sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Doch nur ein Tier




Ainda hoje há delírio na mente quando esta música surge no pensamento.
Deve ser por ser o primeiro contacto com a banda, que continua a ser de eleição.
Esta, ao vivo, é o auge.

Tier, Rammstein

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

La La La La La



Num dia de frio invernal, esta é a melodia que vem à memória.

Há quanto tempo ...

The sun is sleeping quietly
Once upon a century
Wistful oceans calm and red
Ardent caresses laid to rest
For my dreams I hold my life
For wishes I behold my nights
A truth at the end of time
Losing faith makes a crime

I wish for this night-time to last for a life-time
The darkness around me - shores of a solar sea
Oh how I wish to go down with the sun
Sleeping
Weeping
With you

Sorrow has a human heart
From my God it will depart
I`d sail before a thousand moons
Never finding where to go
222 days of light
Will be desired by a night
A moment for the poet`s play
Until there`s nothing left to say


Sleeping Sun, Nightwish

terça-feira, 25 de novembro de 2008

1 1/2

Um dia que se tornou especial, mas não é porque se lembram dele uma vez por mês.
Um dia sempre comemorado, mas não é por beber café num sitio diferente que é recordado.
Um dia na vida de uma pessoa, mas que não é bonito porque foi bem passado, mas porque deixou marcas. Boas marcas.

Passa meio mundo a queixar-se uma existência inteira das coisas más que os vizinhos malvados lhes fazem, será que se lembram dos acontecimentos que deixam marcas, boas marcas? Alguma vez lhes terá acontecido?

Porque nada volta a ser como antes. O mundo não passa a ser um lugar cor-de-rosa, cheio de flores e passarinhos. Passa a ter cor, a ter vida, a ter interesse, a ter tudo o que precisa e a parecer perfeito.

Há dias em que nem tudo é assim tão perfeito. Há dias em que o cor-de-rosa passa rapidamente a laranja fluorescente, as flores provocam urticária, os pássaros cantam tanto que dá vontade de ter uma pressão de ar à mão. Mas mesmo assim, não perde a cor, não perde a vida, não perde o interesse e nunca deixa de ser prefeito, mesmo que os pássaros caguem em cima de quem passa, mesmo que as comichões sejam por causa das urtigas que crescem à volta das flores.

Porque é aqui que tudo se torna mais claro, mais nítido. Mais cimentado, mais brilhante.
É aqui que o dia que se tornou especial, o dia sempre comemorado, o dia na vida de uma pessoa é recordado, chamado. E tudo volta ao equilíbrio existente.
Perfeito.

Blindness




Pôs
, diria uma pessoa que conheço em jeito de anuência mas que tem a lingua dobrada demais para pronunciar pois.

O realizador está de facto de parabéns ; crê-se que a imagem geral contida na obra de José Saramago está presente e razoavelmente retratada. Há o elemento de choque que o próprio livro contém, mas com o cuidado de ser subtilmente camuflado para não chocar os mais sensiveis ( pelo menos, tenta-se ... ), há a presença da força da personagem principal, há uma história fora do comum.

Não há grandes interpretações por parte dos que interpretam papéis secundários, não há grande rigor a contar a história ( a bem da verdade, existe isto em filmes adaptados de livros ? ).

O filme é bom, atenção. Só não está ao nível do autor da obra que lhe deu origem.
A beleza da linguagem de Saramago aprecia-se directamente nas linhas escritas por sua mão, a autenticidade do texto vivencia-se através da leitura, a crueza do discurso e a brutalidade da descrição sentem-se, não como algo que surja do nada para provocar, mas como uma peça no grande puzzle de toda a história e de toda a mensagem nela contida. E por isso é dificil trazer Saramago para a tela.

As imagens, essas, poderão valer por mil palavras. As dos comuns mortais.

Não as de Saramago.

Bonzear os Pulmões - O que resta do Queixume

Não fumar. Já se sabe.
Já se sabe também que é tudo para bem dos fumadores, e da sua saúde, e da saúde dos que estão à volta. Sabe-se e não vale a pena negar, é uma realidade.
Sabe-se que reclamar contra a perseguição é o mesmo que atirar ovos ao Primeiro-Ministro, pode ter-se toda a razão do mundo mas não deixa de ser um acto de vandalismo. A saúde de todos é um bem maior a proteger, em causa estará a sobrevivência sustentável de toda uma sociedade.

Tudo bem. Levai a bicicleta, tendes razão.

O factor importante que no meio de toda a preocupação e esquizofrenia, de terror psicológico e ar limpo para todos, ficam aqueles que compõem a sociedade, que os quer pôr de parte, os que pagam impostos, que se levantam todos os dias de manhã para trabalhar, os que cumprem obrigações e são medida concreta de direitos. Como todos os outros. Os que não fumam inclusive. Existem direitos para todos, os fumadores não são animais sem personalidade jurídica que o resto do mundo insiste que eles são.

Já paravam com a merda da perseguição, não?

Os não fumadores também têm cancro. Nessa altura dramática, ninguém se lembra de dizer que a culpa é do tabaco ; são simplesmente coisas que acontecem, e das quais ninguém está livre.

Os não fumadores também têm direito ao ar limpo. Obviamente. Os fumadores também tem direito a fumar na sua esfera jurídica, mas mesmo assim são escorraçados para longe. Igualdade? Não, pois não?

Pois a saúde publica.

Também se lembram da saúde pública quando nuestros hermanos constróem uma central nuclear junto à fronteira?

Há um concelho, a 23 minutos de Lisboa, que tem uma linha de super tensão a atravessá-lo de lés a lés. Onde está a saúde pública, então?

Os não fumadores também se constipam e caem à cama com gripes imensas e medonhas. Aí, ninguém lhes vai dizer que têm que deixar de fumar, e que estão piores, ou que o antibiótico não faz efeito, ou que não têm voz por causa do tabaco, pois não?

Aumenta-se o imposto do tabaco como forma de desincetivar o tabagismo. ' bem. E o buraco no sistema de saúde, que é preciso sustentar seja de que maneira for? Obviamente.

Deixem os fumadores em paz. Morrem prematuramente, é certo.
Mas morrem felizes, porque não são prisioneiros de rastreios da tensão arterial.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

E não digas que vens Daqui ...

Comboios dos subúrbios da capital.

Hora de ponta.

Lugares reservados a portadores de deficiência, idosos, grávidas e acompanhantes de colo. Muito giro, proteger quem necessita de especial cuidado, muito bem!

Pessoas com deficiência, dificuldades de locomoção e idosos não têm dificuldade em fazer valer os seus direitos. Aliás, se alguém se lembrar de se sentar nos lugares assinalados e por acaso estiver no mesmo metro quadrado um idoso, mesmo que sem problema algum em ir de pé, logo lembrará ao distraído que lá se sentou que aquele lugar não é para ele, que há pessoas de idade, há que ter respeito, a idade é um posto. Engraçado que a maior parte das vezes, os séniores parecem estar de melhor saúde que a maior parte dos representantes das baixas faixas etárias que ali vão, mas enfim, basta parecer velho para se poder puxar dos galões do assento prioritário.

No caso de senhoras grávidas, a dúvida também não existe. Vão carregadas no meio da maralha, não deve ser pêra doce. Se bem que existe a dúvida se algumas dessas pessoas com passageiro incorporado não estarão apenas e simplesmente com excesso de gorduras saturadas acumuladas ... enfim, há desculpa. É mesmo difícil ir sentado naquelas horas.

Mas ...

Acompanhantes de crianças de colo.
Nunca foram avistados.

O que acontece normalmente é que as pessoas sentam os seus rebentos que já não tem idade para andar ao colo há uns anos valentes, e vão elas próprias em pé, para que as criancinhas possam ir sentadas, enquanto milhares que vão trabalhar ou que vêm do trabalho e precisavam mesmo sentar-se vão em pé que é bastante democrático.
Ninguém nunca diz nada. Provavelmente não querem ofender a mãezinha ou o paizinho da criança, ou arranjar porrada num sitio tão apertado.

Mas é estúpido. E injusto, porque aqueles inimputáveis, além de não pagarem bilhete ou de o pagarem mais barato, vão sentados, refastelados, a cuspirem bolacha para cima de toda a gente, a rirem-se de quem vai carregado com sabe-se lá o que, e que paga muitos euros de passe para ir naquele espacinho minúsculo. DE PÉ!

Em tempos idos, se uma criança se quisesse sentar nos transportes públicos onde houvesse escassez de lugares, diziam logo que naquela idade têm boas perninhas para ir de pé.

Democrático...

domingo, 23 de novembro de 2008

Vais Morrer ... E é Bem Feito !

Existem os seres humanos não fumadores que não suportam a ideia de existirem outros seres humanos com o vicio do fumo e fazem tudo para se livrarem deles. A desculpa, claro, é a saúde pública.
Terão toda a razão do mundo. Não se pretende disto uma ode de apoio e fomento ao tabaco.

Mas podiam parar com a perseguição.


Já conseguiram com que se deixasse de fumar em 90% dos espaços fechados, e como isso inclui cafés, cafés onde o comum dos mortais entra para tomar uma bebida quente, e fazer dois dedos de conversa se for acompanhado.
Isto obriga a um esforço prévio, porque obviamente ir beber café deixou de ser um programa comum, passa a ser uma caça ao tesouro por um mísero café que tenha 3 banquinhos onde um ser humano de estaleca inferior possa sentar o seu rabo canceroso e fumar.

Já conseguiram pôr rastreios das doenças pulmonares, e cardíacas, e diabéticas, e conseguem chatear toda a santa gente, que tem que se medir a tensão, e picar o dedinho com uma agulhita para medir o açúcar no sangue, e depois soprar para um balãozinho para ver se se respira bem ou não, e depois apontar tudo num caderninho para comparar com os próximos exames e rastreios, e não esquecer de fazer exercício, e não comer os enchidos do cozido de domingo, e obviamente não fumar, porque o tabaco é para meninos maus que morrem depressa e não vão para o céu.

Já conseguiram por toda a gente, e quando se diz toda a gente quer dizer não só os não fumadores fanáticos contra aqueles que fumam, como também os não fumadores pacíficos que, como não fumam, também não se incomodam muito que os outros façam com os seus brônquios o que lhes aprouver, contra quem tem a infeliz ideia de puxar de um cigarro numa fila de autocarro.
Porque começa logo tudo a fingir que tosse e a abanar as mãos à frente da cara, como se estivessem a espantar demónios, para expulsar o fumo e tentar fazer perceber ao ser que fuma que se deve sentir mal e apagar o infernal artefacto. E se o pobre não percebe as sinalefas, tosse-se mais alto e os abanicos passam para a esfera do fumador, oh amigo, apague lá isso, há quem queira respirar, ora que coisa. E ainda se o fumador se insurge e diz que pode fumar à vontade onde está porque é a via publica, há logo um chorrilho de palavrões e insultos, onde já se viu estes assassinos a quererem governar o mundo.

Já conseguiram cobrar o este mundo e a cabeça do outro por um maço de cigarros com a desculpa de aumento da receita anual do Estado. Ninguém reclama, ninguém diz nada, e nessas alturas ainda se ouve, nas televisões que entram pela casa dentro das pessoas, a não ser o clássico é bem feito, devia era o aumento ser para o dobro, esses gajos que não fazem nada e só fumam, depois ficam doentes e eu que pague com os meus impostos. Mas sobre quem paga o cancro de quem já se teceram considerandos.

Já conseguiram com que toda a gente venha fumar para a rua, quer faca chuva ou sol, até porque não há outro remédio.
Sim, já sabemos, a saúde pública assim o exige, porque custa muito investir em refrigeradores de interior para libertar o ar das substâncias nocivas das chaminés andantes, e vão lá para fora como os cães, não são melhores que isso de qualquer maneira.

Já se sabe tudo isso.

sábado, 22 de novembro de 2008

Memórias



Lembrei-me disto hoje, já nem sei bem porquê.
Mas é antigo como tudo.

E se fosses fumar lá para a tua terra?

Seres humanos existem que têm um sério problema com outros seres da mesma espécie que tenham como hobbie puxar fumo de uns pauzinhos incandescentes, que é como quem diz, gente que fuma. Esses seres humanos com problemas com outros seres humanos constam como não fumadores.

Apesar de tudo o que se possa dizer acerca dos malefícios do tabaco, que é tudo verdade e mais tarde ou mais cedo, aqueles que fumam acabam numa cama de hospital, carecas, secos, definhados, com laringes electrónicas e ataques cardíacos, com tanta doença até se fica tonto, apesar de tudo o que se diz, não se pode deixar de ter em conta que toda a gente que fuma sabe isto.

Sabem. Claro que sabem. Mesmo que ainda não sintam os efeitos dos pauzinhos mágicos, sabem, conhecem as consequências ; de há uns anos para cá, não há ninguém que não saiba que se pode morrer por fumar, não se pode fugir da informação, se se for esperto o suficiente para um esquivanço aos rastreios que andam pela rua fora a chatear pessoas ou para mudar de canal quando programas educativos do género saltam do ecrã, não dá para escapar às inscrições, que queridas e amorosas, nos pacotes de hastes ardentes de que uma morte lenta e dolorosa aguarda quem mais fumar.

Pergunta-se porque não se avisa, nos mesmo termos, nas mesmas inscrições, nos mesmos rectângulos brancos, que o dinheiro que se dá para comprar a morte, que é como quem diz, cigarros, a maioria é imposto usado para financiar o cancro que, fumando hoje, se terá amanhã ; mas tal já serão contas de um rosário livre de doenças e de imposto.

Os fumadores sabem o que os espera num fim de vida em que a quimioterapia e a sala de operações será uma realidade. Sabem-no porque são informados, conscientes, bons cidadãos, inteligentes, não se metem nas coisas só porque sim. Então, se sabem porque continuam a fumar seria a pergunta lógica que teria de surgir. Porque assim o escolheram. Se toda a gente escolhe caminhos todos os dias, caminhos esses que nem sempre primam por espalharem ou fazerem o bem, e ninguém os critica nem julga por isso, também os fumadores escolheram fumar e bronzear pulmões. Escolheram ter um vicio que arruina a saúde. Mas também há outros, outros e tão piores vícios, e não se vê campanha publicitária para os expurgar, vícios e falhas que se escolhem deliberadamente fazer, e ninguém vai a loja comprar pacotes de maldades dessas e eles vêm com avisos de perigo de morte. Ninguém liga, ninguém quer saber. O tabaco é o fim do mundo, toda a gente sabe.

Porém, a história não termina aqui.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

René Magritte



La Magie Noire





Les Amants





Golconde


110 anos de surrealismo realista.
Ou será realismo mágico?

E foi mesmo dentro...

Daria jeito que isto se tivesse passado, vá, antes de ontem.



Aqui está a amostra que a tramitação do Processo Penal existe mesmo, põe-se em prática e ajuda quem tem teste a não decorar tudo, porque dá no telejornal.

6 Meses Sem Ela

A enfermidade terá as suas vantagens. Muito poucas, mas terá algumas. Umas delas será o sossego para poder ouvir o que ao redor se passa. Quando não se pode falar, porque os bichos que andam no ar acham aprazível viver em garganta alheia, ouve-se melhor e pensa-se mais profundamente quando o barulho da própria voz não perturba o andamento do pensamento.

Percebe-se que está tudo em movimento e que as mentes fervilham alegremente, e que os corpos animados atarefam-se em volta das costumeirices mundanas.

Alguém vai à televisão e diz que o que seria necessário seriam 6 meses sem Democracia, que depois desse tempo, regressaria, para colocar tudo nos eixos.
As mentes fervilham e abrem a boca para dizer asneiras. E os corpos animados atarefam-se em volta das trivialidades e ninguém dá conta que uma alarvidade é dita em frente ao país das formigas ocupadas.

Sempre se ouviu dizer, aqui em terras a 23 minutos de Lisboa, que a idade tudo traz. Será a senilidade a justificação para declarações anti-democráticas? Estará a própria Democracia a dormir, descansadinha, com uma máscara exfoliante e pepinos nos olhos e por isso não pode sentir-se atacada ou ofendida com o sucedido?

Ah, não, esperem lá!

Afinal, era uma crítica, velada por certo, e irónica, sem sombra alguma de dúvida, aos que governam e que esses sim, os malandros que gozam com a Sra. Democracia, que fazem dela um monstro cheio de borbulhas e olheiras, que pode ser afastada durante 6 meses sem que nada o impeça ou alguém dê por isso. Era só uma crítica, uma maneira irónica de dizer mal, forma sarcástica. Ah, então assim já pode ser, pronto, nem se fala mais nisso, foi um engano, era uma crítica e não um ataque à democracia. Claro como é que não se percebeu antes?

A azáfama diária dá cabo das formigas. O Natal que se aproxima também não deve ajudar muito a manter a sanidade. Então, diz-se para todos ouvirem que a Democracia teria de ser afastada por 6 meses e depois espera-se que todos acreditem que de uma ironia se tratou?

Não há resposta para isto? Não há indignação? Não há revolta? Tivemos tanto trabalho a pôr cá uma Democracia a morar, todos os anos andamos no mesmo dia andamos de cravo ao peito, só para enfeitar com certeza, porque quando se ataca as fundações do que se vive todos os dias, todos fazem orelhas moucas porque se trata de uma crítica e tal, e pode-se e é assim. Falta também a ideia do fora de contexto, fica sempre bem.

Algumas pessoas, quando ficam velhas, gostam de apelar ao velhos tempos, à doçura de Salazar, à moral e aos bons costumes, à pureza daquele tempo.

Outros crêem que trazer do novo o Salazar e a sua corja será o remédio para todas as maleitas da Democracia, essa leviana que trouxe a liberdade e a igualdade.

E outros os há ainda que crêem que umas férias para a dita Senhora seriam o indicado.





Qual é a diferença entre as duas últimas premissas?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

domingo, 16 de novembro de 2008

Axel Foley




O que dá na cabeça de uma pessoa.

A verdade é que por estas bandas se acorda com vontade de dirigir uma orquestra, ou porque se sonhou, ou porque o cérebro não dá para mais.

É tambem verdade que isto tem anos e anos de existência, mas marcou uma geração

É ainda mais verdade que quando se está mal disposto, isto alegra qualquer um.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A Ministra e os Ovos de Ouro

Se a moda pega ...

E ainda dizem que já não há maneiras originais de protestar. Quer dizer, esta é à moda antiga, mas não deixa de ter piada.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

É mais ou menos, vá ...



Nem o mais que célebre My name is Bond, James Bond é pronunciado ...
É pena.

For Fuck Sake ...

Anda o mundo a preocupar-se com a crise financeira, com o colapso dos mercados, com as dificuldades em cumprimento de obrigações aos bancos.

Estão os mesmos bancos em inúmeras dificuldades.

O maior país do mundo vai ter um novo presidente, o que promete muitas mudanças.

120 mil pessoas saem à rua para fazerem um manguito à Ministra da Educação.

A Universidade de Lisboa está em colapso financeiro, à beira da ruína há meses.

Ainda há guerra no Afeganistão e no Iraque.

Há famílias endividadas, em graves dificuldades.

Ainda não há vacina para o vírus HIV.







Mas o que é verdadeiramente importante é alertar para o flagelo do aborto, que dizima a nossa população e não deixa o mundo avançar, sendo responsável por todas as fatalidades que acontecem todos os dias em todo o lado.






Não há mais nada para fazer?

Curtas

Imagine-se um metro cheio de gente, uns velhos, outros novos, uns cansados, outros nem tanto, com frio ou calor, pensativos, tristes, satisfeitos, remediados, uma amalgama de gente anónima que caminha todos os dias na mesma direcção sem olhar para o lado. No entanto, estão todas estas pessoas no mesmo local, num local que se mexe, que anda sobre carris para levar os passageiros de um lado para o outro para chegarem aos seus destinos, e junta-os o facto de se encontrarem no mesmo sítio, como quem diz, que coincidência estamos todos aqui, é verdade quem diria, gente que nunca se conheceu e nunca mais se verá na vida no mesmo sítio à mesma hora, que engraçado, então não é, olhem para mim a rejubilar com alegria do acaso.

E nisto, há alguém que se lembra de ter pouco trabalho para obter bens que demoram muito tempo a comprar com suor do próprio rosto, e principia a colocar a mão na propriedade alheia. Isto, com toda a gente, no mesmo sítio, à mesma hora já referida a assistir. E assiste impávida e serena, como quem vê um filme, ou um jogo de futebol em que se fez um grande passe que indubitavelmente levará ao golo, entusiasmando-se ligeiramente com o espectáculo como se fosse algo digno de admiração. E quando outro alguém se lembra, oh tristeza profunda pela consciência social, de avisar o pré-lesado do que está prestes a suceder, eis que pode finalmente a multidão rejubilar pela causa que não chegou a dar-se, exactamente a causa contrária por que há segundos se alegrariam se de facto acontecesse.

E vão todos para casa comentar o sucedido, como uma aventura emocionante que viveram na primeira pessoa para poderem dizer de sua justiça, à boca cheia, o mundo está perdido, já nem se pode andar na rua, isto é que anda aqui uma gatunagem, que pouca vergonha, raio de país este, a culpa é do governo porque não faz nada, não, a culpa é do Presidente da República que deixa fazer nada, então e a polícia, a polícia não faz nada nem pode fazer, isto está assim desde a fundação e a culpa é do Afonso Henriques. E vão, todos contentes, porque o mundo é um lugar de perdição, e hoje assistiram a uma amostra dela.

Esqueceram-se foi de dizer que hoje tiveram culpa que o mundo fosse um lugar de cabrice perfeita. Também foram responsáveis. Assistiram e nada fizeram.



Que sentido é que isto faz?

sábado, 8 de novembro de 2008

Hoje Não




Isto é genial.
Diz-se que dizem os franceses que quando se está atolado de merda até ao pescoço não há outro remédio senão cantar.
Nos dias em que o entendimento está perturbado, não há outro remédio senão sentar no escuro e ouvir o que de melhor os outros fazem.
É a mesma coisa, praticamente.


The Arcade Fire, Neon Bible ( live in an elevator )

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

44º Presidente dos EUA






Se ainda há alguém que duvida que a América é o lugar onde todas as coisas são possíveis, que questiona se o sonho dos nossos fundadores ainda está vivo, que duvida do poder da nossa democracia, teve esta noite a sua resposta.




Porque, afinal, hoje mudou mesmo o mundo.
Nasceu algo de bonito, dir-se-ia.

A Hormona que anda no Ar

Quantas vezes se pode real e verdadeiramente afirmar que um dia, um dia específico, aquele dia normal, igual a tantos outros, é o dia que muda o rumo das coisas? Quantas vezes se pode dizer com fundo de pura verdade que o dia, comum a tantos outros, é o dia em que a visão do mundo muda substancialmente? Quantas vezes se pode afirmar tal sentença e ter realmente consciência disso?

Muito poucas.

É extremamente raro acordar-se e o céu estar roxo. Ou haver uma revolução em marcha. Ou ter caído uma nave espacial no jardim municipal. Ou um avião. Assim como é raro morrer alguém extraordinário e o globo todo se curvar respeitosamente perante a sua memória ; quer dizer, morrer alguém extraordinário morre todos os dias e deixam devastados quem com eles conviveu, apenas infelizmente nunca o mundo fica a conhecer o quão excepcional foi esse homem ou essa mulher, e perde-se a “magia” e uma oportunidade de mudar o mundo porque a dor e a admiração sofrida fica dentro dos corações dos mais próximos. Quantas vezes acontece o que não se esperava, o que não se queria, o que não se pensava, mas que afinal muda tanta coisa, faz pensar e refazer caminho, com a perspectiva que nada mais voltará ao que antes era?
Quantas vezes acordaram os habitantes dum rectângulo à beira do mar, e tiveram uma revolução no meio da praça, heróis nunca esquecidos, flores vermelhas no chão, nas mãos, nas armas? Uma só vez, e a vida nunca mais foi a mesma. Mudou e seguiu um novo rumo.

Quantas vezes mais se poderá repetir um momento tão único como aquele? Repetir, com o mesmo propósito, nunca mais, acções comemorativas e festejos não contam, o espirito é que se perpetua em tudo o que o acontecimento tocou.
E se um dia qualquer pudesse ser um destes dias em que se muda até a cor do céu?
Poderá ser hoje?

Uma visão romântica, a tocar o lamechas, já, distorcida de nuvens cor de rosa e chupa-chupas coloridos diria que sim, a presunção e a vaidade intrínsecas a este tipo de pensamento ordenaria acordar, um dia, vir à janela, inspirar fundo como se quisesse aspirar o pó do ar circundante, seguido de uma berraria de felicidade contagiante e pegajosa de um dia que é o primeiro do resto de um existência, há uma nuvem que se põe no céu num posição fofinha e logo muda ( ou tem que mudar ) o globo.
A culpa deve ser de alguma hormona que anda no ar. Ou daquelas literaturas que abundam nos escaparates das livrarias e que servem para oferecer às tias, que se está em crise também na imaginação, livros esses que ensinam a canalizar as energias negativas e a respirar alegria e positivismo, euforia e entusiasmo, a vomitar boa disposição quando o tecto está a arder, a chatear os vizinhos com simpatia e melaço, tanto que todos os dias são bons para mudar o mundo porque há que fazer a diferença e implementar coisas positivas, não há quem cale este gajo, não há quem lhe de uma bofa nos dentes, raios partam os malditos livros de auto-ajuda.

Poderia ser mesmo hoje o dia que desvia o rumo inicial das coisas?
Se for mesmo hoje, quando começamos a sentir os efeitos?
Lá longe, que a preguiça é a madre de todos os vícios e o mundo, nisto, não escapa à excepção.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Word Up !



Já estava cá a fazer falta.
Das preferidas, do top.

Quem foi o génio que se lembrou disto?



Yo pretty ladies around the world
Got a weird thing to show you
So tell all the boys and girls
Tell your brother, your sister and your mamma too
We're about to go down
And you know just what to do
Wave your hands in the air like you don't care
Gilde by the people as they start to look and stare
Do your dance, do your dance, do your dance quick mamma
Come on baby tell me what's the word

Word up everybody say
When you hear the call you've got to get it underway
Word up it's the call word
No matter where you say it you know that you'll be heard

Now all you sucker DJ's who think you're fly
There's got to be a reason and we know the reason why
You try to put on those airs and you act real cool
But you got to realize that you're acting like fools
If there's music we can use it
Be free to dance
We don't have the time for psychological romance
No romance, no romance, no romance for me mamma
Come on baby tell me what's the word

Word up everybody say
When you hear the call you've got to get it underway
Word up it's the call word
No matter where you say it you know that you'll be heard

Word up everybody say
When you hear the call you've got to get it underway
Word up it's the call word
No matter where you say it you know that you'll be heard

Word up everybody say
When you hear the call you've got to get it underway
Word up it's the call word
No matter where you say it you know that you'll be heard



Word Up, Korn

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Vá Lá Ver ...




O mundo de olhos postos neles.

Será desta que se muda o mundo?
Ou a estagnação é o ópio dos povos?

Gato ou Gata

O altruísmo é um sentimento nobre. Também será um sentimento e um fenómeno, como se costuma dizer, danado.

Porquê?, pergunta-se.

Responderá alguém mais sábio, que nem aquilo que é bom por natureza é simples de explicar, ou tem sequer uma explicação, plausível pelo menos.
Altruísta será aquele que pensa nos outros primeiramente, que dá a mão para ajudar seja em que circunstância for, que tudo fará para ajudar, dispondo de muitos ou poucos meios. Por contraposição ao egoísmo, obviamente, que não gostará de mais ninguém a não ser de si próprio, e tudo o que vier por arrasto é para próprio proveito.

E se o altruísmo, como sentimento nobre que com toda a certeza é, também fosse uma forma de egoísmo? E se se for altruísta para camuflar o egoísmo que se traz dentro da barriga? Não será o próprio egoísmo que salta de dentro dos corações quando se protegem as acções com amor ao próximo?

Não será líquido, mas é uma explicação.
Ser humano não seria completo se não pusesse em marcha um planozinho qualquer que lixasse o próximo e beneficiasse o próprio. E por que não ir ajudar o próximo com intuito, não de conseguir angariar proveitos directos para o agente, mas de alguma forma aplacar um qualquer sentimento interno que paira no coração, e que incomoda de tal maneira, que se é compelido a fazer-se qualquer coisa, a pôr a mão por baixo, a querer auxiliar de alguma maneira? Que tal, em vez de se tirar partido porcamente da situação de penúria do outro, ir lá, sim senhor, cumprir dever e ajudar, mas e correr para lá porque se sentiu o coração apertado, não de pena, não de compaixão, mas de algo muito mais ... humano. A velha e eterna questão, que assalta o espírito e que faz despertar a mente para outras realidades, outros medos, outras frustrações : e se fosse comigo? Se fosse eu a sentir aquela dor, aquele pesar, aquela mágoa, aquele sofrer, que faria, que iria sentir, quem me valeria na minha hora de susto? E o que possa parecer o maior gesto de altruísmo, colocar-se no lugar da pessoa, sentir as suas dores e ser capaz de ser bom o suficiente para ir oferecer a sua ajuda, não passa, ele mesmo, de uma demonstração de egoísmo? Não será o sentir, na pele, com o que se vê mesmo ao lado, que tudo pode ficar mais difícil, não será egoísmo?

Quem me valerá na minha hora de treva? Será melhor trilhar caminho, fazer aos outros para criar uma espécie de obrigação natural que terão de cumprir um dia mais tarde, quando chegar a minha hora.

E tudo se transforma num grande tubarão de barbatana na bocarra. Egoísmo ou altruísmo, o que faz mover a mão estendida? Por amor ao próximo ou para aplacar as exigências do ego?
O que é bom não tem que ser explicável.

domingo, 2 de novembro de 2008

José Saramago




10º aniversário do Prémio Nobel.

A alguém que desde a primeira linha que escreveu o mereceu.

Dia de Finados

As ruas serpenteavam pelo campo a perder de vista. Apertadas e irregulares, eram caminhos perdidos que levavam aos muros altos, rodeados pelo interior de pequenas casinhas. As casas eram baixinhas, de pedras de todas as cores. Não tinham portas nem janelas, só fotografias, e nomes, e datas a enfeitar as suas paredes. Os ornamentos eram muitos e de muitas espécies ; abundavam cruzes, figuras aladas, os memoriais de saudade, as frases feitas gravadas na pedra numa tentativa de originalidade falhada. As imagens das pessoas que lá moravam lembravam como em tempos tinham sido, como que a eternizar a vida que já não tinham, a recordar aos que ainda viviam aquilo que um dia serão. As ruas apertadas, feitas de pedra irregular, faziam tropeçar os desatentos, fazendo perder os distraídos na amalgama de casinhas que se estendiam a perder de vista, à primeira vista todas iguais, depois já todas diferentes que se em vida se distinguem pelas moedas na carteira, na morte não é diferente e há que zelar para que a diferença perpetue.

As ruas serpenteavam pelo campo a perder de vista, como uma cidade silenciosa, em que os habitantes, também eles silenciosos, nunca saem de casa, nem sorriem quando são visitados, nem vêem quem lá vai, nem falam quando alguém ajoelha junto deles e reza, ou pergunta simplesmente, porquê.

As mulheres trazem baldes, esfregonas e panos, flores e água para lavarem as casinhas. Nem no fim se pode estar porco, há que manter a imagem e a dignidade em todos os momentos, até na morte. E limpam, lavam tudo, mudam as flores, cortam as ervas daninhas à volta da casa. No rosto, a expressão vincada da resignação. Sem lágrimas ou esgares de dor, as mãos lavam a sujidade da casinha como quem limpa o pó de uma estante, os gestos repetidos vezes e vezes, sempre com a mesma expressão, a vida continua, a resignação continua, há que viver para continuar a dizer a vida continua, irónico é que seja dita numa rua cheia de casinhas em que a vida não vive mais.

Quando tudo finalmente está limpo, imaculado, vão as mulheres embora, levando os instrumentos de limpeza consigo, agora que o trabalho está feito, agora que aquilo que choraram não é mais do que um gesto de estagnação e conformismo, a dor que sentiram não passa de uma gaveta fechada, a mágoa dá lugar à vida que continua e por isso vêm limpar a casinha que fica quando a vida continua para os outros.

Há uma, casinha entenda-se, como as outras, ornada e limpa, cheia de flores e inscrições de saudade, uma que guarda o nome herdado. Guarda consigo os nomes, as fotografias, as datas, as cruzes e as figuras aladas. A resignação de quem a limpa é a mesma das mulheres com as esfregonas e os panos, as lágrimas há muito que secaram e deram lugar ao lugar comum da vida que continua. Para quem herdou o nome exposto à entrada da casinha, o silencio mantém-se dentro do serpentear das ruas que terminam nos muros altos. A vida que não existe parou ali.

sábado, 1 de novembro de 2008

Pão, por deus ...

A luz era sempre diferente naquele dia. O sol, escondido entre nuvens que não eram brancas nem cinzentas, teimava em lançar sobre a terra molhada a sua luz coada pelas sombras altivas. O que fazia daquele dia diferente era a luz, e a sombra que faziam parecer que, por uma manhã, um dia, umas vagas horas, as casas, as pessoas, as circundâncias se transformassem numa terra diferente, num país diferente. Como se a luz e a sombra abrissem um portal para outras terras, outras paisagens, países e paragens nunca antes vistos ou visitados. Era um mundo diferente, só naquele dia. Os cheiros, as cores misturavam-se e faziam uma combinação inédita, em que tudo flutuava e, de alguma forma, permitia fazer o que raramente se fazia nos dias comuns e sem história.

E as crianças saíam todas a mesma hora. Em grupos, grande ou pequenos, seguiam pela estrada fora, carregando sacos nas mãos, primeiro vazios, depois a rebentar pelas costuras, sem conseguirem carregar nem mais um grama de guloseimas. Corriam a aldeia, batendo às portas, as campainhas, aos portões, as janelas, pedindo por deus aquilo que não precisavam. Contava-se que num antigamente longínquo, seriam crianças de barrigas grávidas de fome que tocavam às portas, as janelas e as campainhas para pedirem, não doces, mas pão, por deus, que se morre de fome. Desses tempos, não havia memória, mas aquele dia repetia-se na mesma, todos os anos, mudando o objecto, preferindo doces para tapar o buraco da vontade em vez do buraco da fome.

Corriam as crianças pela aldeia fora, fazendo as velhas virem à janela ver que correria era aquela, ainda caem por ali abaixo, que partem uma perna, até parece que gostam de ser malcriados, ao que isto chegou. Mas os malcriados não ligavam e continuavam a correr, empurrando-se e gritando, gargalhando pela rua fora. Interessava chegar a todas as casas antes do almoço, reunir todas as gulodices num saco gigante, depressa, antes que o sol do meio dia traga o demónio que muda a luz que ilumina os afazeres de um dia único e os torna corriqueiros. E no caminho de volta já as alças dos sacos cortam as palmas das mãos, tal é o peso, não há dinheiro que valha aos pais para levar os filhos ao dentista para exorcizar todas as caries.

E havia a casa da bruxa, a que iam todos juntos, não fosse a velha roubar um dos meninos e pô-lo na panela a guisar. Tinham medo dela, cheia de rugas e verrugas, a cheirar a couve cozida e a gatos imundos, nunca dava doces, que a má criação do mundo começa nos infantes e nos doces que comem, distribuindo pães com sabor a bafio. Desandavam dali os miúdos, com medo dos olhos de maldade da velha, que só queria vê-los longe. Assim que viravam na primeira esquina, atiravam os pães para longe com medo do veneno da bruxa, que tinha cara de querer cozinhar as cabeças de todos eles, e o pão era só uma armadilha. Porque a luz era sempre diferente naquele dia.

Só naquele dia.

Halloween




No mesmo dia, todos os anos, a memória é sempre a mesma. Em vez de bruxinhas e caldeirões, é sempre o mesmo matulão que salta dos cantos escuros para atacar sempre a mesma pessoa.