Tenho dois amigos que muito prezo lá para os lados de Évora.
Acompanho-os desde os tempos de faculdade, assisti a casamento, nascimento de rebento, baptizado de rebento, ajuntamentos amiúde. Óptimas pessoas, gente afável e simpática ate à 15ª geração.
E, dado que não sou pessoa de arranjar muitos amigos, aborrecem-me as pessoas, fazer o quê?, convém preservar os que tenho e cuidar deles porque certamente não arranjarei mais amigos.
O único problema daquela gente sou eu.
Porque me têm como amiga e dos aniversários daqueles desgraçados nunca me lembro.
Nunca.
Nunca.
Not even once.
Por exemplo, assim que comprei a agenda jurídica fui logo lá escrever as datas, até alarmes no telemóvel pus. Tudo na vã tentativa de parecer menos ursa e lembrar-me efectivamente do aniversário das pessoas que me dizem alguma coisa. Do aniversário dele, ainda fui a tempo. Dela, que foi naquele dia fatídico em que passei um dia inteiro no spa da Conservatória, arranjar sarna para me coçar e a ver as pessoas a andarem à bulha, o tempo que passei a olhar para o telemóvel podia perfeitamente ter ido à agenda ver que dia era.
Estúpida, não fui. E agora faço figura de otária perante quem nunca se esquece do meu aniversário.
Passo aqui a vida a queixar-me da vida e daquilo que os outros me fazem, quando afinal mais vali queixar-me do quão estúpida sou.
Posto isto, E., desculpa.
Feliz aniversário.
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