

Somehow, I Knew It...

Spoiler Alert! (clicar para ver com mais propriedade esta pérola do episódio de hoje)

90% é um exagero descomunal, mas não deixa de ter um fundo de verdade, sim.

Ele Há Coisas...

... que não percebo. Nem quero perceber, a bem da verdade.


Qual é a necessidade das pessoas atenderem o telefone com a boca cheia?
Ou estarem a falar enquanto comem?
Acharão sexy o barulho da mastigação?
Creem decente que se fale e nada se perceba?

Cada vez que me deparo com um fenómeno destes lembro-me sempre daquela andorinha que fazia parte do meu patronato anterior, que adorava vir para o pé dos outros enquanto comia fruta.

Nada a dizer, fosse ela uma pessoa normal e com normas de socialização e educação interiorizadas. Mas não era.
Aquela mulher só sabia comer fruta a chupar a dita e a fazer um cagaçal de meia noite, sugando muito bem sugadinho qualquer pontinha de humidade que pudesse haver naquele pedaço de natureza. Lembro-me particularmente das pêras, que gostava delas madurinhas e cheias de sumo, para depois parecer um aspirador avariado a tentar puxar para o saco um quilo de pedras. Não raras vezes a apanhei nestes preparos a falar com clientes, não só pelo telefone, mas frente a frente, a mostrar a toda a gente como se comia no Paleolítico.


Pensava eu, na minha inocência, que era só ela que não tinha maneiras, que era bruta e provinciana e que só fazia aquilo porque, coitada, apesar do imenso mar de dinheiro que possuía, era bruta como as casas e, no fundo, uma matarruana de meter dó.

Pois que parece que não.
Afinal, em todo o lado há pessoínhas destas, porcas até à 15ª geração, que não sabem comer e gostam de vir ensebar o ar que os outros respiram com nódoas de pêssego e migalhas de pão.

Foda-se, que é demais...
Não é raro em vésperas de feriados, ainda para mais nos feriados que convidam a pontes, as cidades estarem desertas.
Hoje saí de casa e não vi uma única pessoa até chegar à estação.
O comboio ia tão vazio que até pude ocupar o lugar do lado com os meus pertences.
Isto não é, como disse, raro acontecer, principalmente nas cidades e terrinhas mais pequenas.

Mas isto também acontece em Lisboa, fenómeno para o qual não estava preparada. Lisboa deserta parece um cenário de catástrofe nuclear. Mesmo nos dias anteriores, Agosto no seu melhor, está muito menos gente, mas ainda assim, há movimento.

Hoje não.

Hoje não se ouvem carros, não se ouve buzinar nem se ouvem taxistas muito afoitos a chamar nomes aos transeuntes que gostam de passar para o outro lado da estrada à maluca. Não se ouve ninguém.
Neste edifício, tão cheio de vida, não se encontra vivalma.

Vim, pois, trabalhar para uma terra de zombies, o que me leva a maldizer a minha sorte por ser a única ursa que tem e vir trabalhar.


quinta-feira, 10 de agosto de 2017



Nem sei porque fui eu lembrar-me de semelhante melodia.
Não faz muito o meu estilo (a bem da verdade, não faz nada o meu estilo) mas não soa mal.
Mesmo nada mal.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Coisas Que Vejo Por Aí # 42


Este amigo esteve comigo anos a fio, não sei bem quantos, mas se tivesse de apostar, diria mais de 5.

Tive muita pena de o acabar porque era um produto maravilhoso. Leve, brilhante q.b. e versátil, porque tendo pouca pigmentação permitia a sua aplicação como sombra, o que era deveras porreiro em dias de pressa.

Não sendo nada caro, torna-se uma verdadeira pechincha pelo tempo que durou.




Muito, muito bom.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Mantra

Não-usar-vestidinhos-vaporosos-em-dias-de-ventania.

Não-usar-vestidinhos-vaporosos-em-dias-de-ventania.

Não-usar-vestidinhos-vaporosos-em-dias-de-ventania.

Não-usar-vestidinhos-vaporosos-em-dias-de-ventania.

Não-usar-vestidinhos-vaporosos-em-dias-de-ventania.

Não-usar-vestidinhos-vaporosos-em-dias-de-ventania.

Não-usar-vestidinhos-vaporosos-em-dias-de-ventania.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Meanwhile in Ergástulo - Parte Quarta

Faz-me muita confusão que as andorinhas desta casa jurídica andem constantemente de semi-férias.

E o que é isto de semi-férias?
Nada mais simples do que ir de férias semana sim, semana não.


Juro que não percebo, a sério que não.
Qual é o gozo de passar dois meses em que não se descansa convenientemente e também não se trabalha por aí além?
Dizem que assim parece que as férias são maiores. Não percebo como. Cada vez que se vai de férias tem-se logo a sentença marcada de trabalho para a semana seguinte. Quem é que consegue desligar do stress neste esquema?

Qualquer dia também estarei inserida neste fim-de-mundo-em-cuecas mas até lá, passa-me completamente ao lado.

Na Senda da Senda

Quando leio ou escrevo a expressão "na senda de", lembro-me sempre da minha ilustríssima anterior entidade patronal, que odiava que escrevesse nas peças esta locução.

Dizia sempre onde é que você viu que isto se escreve ou quem é lhe disse que isto se usa ou, ainda, porque é que está a usar esta linguagem de polícia, achando que me ofendia profundamente ao comparar-me a um agente da autoridade. Mal sabendo, claro, que a polícia não usa esta expressão (para esses funciona o nomeadamente e o efectivamente, o derivado de e o das mesmas, expressões que ele próprio se fartava de usar) e que na senda de até se pode ler amiúde na jurisprudência e noutras literaturas jurídicas.

E isto vindo de uma pessoa que, a escrever peças processuais, dava erros gramaticais de meia noite e que se achava, simultaneamente, um poço da eloquência escrita e falada. Ainda tenho guardadas algumas pérolas dessa sabedoria ancestral e, qualquer dia, não tendo o que fazer, pespego com elas aqui.

Portanto, na senda do post anterior, que é, ele próprio, na senda de um outro post mais antigo, lembro-me disto e arrependo-me de todas as oportunidades que tive para o mandar abertamente para o caralho e não aproveitei.

#souestúpidaegosto

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Ainda na Senda do Post Anterior


Imagino sempre esta gente d'A Guerra dos Tronos a ir ao registo fazer o cartão de cidadão e a ficar meio ano a dizer o próprio nome.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

As Ideias que Surgem quando se toma Banho



Jon Snow não é filho de Ned Stark.
Agora já é oficial para quem vê a série.
Para quem também leu os livros, apesar de não ser explícito, nem se falar nunca abertamente do assunto, pormenores davam a entender essa realidade. Mais que não seja porque Ned Stark era um homem seríssimo, que nunca esconderia da sua amada mulher o nome da mãe do filho, caso fosse efectivamente ele o pai. Não revelando o seu nome, dava a entender que guardava um segredo que não era seu.


Jon Snow é filho de Lyanna Stark, irmã de Ned Stark, e Rhaegar Targaryen, um dos filhos do Rei Louco, e irmão de Daenerys Targeryen.
Ned Stark perfilhou Jon Snow em promessa que fez à sua irmã, no leito de morte desta, para proteger o miúdo de Robert Baratheon que andava a matar a eito tudo o que era Targaryen.

Tendo isto como assente, agora que já é oficial e já se pode dizer, Jon Snow tem uma pretensão ao trono acima de Daenerys: é filho de Rhaegar, que era o filho mais velho do Rei Louco, enquanto que Daenerys é a filha mais nova deste e, portanto, tia do Snow. Reparem como isto, de repente, parece a descrição de um romance da Casa dos Segredos...

Adiante.



Daenerys não só não é a última dos Targaryen como a sua 'linhagem', por assim dizer, pretere à do sobrinho.

Jon Snow é, portanto, um Targaryen, tal como é um Stark (e não um bastardo), e o verdadeiro herdeiro do Trono de Ferro.

Jon Snow é Rei. Muito mais que ser o Rei no Norte, é Rei de Westeros.



Ora, havia uma senhora, habitualmente vestida de vermelho, que há umas temporadas atrás adorava um belo churrasco de monarquia, de seu nome Melisandre.
Estava plenamente convicta que queimar na fogueira gente com sangue real , ou retirar-lhes o sangue à bruta ou qualquer outra coisa que significasse aleijar um bocado, dava-lhe o poder para ver e saber coisas do futuro, uma cortesia do seu Deus do Fogo. Também tinha a mania que era sapientíssima e que guardava conhecimentos que os meros mortais não alcançavam.


Já que era tão iluminada, agora foi-se um bocado abaixo, coitada, tinha a obrigação de saber a verdadeira origem de Jon Snow.
Não é segredo para ninguém que ela gostava muito dele e, se pudesse, tinha tirado umas casquinhas ao nortenho, mas nunca mais do que isso. A bem da verdade, ele também nunca lhe deu confiança, provavelmente pressentindo o perigo que emanava daquela mulher.

Não obstante, ela, como feiticeira e clarividente, teria a obrigação de saber que aquele não era um reles bastardo, não era apenas o Comandante da Patrulha da Noite, não era apenas mais um membro dos guardiões da Muralha.

Teria obrigação de saber que aquele era o herdeiro legitimo do Trono de Ferro. E, na posse dessa informação, teria tentado deitá-lo numa chapa e fazer dele um churrasquinho à moda do norte para conseguir ver o futuro, poder que o seu Deus lhe conferiu.

E esta senhora, que me recorde, nem nos livros nem na série, tentou fazer tal coisa. Mais, nunca deu a entender que sabia mais acerca de Jon Snow do que as aparências mostravam.

O que me leva a concluir que era não é assim tão feiticeira quanto isso e andou a embarretar toda a gente. Sim, é verdade que ela via potencial em Jon Snow mas nunca mais do que isso. Nunca demonstrou saber mais sobre a família do rapaz do que os restantes.

E, como na Guerra dos Tronos, nunca nada é linear, passou-me pela cabeça que isto pudesse ser relevante. Só não sei concretizar exactamente em quê.


E era só isto.

Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve


Não está mal, não é maçador, não leva ninguém ao engano. Mas gostei mais do primeiro.
Não obstante, estou em estado de ansiedade para ler o próximo.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Aniversário


Parecendo que não já lá vão 10 anos desde que esta espelunca abriu portas.

10 anos.10 ANOS, CARAÇAS!!!

Onde se meteu o tempo?!

Olhando para os textos de então, concluo duas coisas: tinha a mania de escrever em código, mas código insusceptível de ser decifrado, tanto ou tão pouco que agora, mesmo que faça um esforço, não faço a mais pálida ideia a que raio me estava a referir e tinha claramente muito tempo em mãos para gastar a escrever parvoíces.

Continuo a gastar tempo a escrever essas parvoíces, é certo.
Mas tornei-me mais descarada ao longo do tempo.

Tempos houve em que passava a vida a escrever aqui parvoíces, dias os houve em que escrevi mais que dez posts seguidos. Noutros dias, como nos últimos tempos, meses se passaram que só viram publicados um ou dois posts. Associo esses tempos de parca produção literária, se é que se pode chamar literatura ao lixo que aqui deposito, aos tempos mais felizes da minha existência: quanto mais feliz, menos tenho que me queixar, ergo, menos idiotices para escrever.

No entanto, o Bona Mater Familias nunca foi apenas um depósito de queixumes, foi também uma espécie de diário, uma catarse, um escape aos problemas e uma forma de desabafo constante, que me ajudou, de alguma forma, a solucionar muitos problemas e inquietações. Pensar nunca fez mal a ninguém, e por pensar nas coisas, nasceram textos que, por sua vez, foram a própria análise dos problemas que lhe eram subjacentes.

Começou a quatro mãos, ficou reduzido a duas. Os tempos da colaboração já lá vão, mas os textos que não meus ficam para sempre nos anais da internet, a recordar ao autor momentos de maior ou menor inspiração. E essas recordações são muito boas.

Em dez anos, muita coisa aconteceu. Assim, no repente que foram estes dez anos, acabei o curso,  comecei o estágio, juntei trapinhos, agreguei-me à Ordem, casei e tive um rebento. Claro que quem está desprevenido pensa que só me acontecem tragédias, tamanha a tendência para o queixume, mas não foi sempre assim. Também sofri perdas, grandes e dolorosas. Principalmente nessas ocasiões, este espaço foi um alívio e um autêntico ombro amigo. Mais um gigantesco lenço de assoar, a bem da verdade. Mas gosto, pelo menos, de pensar que, simultaneamente com as memórias que me acompanham, esses textos deixam um bocadinho dessas pessoas no mundo.

10 anos.
Um década.
Olhando para trás, parecem-me dez dias.


Não obstante escrever essencialmente para mim, sei que há desse lado, vá, seis pessoas que de vezem quando ainda deitam os olhos às palhaçadas que escrevo, e isso, tendo em conta a falta de interesse destes conteúdos, só pode ser motivo de grande e profundo agradecimento.

Na esperança de que esta autêntica palhaçada se prolongue, pelo menos, por mais dez anos, resta olhar para a frente, sempre a pensar em mais queixumes para escrever, não esquecendo o passado, com tantas coisas boas e tão grandiosas queixinhas.

E contra isto, as habituais batatas.



segunda-feira, 31 de julho de 2017

Facebook Chalenge

Nada a Fazer XXIII



Para além da mestria e da perfeição do filme, ainda há o casting extremamente bem conseguido, especialmente no que aos Toms Hardys desta vida diz respeito.

Cinema Nº ... Coiso


Este é dos melhores filmes que já vi.
Tudo é novo, diferente, original. A sonoridade, a fotografia, a cor, a visão, o tempo.
Soberbo.
Nolan superou-se. Em tudo.
Spielberg já tem um sucessor para filmes de guerra.


Vou Morrer Sozinha e sem Amigos

Tenho dois amigos que muito prezo lá para os lados de Évora.

Acompanho-os desde os tempos de faculdade, assisti a casamento, nascimento de rebento, baptizado de rebento, ajuntamentos amiúde. Óptimas pessoas, gente afável e simpática ate à 15ª geração.

E, dado que não sou pessoa de arranjar muitos amigos, aborrecem-me as pessoas, fazer o quê?, convém preservar os que tenho e cuidar deles porque certamente não arranjarei mais amigos.


O único problema daquela gente sou eu.
Porque me têm como amiga e dos aniversários daqueles desgraçados nunca me lembro.
Nunca.
Nunca.
Not even once.

Por exemplo, assim que comprei a agenda jurídica fui logo lá escrever as datas, até alarmes no telemóvel pus. Tudo na vã tentativa de parecer menos ursa e lembrar-me efectivamente do aniversário das pessoas que me dizem alguma coisa. Do aniversário dele, ainda fui a tempo. Dela, que foi naquele dia fatídico em que passei um dia inteiro no spa da Conservatória, arranjar sarna para me coçar e a ver as pessoas a andarem à bulha, o tempo que passei a olhar para o telemóvel podia perfeitamente ter ido à agenda ver que dia era.
Estúpida, não fui. E agora faço figura de otária perante quem nunca se esquece do meu aniversário.

Passo aqui a vida a queixar-me da vida e daquilo que os outros me fazem, quando afinal mais vali queixar-me do quão estúpida sou.







Posto isto, E., desculpa.
Feliz aniversário.
Passei 6 horas da minha vida na Conservatória dos Registos Centrais. E tinha senha prioritária. Aliás, a maior parte das pessoas com senhas normais despacharam-se mais rapidamente que eu. Isto porque só havia um único funcionário a atender todos os profissionais forenses, cada um deles a demorar cerca de uma hora a resolver os seus assuntos. Isto, obviamente, não se admite e espero que, das duas, uma: ou resolvem isto rapidamente ou pode ser que rebente lá uma porra de uma bomba cheia de merda dentro.

Maneiras que passei muito tempo à espera, a ler, a fumar, ao telemóvel, a suspirar alto, a dar pontapés na cadeira da frente, a resmungar, a dizer palavrões e a observar as pessoas. Até assisti a uma discussão entre vários utentes e o segurança e depois entre os vários utentes e a chefe de serviço daquela espelunca.

Foi deveras divertido.
Dei por mim a desejar que andassem todos ao estalo só para a minha espera se tornar mais interessante. Agora que penso nisso, acho que desde os tempos de escola que não vejo ninguém a andar à porrada e sendo o ser humano de merda que sou, desejo muitas vezes que as altercações de chacha que todos os dias vejo por aí descambem rapidamente em cenas de pancadaria, só para me poder rir.



Não presto.

A Caroucha que em mim Habita

Estou afónica.
Estado geral da garganta que não significa outra coisa que não seja tenho a voz agarrada ao cu. Coisa que, de há uns anos para cá, me tem acontecido diversas vezes e não sei muito bem porquê.

Portanto, falar comigo transformou-se numa actividade deveras lúdica, para quem me ouve, é certo, porque pareço uma gaja do bairro a mandar vir com a polícia que lhe levou o marido preso.

Vou, pois, continuar a usar o mantra anterior, acrescentando-lhe um "#", que é para ficar à moda:

#merdaparamim

Queixume Pós Gestacional # 16

Há, pelo menos, 9 meses que não ia ao cinema.
9 meses.
9 MESES.
Pelo menos.

Ora isto é, de facto, um fenómeno no qual é preciso atentar. E o fenómeno não será outro senão o do fim da boa vida dos paizinhos quando chegam os rebentos.

Merda para mim, portanto.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Meanwhile in Egástulo - Parte Terceira

Continuo sem perceber o que é que aquele gajo passa os dias a fazer...

#NãoSejasInácio

Na Conservatória do Registo Civil, diz uma avestruz para a outra, claramente referendo-se à minha pessoa:

 - Aquela senhora chegou depois e já foi atendida. Tem senha prioritária? Mas porquê? Não lhe estou a ver nenhuma deficiência...

Resposta dada: suspirar alto, dizer ai, ai..., revirar os olhos, maldizer a sorte e a falta de conhecimento das alminhas que por este mundo caminham.

Resposta que deveria ter sido dada:

 - Pois é, escanchada do caralho, passei à frente mas não foi por ser coxa, passei à frente porque estou a trabalhar, não estou de férias, como é claramente o seu caso, nem venho acompanhar o maridinho jeitoso, 20 anos mais novo, na recolha de documentos para processo de nacionalidade, como é também, notoriamente, o seu caso. Aliás, acho que a senhora vai, em breve, precisar de um advogado... Pegue lá o meu cartão.


Estava mesmo a abrir a boca para dizer tudo isto a grande velocidade, mas depois ocorreu-me uma série de razões para não o fazer: era má educação, vou ali muitas vezes, as pessoas já me vão conhecendo, parecia mal, não sou nenhuma peixeira, já tenho idade para ter juízo.

Mas a principal razão foi ter-me lembrado de uma pessoa da minha rede de conhecimentos que tem a mania de dizer estas coisas, qual virgem ofendida enfiada num poço de virtudes, e da qual toda a gente começa lentamente a fugir por causa de episódios destes.

Noutras palavras, nunca a frase promovida pela BTV até à exaustão fez tanto sentido...

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Do Estado de Estarrecimento

Apercebi-me mesmo agora que tenho andado a chamar Camelo a um funcionário de Agente de Execução que, afinal, se chama Camilo.

Já percebo o constante mau humor do homem comigo.






Foda-se...

terça-feira, 25 de julho de 2017



E já que se anda numa onda de Linkin Park, esta é a minha preferida.

Queixume Pós Gestacional #15

Estou plenamente convicta que as crianças já deviam nascer com dentes.

Claro que isso implicaria que, ainda na barriga das mães, as mordessem como se não houvesse amanhã.
E claro que isso implicaria também que a amamentação se tornasse impossível: estão a ver uma coisinha de não sei quantos quilos, que não sabe a força que tem, a dar dentadinhas nas mamas enquanto suga o leite?


Mas, ao menos, poupava o sofrimento dos petizes meses mais tarde.

E dava um jeitaço tremendo aos pais, que poderiam dormir mais do que três horas em cada noite, enquanto não estavam a embalar os rebentos com dores na boca.
Fenómeno interessante: quando estão ao colo, não lhes dói nada; assim que são pousados na cama, é vê-los a sofrer horrores com as gengivas em chamas.





Depois não venham cá dizer que as manhas são coisas dos adultos, e não dos bebés.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Fiquei chocada com o falecimento de Chester Bennigton, confesso.

Linkin Park não era propriamente a minha banda favorita, nem nunca foi, mas fizeram parte da minha adolescência e são um marco incontornável dentro do género. Numa altura em que a cabeça não dá para mais, as letras a roçar a auto-comiseração, a injustiça dos marginais e a incompreensão por parte dos pares faziam todo o sentido.


A partida de um artista deixa sempre o mundo, e a música em particular, mais pobres, ainda para mais nas circunstâncias trágicas.

Calou-se uma boa voz, que marcou uma geração inteira e que, não obstante, será sempre recordado e cuja obra perdurará.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Ai Sim?

Constato que sou uma saloia acabada de chegar da província quando fico positiva e verdadeiramente estupefacta com o facto dos autocarros, que na minha terra se chamam carreiras, em Lisboa passarem com uma periodicidade aproximada de 10 minutos.

Isto é, para mim, absolutamente espantoso.

Nunca naquela terra do demónio um autocarro passa com menos de meia hora de espera.
Nunca.
Mas mesmo nunca.
Acreditem porque sou um ser que passou muitas horas da sua vida à espera do autocarro para detrás do sol posto.

Portanto, vir parar à metrópole, andar de autocarro na metrópole e chegar em menos de um fósforo a qualquer local na metrópole é sinónimo de espanto.



E você?

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Apetece-me Grandemente Ser Porca #61

A porca que me mim habita não deixa de sentir um piquinho de felicidade quando nestes dias de verão, em que meio mundo está de férias, a curtir a praia e o sol, começa a chover como se não houvesse amanhã.

Claro que ninguém tem culpa que a minha pessoa não tenha férias, mas não deixo de achar que é extremamente bem feito e profundamente democrático.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Confesso que tenho algumas saudades dos tempos que passei na Comarca da Mitra Land.

Apesar de não querer voltar nem perder muito tempo a pensar naquela abécula obesa, que parece que ficou muito tristonha com a minha partida, vamos todos dizer ooooooohhhhhh que pena, fosses antes para o caralho, e de ter todas as saudades do mundo das pessoas que lá deixei, ainda penso, mais do que devia, é preciso acrescentar, nos tempos bons que tive. Isto antes de ser acometida com as memórias de todas as barbaridades que aquele filho de uma vaca me disse durante todos estes anos, maneiras que depois passa-me logo.

Ai Sim?

É muito triste ser-se estúpido.
Mais triste ainda é ser-se estúpido e andar-se permanentemente a dormir em pé. porque ir à porra da cozinha beber uma porra de um café dá muito trabalho e ainda faz cair os parentes na lama, segundo se ouve dizer.

Por isso é que se passa uma manhã inteira a ligar para um Agente de Execução que, filhadaputa, deve estar de férias, todo esticado na praia e não atende... Pois, não atende porque o número para o qual se está a ligar não é mais que o NIF do desgraçado e não o número de telefone.

A partir de agora, o mote diário passa a ser: beber café antes de começar a trabalhar. Sem falta. Haja o que houver.


E você?

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Está Mesmo Quase!!

Meanwhile in Ergástulo - Parte Segunda

Tenho um patronato tão ilustre, tão ilustre, mas tão absolutamente ilustre que, para se armar em frente ao proletariado, começa a falar espanhol ao telefone como se fosse um conde de um sítio qualquer. Todo recostado na cadeira, perna cruzada, ah e tal sou tão bom que meto nojo. E um bocadinho de dó, vá.

Coisinha idiota e ridícula.
É muito triste andar-se na rua a falar como um cobridor num filme pornográfico, mas enfim.


Por enquanto, ainda só tenho vontade de rir.

Queixume Pós Gestacional # 14

A porra de ter filhos é que os putos ficam doentes, cheios de febre, cheios de pintas, meio tristes, rabugentos, chatos e sem vontade de dormir e os pais não dormem de preocupação.
Quando já se está a ver que não passa, agarra-se em tudo e corre-se para o médico, já a pensar que o menino nunca mais vai voltar a ser o que era antes, já a pensar na tragédia, já a pensar em tudo e mais um par de botas.


Para depois as andorinhas dos filhos chegarem ao pé do médico aos pulos e pinotes, sempre a rir, a fazer gracinhas para toda a gente, com um vigor que parece que acabaram de acordar, só para deixar os pais mal vistos.
Que figurinha triste, deuses...

Raça do puto...



Gosto imenso desta versão pelos Postmodern Jukebox e, maravilha das maravilhas, é perfeitamente adequada às envolvências.


Vai uma pessoa descansadinha, na sua vidinha, a falar para dentro com os seus botões, quando vê um banco de metal, daqueles grandes onde se conseguem sentar diversos cus sem incomodarem ninguém.

A pessoa vê o banco e pensa, é mesmo aqui que me vou sentar a fumar um cigarro. Ainda por cima sem ninguém à volta, sem ninguém lá sentado, é mesmo isto.

E assim fez. Senta-se numa ponta do banco e acende aquela coisa que um dia a vai matar.
Está assim, a pensar na morte da bezerra, quando começam a aparecer outras pessoas e também se sentam no banco.
Sentam-se longe, como está bom de ver, mas mesmo assim a pessoa fumante continua sem incomodar ninguém, visto que o fumo expelido é direccionado para outras paragens.

No entanto, e apesar de entre a pessoa e os outros haver um fosso, como se ninguém se quisesse aproximar e apanhar a peçonha fumegante, começa a ouvir-se uns espasmos, umas tosses estranhas, um constante abanar de mãos, como que para afastar o fumo que não está a ir naquela direcção. Tanto que a pessoa se sente compelida a levantar-se a ir fumar para outro lado.




Quer dizer, EU é que cheguei primeiro, EU é que estou sentada numa ponta do banco, feita leprosa, para não incomodar ninguém, as avestruzes de merda chegam depois e ainda se queixam, quais virgens ofendidas, e EU é que me levanto e me vou embora.


Não me venham falar em democracia nos próximos tempos.

Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve


Começou bem e acabou ainda melhor. Scarrow sabe prender o leitor às suas palavras.
Fico deveras contente por constatar que escreve tão bem sobre Napoleão e Wellington como sobre Cato e Macro. Confesso que depois do último que li dele fiquei um pouco decepcionada, achei que escrever sobre temas fora do universo Romano talvez não fosse bem a praia de Scarrow.
Enganei-me redondamente. E ainda bem.

Muito bom!

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Sou, assumidamente, má, porca e mal intencionada, mas adoro, ADORO quando a antiga entidade patronal me liga, o que tem acontecido frequentemente, é preciso dizer-lo sem medos, a perguntar coisas dos processos que eu tomava conta.

É impressionante a quantidade de vezes que aquele homem me liga a perguntar porras que rapidamente descobriria se se desse ao trabalho de abrir as pastas. Ou os códigos, já agora.

Podia ficar contente de saber que, no fim das contas, lhe faço muita falta (fico um bocadinho, vá...), mas fico ainda mais triste - a palavra correcta aqui é fodida - quando percebo que aquela avestruz de merda não sabe nem quer saber dos processos que tem e que o dinheiro que ganhava com eles era todo para ele. Para mim, que os trabalhava e os conhecia, só sobravam as migalhas.


Afinal, devo ter muito pouco com que me entreter nesta nova vida se ainda arranjo tempo para pensar nestas merdas e como isto, afinal, ainda me afecta.




Não sou boa da cabeça.

Não É Por Falta de Vontade

Tenho andado um bocado atarantada com a nova vida, essa é a verdade.

Se antes podia chegar tarde mas tinha que, necessária e obrigatoriamente, sair tarde, agora chego cedo e saio igualmente cedo (pelo menos por enquanto), mas no entretanto não há tempo para grandes pausas.

Pausas nenhumas, a bem da verdade.

Aqui, não se pára para comer um lanchinho a meio da manhã ou tão pouco a meio da tarde. No outro lado, era um regabofe nesse aspecto, se quisermos ser abonadores da verdade, havendo, claro!, o reverso da medalha: ficar a trabalhar pela noite dentro e ouvir bocas do patronato sobre a quantidade de comida que consumíamos (que nem sequer era do escritório, era nossa) e em como esse facto influenciava as contas da água por causa das vezes que íamos, a seguir, à casa de banho. Bolas, ao escrever isto é que me apercebo das enormidades que ouvi ao longo destes anos todos... Enfim, adiante.

Não se vai para a sala uns dos outros alapar o cu e conversar. Quer dizer, até se vai, mas é de fugida porque há sempre alguém a passar e a ouvir a conversa, ainda para mais, e porque o chão é todo alcatifado, não se ouvem os passos, maneiras que estar a falar mal do patrão ou a conspirar para tomar esta porra de assalto e estar quem manda mesmo atrás é o pão nosso de cada dia. No outro lado, também, agora que me lembro disso... A única vantagem era que o chão era de madeira e quando se ouviam passos era ver-nos a fugir como as baratas da chuva.

Não há cá pausas para cigarros, a não ser que se queira levar com trombas do patrão o resto da semana. Esta, confesso, foi uma facada no meu coração. Muito bom para a minha saúde, claro, mas muito mau para o meu vício. Não há janelas abertas porque simplesmente não se abrem as janelas no centro de Lisboa, como fizeram questão de me dizer logo no primeiro dia, por causa dos pombos, que gostam de entrar pelas casas dentro e espalhar a sua peçonha onde tocam. Num escritório tão grande, em que há mais do que uma sala vazia, ninguém se lembrou de fazer de uma delas uma bela sala de chuto, só para fumadores. A bem da verdade, só para mim, que sou a única que fuma. Já percebi porque é que não há sala de fumo, tudo bem.

Maneiras que o pessoal aqui trabalha ininterruptamente, sem levantar a cabeça, sem se desviar do objectivo e sem se distrair com coisa alguma. O que é bom. Acho que nunca fui tão produtiva. (quer dizer, agora não estou a produzir, mas é só porque estamos sem sistema informático)


Nem tudo é mau, portanto.