quinta-feira, 1 de abril de 2021

Quem Me Dera Que Fosse Mentira

 Há muitos e variados problemas que o patronato tem com os seus assalariados.

Um deles deriva do tempo de descanso que essas almas teimam em ter. Principalmente quando deriva do proprio patronato habitualmente dar tempo extra de descanso, e aqui estou unicamente a referir-se à quinta-feira santa, dia em que, nesta casa, nunca se trabalhou da parte da tarde, dia em que inclusivamente foi dado por inteiro em anos anteriores, dia em que tradicionalmente anda tudo à balda.

Como este ano não se falou no assunto, mas as pessoas precisam de governar as suas vidas e de saber, com um pouco mais que uma hora de antecedência que têm dias ou tardes livres, até porque, que merda, as escolas teimam em fechar a partir das 14h e os miúdos não podem ficar à sua sorte por aí, houve necessidade, por isso, de perguntar.

O escândalo.

O horror.

A tragédia.

O desplante desta ralé.

Proletários de merda. Ainda por cima, pobres.

Como se atrevem a mendigar?


E assim fica um ambiente estranho e pesado, com muitos olhares assassinos à mistura, com comunicados em surdina às mais altas patentes, para prevenir um motim dos subalternos e mantê-los na ordem, que esta gente só aprende com um chicote na mão.

No fim, a culpa ainda é toda nossa, que somos uns preguiçosos que não queremos trabalhar. Temos que suportar as bocas ordinárias e as reprimendas, porque nos atrevemos a exigir regalias. Ainda temos que ouvir que não temos contratos de trabalho, somos prestadores de serviços e direitos são coisas que não nos assistem. Ainda temos que suportar policiamento extra, do trabalho e da assiduidade, porque os corredores são agora patrulhados por um velho de merda, a quem só falta ter uma chibata na mão para aplicar corretivos nos escravos.

Não há melhoras.

Nenhumas.