domingo, 12 de agosto de 2007

100 anos de Torga

Sísifo

Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Miguel Torga



Talvez tenha ficado conhecido como um avarento de trato difícil e carácter duro, mas nada lhe tira o génio e a veia humana que imprimiu desde sempre na sua obra. Negando a qualquer deus qualquer louvor, transpunha para a condição humana, mesmo finita e limitada, um poder quase sobrenatural de transformação e imposição à própria Natureza, transformando o ser humano em criador e propagador da vida e do natural.
Dava ao homem um protagonismo digno de verdadeira adoração, de verdadeiro louvor.
Morre em Janeiro de 1995, deixando uma marca de genialidade na literatura portuguesa do século XX.
Leva consigo o nome de Adolfo Correia Rocha, ficando Miguel Torga como legado mais importante.

AS

2 comentários:

Anónimo disse...

Absolutamente brilhante. E queda-se aqui um justo gesto panegírico de surpreendente habilidade.

Diligentia disse...

adoro gente que usa palavras caras para expressar o mais simples dos comentarios.
AS