sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Eu e Ela Temos Uma Música; Quão Paneleiras Somos?




Digamos que isto vai merecer um post mais pormenorizado, mas para já é preciso salientar que há uma casa jurídica algures na Mitra Land que vai ficar mais pobre, mais vazia e mais sozinha com outro elemento a menos.

E, apraz dizê-lo com grande orgulho, sou responsável por isso.
Debrucemo-nos hoje sobre uma temática que parece ultrapassada: pedir cigarros a desconhecidos.

Parece que hoje em dia isso já não acontece, porque ninguém fala com ninguém na rua, anda tudo metido dentro do seu próprio casulo e não é dado a grande falas. Até porque é perigoso andar pela rua fora a falar com gente que não se conhece, lá nos ensinavam as nossas avós e mães.


Pois que é mentira.

Não que seja uma coisa que aconteça frequentemente, é verdade, mas ainda vai sucedendo. Pessoas que não se conhecem de lado algum vão ter umas com as outras em plena rua e descaradamente pedem cigarros.

Há, no entanto, que fazer a distinção entre o tipo de pessoas que o faz - e isto, atenção, sem qualquer desprimor ou discriminação.
Há os denominados mitras, drogados e sem-abrigo. E depois há as outras pessoas, as ditas normais.

Quanto às primeiras três categorias, uma pessoa dá cigarros, um ou mais, até era capaz de lhes dar o maço todo só para não correr o risco de levar uma chinada ou ver a carteira e o telemóvel serem confiscados.
E, diria eu, estas são as únicas categorias que têm direito a pedir cigarros a desconhecidos. Porque, coitados, tenham ou não posses para comprar cigarros, não sabem mais do que isto e não é possível ensinar-lhes mais porque isso levaria provavelmente uma vida inteira de reclusão a tentar recuperar o individuo para o integrar na sociedade.


Agora, os outros, tenham paciência, mas vão bardamerda. Os cigarros custam dinheiro - bom dinheiro, a bem da verdade, são para consumo próprio e querem-se intransmissíveis. Não são para dar a pessoas que não se conhecem e apenas porque não lhes apetece gastar dinheiro. A lata e o descaramento que não são precisos para se ir pedir uma porra que custa um dinheirão a pessoas que não se conhece de lado nenhum... E só o fazem porque sabem que o primeiro instinto de uma pessoa civilizada é dizer que sim, a bem da educação. Portanto, são pedinchões e oportunistas.

Cabrões.
Vão-se matar.


segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Um pequeno recado à campanha do CDS e da sua candidata à presidência da Câmara Municipal de Lisboa: ainda bem que têm noção dos problemas da cidade. É muito positivo tendo em conta o objectivo final e o cargo para o qual se concorre. 
De facto, o trânsito intenso é um problema gigante desta cidade e, ainda para mais, sem fim à vista, pois que a cidade, apesar de de dimensão razoável, torna-se pequena face ao número de animais que nela circulam todos os dias e que entopem todas as vias possíveis e imaginárias.

Portanto, acho muito bem que chamem a atenção para o facto de termos uma selva em vez de tráfego e acho muito bem que ganhem pontos junto dos vossos eleitores com este tipo de iniciativas.

Mas também acho que só mesmo os vossos eleitores é que estão para vos aturar.


Porque fazerem parar o trânsito com uma mini-manifestação/campanha eleitoral contra o trânsito parado, desculpem lá, mas é só estúpido e raia a falta de chá. Resolvem o problema como exactamente, se o estão a alimentar?!



Apetece-me Grandemente Ser Porca #62

A cara do moço que, esta manhã e no meio de uma rua cheia de gente, me estendia um panfleto da candidatura do CDS à Câmara Municipal de Lisboa quando lhe disse não, nem pensar foi absolutamente impagável.

Talvez tenha sido um bocado bruta, pronto.
Mas achei que era melhor e mais sincero do que aceitar o papel e depois andar dois passos, amarrotá-lo e fazer com ele tiro ao alvo aos pombos, que isso também não se faz.

Foi assim, e mai' nada.

Coisas Que Vejo Por Aí #45

Estou francamente desiludida.
Costumava depositar a minha inteira confiança nestes pincéis da Real Techniques.

Até agora, que me deixaram com uma amostra parecida com um passevite em dias de TPM, com uma cratera aberta no meio como se fosse uma entrada directa para o inferno.

Tenho montes deles e, até agora, nunca me tinham deixado ficar mal. Sempre achei que a relação qualidade-preço era fantástica e que faziam excelentemente o trabalho que lhes competia.
Até agora.

Comprei este pincel há relativamente pouco tempo e vou ter de o deitar fora porque já não se aproveita nada.
Nada.
Mas é que mesmo nada.
Esperava isto de um pincel pobretanas ou de marca duvidosa (agora que penso nisso, tenho há anos uns pincéis que comprei na H&M que estão para as curvas...), mas não de um Real Techniques.

É um dia muito triste.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Nada a Fazer XXIV

Toda a gente tem um guilty pleasure que tem algum prurido em confessar.

Isso é facto assente.

Qualquer coisa que gostem de fazer mas que parece parvo ou estúpido ou foleiro e por isso faz-se na mesma, mas às escondidas de toda a gente para que ninguém fique a saber quão parvo, foleiro ou estúpido se é.


Um bom exemplo de guilty pleasure é a Taylor Swift.
Há uma idade até à qual não faz mal ouvir Taylor Swift, é clean, é levezinho, não exige muito do cérebro. Isto até uma certa idade; pessoa alguma com mais de 17 anos gosta de admitir que ouve Taylor Swift, que é mega-fã e que compra todos os álbuns e que certamente iria ao concerto, se a moça passasse por cá. Não sucede. Porque Taylor Swift tem um público alvo (pitas, obviamente) e as músicas reflectem os dramas da idade da parvoíce melhor que ninguém. Mas a partir de uma certa idade já há algum pejo em dizer que se ouve uma senhora que só sabe escrever sobre gajos que são uns ursos sem moral nem coração e que a deixam para ir espalhar o seu charme para outras paragens sem deixarem número de contacto.

Outro bom exemplo são os danoninhos; ah e tal são para os putos, mas vejo muita velha a levar os danoninhos para casa escondidos nos sacos das verduras, que o colesterol e os diabetes enganam-se melhor se forem introduzidos alimentos verdes na dieta juntamente com iogurtes cheios de gordura.


Toda a gente tem guilty pleasures. Uns mais embaraçosos que outros, uns mais parvos que outros. Não significa que moldem a personalidade da pessoa, mas também não diz propriamente bem dela.



O meu guilty pleasure é o Dwayne Johnson.


Pode parecer uma coisa simples, mas demorei muito tempo - anos - até conseguir dizer isto sem ter vontade de me atirar de uma ponte, tamanho o embaraço.
Sempre será melhor que roubar, prostitui-me ou andar por aí a apanhar beatas do chão para as fumar, claro. E sempre será melhor que ouvir missa, comprar um aileron para o carro ou fazer uma tatuagem no fundo das costas, obviamente. E isto com todo o respeito (a bem da verdade, sem respeito nenhum, mas não se podem ferir susceptibilidades gratuitamente) por quem faz estas coisas todas.

Mas eu sou uma pessoa que tem a mania que tem critérios elevadíssimos, com a mania que tem ideias elevadíssimas e esta coisa de gostar do mesmo que a ralé faz cair os parentes  na lama, como diz a minha ilustre mãe.

Durante anos, achei um piadão descomunal ao homem, mas fui sempre negando até à exaustão. Vi sempre pelo rabo dum olho todos os filmes que passam na televisão em que entra o moço, exceptuando os velocidades furiosas desta vida que isso não consigo, peço desculpa. Volta não volta, até dava um saltinho pelas redes sociais do gajo, só para ver o que se passava por ali. Mas nunca admitia isto em voz alta, sob pena de parecer filha da freguesia de onde sou natural e isso, mais uma vez, faria cair a minha dignidade numa imunda pocilça.

E é preciso explicar que nem eu própria sei de onde vem este fascínio...

Odeio carecas (tema excelente para outro post), não sou grande apreciadora da beleza africana, detesto gente com mais músculo nos braços que a largura da minha cintura. No entanto, todos estes factores em Mr. Johnson culminam numa mistura estranha e, porém, agradável à minha vista. Não percebo, a sério que não me percebo a mim própria. E, tendo em conta os espécimes aos quais habitualmente acho piada, é deveras estranho. Não há cá guedelhas porcas, nem barbas de 15 anos, nem falta de banho. Não há dentes tortos nem pronúncias britânicas deliciosas, não há nada disso.
E no entanto entortam-se-me os olhos de cada vez que olho para o gajo.

Coisa mais estranha.
E ligeiramente embaraçosa.

Lá está, guilty pleasure...

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Leituras ... Qualquer Coisa Serve


Este foi particularmente penoso de acabar.
Não só porque entretanto chegaram as férias e, contrariamente ao que me é costume, não li uma única linha que não fosse dos rótulos das garrafas de cerveja ou os avisos tenebrosos nos maços de cigarros, mas também porque a própria obra não é, nem de perto nem de longe, das mais chamativas que alguma vez li.

A temática é muito interessante e está cheio de pormenores ricos, acontecimentos reais e é salpicado por laivos de comicidade geniais.
No entanto, a personagem principal é amiúde aborrecida, demasiado cheia de si e dono de uma arrogância que chega para o leitor desejar que fosse atropelado por uma manada de gnus.

O facto de o autor usar linguagem rebuscada e muitas vezes fora do contexto e da época relatada, juntamente com a tendência de usar 7 ou 8 parágrafos para descrever por outras palavras o que já escreveu logo na primeira linha é desesperante e dá vontade de atirar com o livro pela janela até ir parar ao Nilo.

Podia ser melhor, vá.

Coisas Que Vejo por Aí # 44

Hoje, ia a minha pessoa descansadinha a andar pela rua, em direcção ao Ergástulo, quando se me salta ao caminho um senhor com cara de totó, muito contente, cheio de alegria e vitalidade e me oferece um Bollycao de caramelo que, parece, é a última invenção dos senhores que fazem Bollycaos.

Aceitei, claro, contrariamente a todos os ensinamentos da minha Avó e da minha Mãe, que estavam sempre a ter a certeza que eu não aceitava nada de ninguém, basicamente porque sou pobre e gosto de borla mas, e principalmente, porque tenho alma (e corpo) de gorda e tudo o que vier parar ao pé de mim, morre por deglutição.

Porém, que nem tudo são rosas, e se fosse não haveria post, o raio do Bollycao não tinha cromo.
Como assim, não tinha cromo?

Não tinha cromo, estou a dizer!

Há quanto tempo é que não há cromos no Bollycao? Desde quando se instalou este flagelo? Como ousam estragar as ilusões de infância de uma pessoa que passou muitas horas da sua vida a coleccionar cromos do Bollycao?

Estive quase para voltar para trás e pedir um com cromo, mas já estava uma grande fila de gente a pedir bolos ao homem como se não comessem desde a última Páscoa, maneiras que vim embora verdadeiramente desiludida, ainda a pensar se devia mandar com o Bollycao à cabeça do homem ou comê-lo de uma assentada.

Ganhou a segunda hipótese.

Não sei como vou conseguir aguentar mais de um ano até à próxima e última temporada...

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Coisas que Vejo por Aí #43

Desde que houve uma alma caridosa e ligeiramente alentejana que me deu a dica, tenho andado a rondar a Primark como uma louca (mais do que habitual, leia-se) à espera de ver a famigerada colecção das mais variadas coisas subordinadas à temática Harry Potter.

A bem da verdade, não me interessava metade da cangalhada apresentada, apesar de reconhecer que se tratam de coisas giras; o que me interessava eram essencialmente as canecas que pudessem existir na colecção.
Mais especificamente uma com três pezinhos minúsculos, uma bordinha de caldeirão, toda preta.

Assim que bati os olhos nela, quis logo tê-la, mais que não fosse porque era amorosa.


Maneiras que andei, e andei e tornei a andar às voltas por aquele armazém enorme à procura da dita caneca, que não estava em lado nenhum. Já estava quase a desistir quando a vi, escondida no meio de uns pijamas foleiros. Obviamente que a trouxe, lavada em lágrimas e extremamente emocionada com o achado.

Também não será tanto assim. Mas gostei imenso dela e conto, a breve trecho, ir buscar mais uma ou duas para poder ter uma chávena paneleira no escritório.

Não é tão linda??


segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Meanwhile in Ergástulo - Parte Sexta

Nesta casa, ninguém vê nada, ninguém quer saber de nada, ninguém está preocupado com coisa nenhuma, nem sem os trabalhadores têm todas as condições que necessitam para trabalhar.
Mas durante o fim-de-semana põem-lhes teclados novos nos computadores, já que os velhos têm teclas que não funcionam e outras com vida própria. E isto sem receberem nenhuma dica nem queixinhas nem nada do género.

O que quer dizer que vieram para aqui espiolhar e acharam que não o poderiam fazer convenientemente com um teclado que não funciona.


De outra forma, como poderiam eles bisbilhotar as minha merdas e perceber que não ando a traficar informações nem clientes às escondidas?