quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O adeus definitivo às virgens

Quando é que de facto se perde a inocência? Aquela singeleza da alma, aquela candura única , aquela ausência de culpa, de remorsos, de pecado? E por outro lado porquê a conotação negativa? Porque não ausência também de experiência?Porquê achar que o facto de já não se ver a vida com doses gigantescas de raios de sol, arco-íris radiantes, sorrisos e cachorrinhos felizes é algo assim tão mau? O que há de errado em perder aquela cobertura de açúcar que toda a vida nos envolveu?

Alguma vez de facto nos protegeu?

Nada há de pecaminoso em perder a inocência; não é assim tão mau ver as coisas pela perspectiva positiva, entender que no fundo não houve uma desconstrução, uma desaprendizagem; houve crescimento, adestramento. Copo meio cheio! Copo meio cheio!

Se calhar doeu, se calhar custou, se calhar perfurou de forma tão profunda que deixou uma ferida, está em chaga e por vezes parece que ameaça, teimosa, em nunca sarar. Mas, em retrospectiva, não é bem na altura que dói. Na altura há um gostinho pérfido em manter a aflição, em colocarmo-nos no limbo e na ânsia de eventualmente a nossa vida mudar de forma radical num nanossegundo (torna o sentimento do mártir numa coisa muito mais solene). Leve excitação. Sentimos prazer até, porque no fundo fomos nós que nos colocámos naquela posição
- For experience purposes only... Pareceu valer o esforço. Pareceu e assim foi.

Foi na altura, porque se por momentos esquecemos as consequências nefandas dos nossos actos - lá está! Inocência! – é depois que inevitável e subitamente nos cai o mundo em cima.

É depois.
Depois.
Sim depois.
Depois do caminho penetrado!
Depois da via completamente escancarada!
Depois de ser impossível voltar ao ponto de partida!

E aí vemos. Tudo novo, tudo estranho, mas inevitavelmente tudo o mesmo, sempre o mesmo, o maldito mesmo de sempre. O que mudou? Simplesmente a paleta de cores com que víamos o mundo que nos rodeava. As leves nuances cinzentas é que dão cor à vida.

E não há absolutamente nada de errado nisso. É a vivência, são as circunstâncias, são, fatalmente, os outros que nos rodeiam. Fica o pesar de nunca mais podermos ver o mundo em eterna Primavera, a mágoa de saber que nunca voltaremos a reencontrar aquela essência que tanto acarinhávamos e dávamos como garantida. Fica a dor. Mas a dor é um passo, é importante e em última análise, cria carácter.

É tentar viver além dela, com as novas armas. Felizmente agora sabemos como é o mundo real.
SB

1 comentário:

Anónimo disse...

Perante tal desabafo axo que ñ poderia deixar, depois de ler este importante marco na descoberta daquilo que é a vida a desenrolar-se por debaixo dos teus pés, de desenhar umas palavravitas.....olol
Axo que a resposta pra todos os teus "porquês" vai estar no facto de seres obrigada a conviver c isto e c mt mais que por ai vira´....
Mas pk tanta dor? perguntas tu: ok...perder o "imanezito", pode ser doloroso, principlamente psicologicamente, mas é uma dor que é boa, uma dor que te abre mais um caminho na estrada longa que são as experiências que constroem a tua vida.....
È um momento importante, tudo bem...mas ñ tem que ser dramático ou marcado por tanta dor...tem que ser, pelo contrário, encarado, integrado em ti, como mais uma vivência c a qual aprendeste algo mais a aumentar no armáriozito das eperiências (onde as vais buscar de vezes enquanto pra veres o que passaste e pra pensares se queres voltar ou progredir...)
Eu, qualquer uma de nós pode dizer que foi uma das melhores coisas que pode acontecer ao ser humano....é pelo menos a minha opinião....lolololol
Mts jinhos....
Eu tou aqui....