quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Nada a Fazer XXIV

Toda a gente tem um guilty pleasure que tem algum prurido em confessar.

Isso é facto assente.

Qualquer coisa que gostem de fazer mas que parece parvo ou estúpido ou foleiro e por isso faz-se na mesma, mas às escondidas de toda a gente para que ninguém fique a saber quão parvo, foleiro ou estúpido se é.


Um bom exemplo de guilty pleasure é a Taylor Swift.
Há uma idade até à qual não faz mal ouvir Taylor Swift, é clean, é levezinho, não exige muito do cérebro. Isto até uma certa idade; pessoa alguma com mais de 17 anos gosta de admitir que ouve Taylor Swift, que é mega-fã e que compra todos os álbuns e que certamente iria ao concerto, se a moça passasse por cá. Não sucede. Porque Taylor Swift tem um público alvo (pitas, obviamente) e as músicas reflectem os dramas da idade da parvoíce melhor que ninguém. Mas a partir de uma certa idade já há algum pejo em dizer que se ouve uma senhora que só sabe escrever sobre gajos que são uns ursos sem moral nem coração e que a deixam para ir espalhar o seu charme para outras paragens sem deixarem número de contacto.

Outro bom exemplo são os danoninhos; ah e tal são para os putos, mas vejo muita velha a levar os danoninhos para casa escondidos nos sacos das verduras, que o colesterol e os diabetes enganam-se melhor se forem introduzidos alimentos verdes na dieta juntamente com iogurtes cheios de gordura.


Toda a gente tem guilty pleasures. Uns mais embaraçosos que outros, uns mais parvos que outros. Não significa que moldem a personalidade da pessoa, mas também não diz propriamente bem dela.



O meu guilty pleasure é o Dwayne Johnson.


Pode parecer uma coisa simples, mas demorei muito tempo - anos - até conseguir dizer isto sem ter vontade de me atirar de uma ponte, tamanho o embaraço.
Sempre será melhor que roubar, prostitui-me ou andar por aí a apanhar beatas do chão para as fumar, claro. E sempre será melhor que ouvir missa, comprar um aileron para o carro ou fazer uma tatuagem no fundo das costas, obviamente. E isto com todo o respeito (a bem da verdade, sem respeito nenhum, mas não se podem ferir susceptibilidades gratuitamente) por quem faz estas coisas todas.

Mas eu sou uma pessoa que tem a mania que tem critérios elevadíssimos, com a mania que tem ideias elevadíssimas e esta coisa de gostar do mesmo que a ralé faz cair os parentes  na lama, como diz a minha ilustre mãe.

Durante anos, achei um piadão descomunal ao homem, mas fui sempre negando até à exaustão. Vi sempre pelo rabo dum olho todos os filmes que passam na televisão em que entra o moço, exceptuando os velocidades furiosas desta vida que isso não consigo, peço desculpa. Volta não volta, até dava um saltinho pelas redes sociais do gajo, só para ver o que se passava por ali. Mas nunca admitia isto em voz alta, sob pena de parecer filha da freguesia de onde sou natural e isso, mais uma vez, faria cair a minha dignidade numa imunda pocilça.

E é preciso explicar que nem eu própria sei de onde vem este fascínio...

Odeio carecas (tema excelente para outro post), não sou grande apreciadora da beleza africana, detesto gente com mais músculo nos braços que a largura da minha cintura. No entanto, todos estes factores em Mr. Johnson culminam numa mistura estranha e, porém, agradável à minha vista. Não percebo, a sério que não me percebo a mim própria. E, tendo em conta os espécimes aos quais habitualmente acho piada, é deveras estranho. Não há cá guedelhas porcas, nem barbas de 15 anos, nem falta de banho. Não há dentes tortos nem pronúncias britânicas deliciosas, não há nada disso.
E no entanto entortam-se-me os olhos de cada vez que olho para o gajo.

Coisa mais estranha.
E ligeiramente embaraçosa.

Lá está, guilty pleasure...

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