sexta-feira, 14 de julho de 2017

Vai uma pessoa descansadinha, na sua vidinha, a falar para dentro com os seus botões, quando vê um banco de metal, daqueles grandes onde se conseguem sentar diversos cus sem incomodarem ninguém.

A pessoa vê o banco e pensa, é mesmo aqui que me vou sentar a fumar um cigarro. Ainda por cima sem ninguém à volta, sem ninguém lá sentado, é mesmo isto.

E assim fez. Senta-se numa ponta do banco e acende aquela coisa que um dia a vai matar.
Está assim, a pensar na morte da bezerra, quando começam a aparecer outras pessoas e também se sentam no banco.
Sentam-se longe, como está bom de ver, mas mesmo assim a pessoa fumante continua sem incomodar ninguém, visto que o fumo expelido é direccionado para outras paragens.

No entanto, e apesar de entre a pessoa e os outros haver um fosso, como se ninguém se quisesse aproximar e apanhar a peçonha fumegante, começa a ouvir-se uns espasmos, umas tosses estranhas, um constante abanar de mãos, como que para afastar o fumo que não está a ir naquela direcção. Tanto que a pessoa se sente compelida a levantar-se a ir fumar para outro lado.




Quer dizer, EU é que cheguei primeiro, EU é que estou sentada numa ponta do banco, feita leprosa, para não incomodar ninguém, as avestruzes de merda chegam depois e ainda se queixam, quais virgens ofendidas, e EU é que me levanto e me vou embora.


Não me venham falar em democracia nos próximos tempos.

Sem comentários: