terça-feira, 1 de agosto de 2017

Aniversário


Parecendo que não já lá vão 10 anos desde que esta espelunca abriu portas.

10 anos.10 ANOS, CARAÇAS!!!

Onde se meteu o tempo?!

Olhando para os textos de então, concluo duas coisas: tinha a mania de escrever em código, mas código insusceptível de ser decifrado, tanto ou tão pouco que agora, mesmo que faça um esforço, não faço a mais pálida ideia a que raio me estava a referir e tinha claramente muito tempo em mãos para gastar a escrever parvoíces.

Continuo a gastar tempo a escrever essas parvoíces, é certo.
Mas tornei-me mais descarada ao longo do tempo.

Tempos houve em que passava a vida a escrever aqui parvoíces, dias os houve em que escrevi mais que dez posts seguidos. Noutros dias, como nos últimos tempos, meses se passaram que só viram publicados um ou dois posts. Associo esses tempos de parca produção literária, se é que se pode chamar literatura ao lixo que aqui deposito, aos tempos mais felizes da minha existência: quanto mais feliz, menos tenho que me queixar, ergo, menos idiotices para escrever.

No entanto, o Bona Mater Familias nunca foi apenas um depósito de queixumes, foi também uma espécie de diário, uma catarse, um escape aos problemas e uma forma de desabafo constante, que me ajudou, de alguma forma, a solucionar muitos problemas e inquietações. Pensar nunca fez mal a ninguém, e por pensar nas coisas, nasceram textos que, por sua vez, foram a própria análise dos problemas que lhe eram subjacentes.

Começou a quatro mãos, ficou reduzido a duas. Os tempos da colaboração já lá vão, mas os textos que não meus ficam para sempre nos anais da internet, a recordar ao autor momentos de maior ou menor inspiração. E essas recordações são muito boas.

Em dez anos, muita coisa aconteceu. Assim, no repente que foram estes dez anos, acabei o curso,  comecei o estágio, juntei trapinhos, agreguei-me à Ordem, casei e tive um rebento. Claro que quem está desprevenido pensa que só me acontecem tragédias, tamanha a tendência para o queixume, mas não foi sempre assim. Também sofri perdas, grandes e dolorosas. Principalmente nessas ocasiões, este espaço foi um alívio e um autêntico ombro amigo. Mais um gigantesco lenço de assoar, a bem da verdade. Mas gosto, pelo menos, de pensar que, simultaneamente com as memórias que me acompanham, esses textos deixam um bocadinho dessas pessoas no mundo.

10 anos.
Um década.
Olhando para trás, parecem-me dez dias.


Não obstante escrever essencialmente para mim, sei que há desse lado, vá, seis pessoas que de vezem quando ainda deitam os olhos às palhaçadas que escrevo, e isso, tendo em conta a falta de interesse destes conteúdos, só pode ser motivo de grande e profundo agradecimento.

Na esperança de que esta autêntica palhaçada se prolongue, pelo menos, por mais dez anos, resta olhar para a frente, sempre a pensar em mais queixumes para escrever, não esquecendo o passado, com tantas coisas boas e tão grandiosas queixinhas.

E contra isto, as habituais batatas.



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