Queixume Jubiloso

Podia ser um dia como outro qualquer. Podia aproveitar o sol, o calor, as férias. Podia ser um dia de verão como tantos outros que estão por vir.
Uma tristeza. Os dias, uns atrás dos outros, sem nada que os diferencie, todos iguais, todos vividos da mesma maneira. O sol e o calor que não me fazem falta nenhuma. E, principalmente, os dias que estão por vir, o tempo que falta.
Ironicamente, passei o ano inteiro a gritar por descanso, a praguejar contra o trabalho quase escravo de todos os dias, a implorar por umas boas horas de sono, por uns míseros minutos de ócio. Agora que tenho tudo isto, não consigo dar valor nenhum. Continuo a necessitar do descanso, e é sem duvida um grande alívio não ter que ouvir falar do Antro durante umas semanas. Mas não consigo deixar de sentir, grandemente, que me falta algo. O mais importante.
Por isso, e como já deve ser do conhecimento geral, e se não é, passo a divulgar, a minha vida, tal como a da minha blogmate ( e nisto, creio que estou à vontade para falar livremente ), é uma autêntica anedota, quem sabe, puramente jurídica. Tudo o que se possa esperar que não vá acontecer, tropeço sempre com tais obstáculos no meu caminho. Aquilo que seria de evitar, acabo sempre por fazer ou por esperar. E a ironia está sempre presente, em todos os momentos. Como neste. E, como sempre, tenho sempre vontade de rir, até porque acaba por ter piada todos estes desencontros. Se me fosse pôr a chorar , já tinha uma lagoa no jardim, e o meu gato não ia gostar, que água não é com ele.
A única coisa que me resta é continuar a praguejar, a maldizer a minha sorte, a queixar-me até a exaustão. E esperar. Esperar que o tempo de descanso sirva para mais do que sentir a falta. Que é muita. E esperar também que este calor não se lembre de me torrar o que resta dos meus neurónios, que fazem sempre jeito.

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