quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

George Michael

Não podia deixar de assinalar a minha profunda e sincera tristeza pelo desaparecimento do músico. Isto porque, para além da inegável qualidade do trabalho e do enorme talento, a verdade é que, segundo lendas que pairam na minha família, parece que devo a existência a este senhor, que fez uns belos álbuns com umas belas músicas ao som das quais fui concebida (iuuuu, sinistralidade on sight). Resta a memória que, essa, com toda a certeza não se desvanecerá dado o imenso legado deixado às próximas gerações.
Espero que o vosso Natal tenha sido bom. O meu foi para lá de porreiro, com as montanhas de comida habituais e o convívio bonacheirão dos familiares que sobram. Apraz especialmente contatar que aquele mito de, assim que nascem os putos, os pais deixam de receber presentes é falso. Absolutamente falso! Será melhor não deitar muitos foguetes, que este foi só o primeiro ano...

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Queixume Pós Gestacional #5

Não é segredo para ninguém que sou uma ferverosa apoiante do sistema nacional de saúde.
Toda a vida me servi dele. Toda a vida fui bem tratada, bem atendida, a tempo e com resultados bastante positivos.
Nunca me coibi de fazer boa publicidade ao serviço público e confesso que sempre tive algumas dúvidas quanto à idoneidade de uma pessoa que falasse mal gratuitamente desta  instituição.
Não digo que não existam problemas, que existem e são bastante graves, ou que as pessoas não têm de que se queixar. Não é verdade; há muito ainda que fazer e muito o que melhorar. Apenas, até à data, não tinha tido qualquer experiência no sistema nacional de saúde que não fosse boa.

Até levar o puto ao centro de saúde de Almada para fazer o teste do pézinho.
A começar pelo facto de ter que se agendar o dito teste, o que para uma coisa que tem de ser feita até ao 6º dia de vida dos petizes e haver mais bebés em Almada que couves numa horta, faz imenso sentido.

Mas o que mete mesmo nojo é o escrutínio a que nos sujeitam.
Assim que, respondendo ao que me foi perguntado, disse que tinha sido seguida, durante a gravidez, por obstetra em clínica privada foi o descalabro.
Quando disse que tinha parido no Hospital de Cascais em vez de no bendito Garcia de Orta, foi o fim. Parecia que, ao invés, havia dito que nunca fui ao médico durante os nove meses e que tinha dado à luz numa casa de banho pública.
Fui sujeita a uma série de perguntas invasivas da minha privacidade, acerca das minhas escolhas e dos profissionais que me tinham seguido. Tiveram a lata e o descaramento de me perguntar inclusivamente o porquê de ter feito semelhantes opções.

Como não ficaram de todo contentes com as respostas, mas que é isto, gente que vai ao médico onde quer, mudaram o alvo da atenção para o rapaz e fizeram-lhe uma inspecção digna do Dia da Defesa Nacional.

Escusado será dizer que implicaram com tudo: com o peso, com a roupa que trazia vestida, com o tamanho da fralda, com o modo como pousámos o ovo com o miúdo lá dentro. E fizeram questão de frizar que a minha pessoa estava a amamental mal, sem querer saber se tinha leite ou não (a verdade é que não tinha e, duas semanas depois, a merda do leite sumiu-se para nunca mais voltar, mas isso não era importante para aquela vacaria).
Resumindo, tudo fizeram e disseram para que nos sentissemos os piores pais do mundo, em especial, a porca da mãe que não tinha nada que ir parir do outro lado do rio e de arranjar a obstetra que lhe apetecia, mas onde é que isto já se viu.

Portanto, puta que pariu esta merda toda.
Anda uma pessoa, no seu inocente socialismo, a dizer maravilhas do sistema de saúde que o Estado arranjou para depois lhe calharem estas escanchadas de merda, velhas como a terra que nunca nas suas vidas miseráveis devem ter frequentado um curso de enfermagem que não fosse um dado nas Novas Oportunidades (com todo o respeito pelas Novas Oportunidades), que fodem a cabeça o pessoal mais que imberbe nestas andanças da maternidade.

Deveria ter pena delas, que não conhecem mais da vida que aquilo que a revista Maria lhes mostra ou aquilo que as pessoas dos bairros problemáticos de Almada lhes trazem, mas não tenho. Porque aposto que com as pessoas do bairro não falam elas assim, que ainda há respeito pelas classes desfavorecidas. Pelas classes mais ou menos é que não há respeito nenhum.

Para o caralho com as gentinhas de merda.
Cada vez que penso que tenho que lá voltar para porras de vacinações e o caralho, até fico com cólicas em sítios que nem sabia que era possível ter cólicas. Ainda hoje, quando fomos ao passeio das vacinas dos dois meses, uma daquelas charolesas me perguntou se já tinha marcado a consulta e que pediatra é que tinha escolhido para o puto. E tu com isso, ó desocupada dum raio? És tu que marcas as consultas ou estás à espera de  me dar lições de deveres maternais? Se calhar estavas à espera que levasse o miúdo ao médico de clínica geral que atende 56747463 crianças por dia e não toma atenção a nenhuma, como o que vocês aí têm, em vez de o levar a um pediatra, não?

Foda-se mais a isto.

sábado, 3 de dezembro de 2016

My Name Is Fulla Shit


Estou a ter um dia particularmente desinspirado.

Significa tão somente que tenho uma série de impropérios e queixumes para deitar cá para fora e não consigo arranjar uma maneira minimamente airosa para o fazer.

Quem é que estou a tentar enganar? O que queria mesmo era escrever um texto mega encriptado a exorcisar uns males que para aqui andam.
Falar mal, portanto. Queria dizer um monte de alarvidades cá sobre coisas e não me apetecia muito que quem lesse percebesse exactamente a quem me refiro ou a quem me refiro.
Apetecia-me, afinal, ser cobarde e deixar camuflado todas as parvoíces que tenho vontade de dizer. Como é meu apanágio, no fim de contas.

Porém, hoje não sei se consigo.
A verdade é que estou um bocado chateada. Tudo porque subitamente me vi próxima de uma avestruz, não na literalidade da palavras, como é óbvio, que até costumava apreciar mas que, pelo comportamento demonstrado ao longo de sei lá quantos anos, passei a não gostar nada. Antes até tolerava; atribuía o comportamento estranho à excentricidade da personalidade. Agora acho só estúpido. Provavelmente sempre foi assim; à minha pessoa só agora é que bateu.

Não gosto lá muito que me mintam.
Também não aprecio muito que me façam de estúpida, contando mentiras que facilmente se descobrem. Requer-se de quem mente que a mentira seja minimamente engenhosa para que o interlocutor não descubra a mentira. E esse engenho até é algo meritório, requer muita imaginação e argúcia. Agora percebo que não há engenho nenhum, é mesmo só estupidez e vontade de fazer os outros de otários.
Tenho um certo problema com a má educação, também. A inconveniência das conversas é coisa que me causa alguma comichão no olho esquerdo. Estar à mesa a mandar bitaites idiotas e a fazer juízos de valor do comportamento alheio é coisa para me causar alguma confusão. Abancar na casa dos outros sem ser convidado dá-me uma imediata vontade de começar a servir chá laxante. Tanto ou tão pouco que obriga quem recebe a colocar o abancador delicadamente na rua, recorrendo a um mecanismo tão velho quanto (pensava) eficaz de "olha desculpa lá mas tenho que sair" (da minha própria casa, atente-se!). Mas o que me tira mesmo do sério é a ilustre resposta a esta tirada que pode surgir aos mais incauto dos idiotas que ainda se dão ao trabalho de ser educados: Então podes ir que eu fico aqui.


Ahn?!
Ficas na minha casa enquanto eu me vou embora???
A sério? Terei ouvido bem?!

Pensava eu que teria ouvido todas as tiradas de má educação aquando do meu casamento, em que tive oportunidade de ouvir toda a estupidez humana no que quis respeito a exigências (vejam só...) dos convidados. Afinal, estava profundamente enganada. Ainda estava mais para vir.

Portanto, só me resta praguejar e mandar vir.

Quésta merda, caralho?!

Lá que não tenhas apanhado o suficiente em pequeno não te dá o direito de esfregar a má educação nas trombas dos outros, esperando que todos reconheçam a majestade do gesto.

Acabou-se a parcimónia.
Porque se me acabou a paciência.