domingo, 12 de dezembro de 2010

Percebe-se, a final, como é possível uma pessoa ser triste e miserável uma vida inteira. Apenas quando não há nada para fazer é que se pensa na tristeza e na angústia; enquanto se está ocupado, seja a fazer o que quer que seja, nem que seja só arrumar o quarto, despejar o caixote do lixo, ver televisão, cagar, ler um livro, aí, não, nem pensar, não vês que estou ocupado, fica para depois, o que interessa é enganar o inevitável o maior tempo que se consiga, o que até soa bem e bastante empolgante, como enganar a morte só que sem o perigo de esticar o pernil, que bom, não é?, assim só se pensa no que de mais desagradável há quando não há absolutamente mais nada que fazer, enquanto houver, protela-se.
E, quando se dá por isso, aquilo que se anda a evitar não se cansou e não se foi embora, não desapareceu com o tempo, não se esbateu nem diminuiu, ficou apenas à espera que houvesse tempo, e por isso, há anos que está ali.

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