sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Liminarmente Indeferido

As pessoas têm sérias dificuldades em ouvir um não.
Leram demasiados livros de auto-ajuda em que permanentemente se advoga a estratégia do nunca desistir, de perseguir os sonhos, de lutar sempre e todas essas tretas que são muito bonitas num romance de Nicholas Sparks e que só servem para vender livros a quem não tem mais nada que fazer.
Estão plenamente convencidas que insistir e insistir, vá lá, vá lá, por favor, deixa lá, e voltar à carga de vez em quando, na esperança que a pessoa mude de ideias só pelos seus lindos olhos é a estratégia a adoptar para se ter o que se quer.
Quando não conseguem, insultam, usam da violência verbal, tudo num tom coloquial, de brincadeira, como se tivéssemos andado todos na escola, porque nos conhecemos tão bem que nos são permitidas este tipo de atitudes estúpidas, ah ah ah, tanta piada que tenho, somos todos tão amigos, como se isso fosse capaz de ocultar ou disfarçar que acabaram de insultar a pessoa da qual querem obter uma coisa.
É só por aqui que isto soa parvo?
Quer dizer, querem uma coisa de uma pessoa, não conseguem por todos os meios que dispõem, e insultam-na. À pessoa da qual pretendem arrancar qualquer coisa.
Acaso não acham que isso pugna muito pouco a vosso favor?
Acaso não acham que isso é tão somente um acto de desespero, puro e duro?
Acaso não acham que isso que fazem é uma infantilidade inominada?
Mas como leram num livreco qualquer que é bom não desistir, ser perseverante, vá de fazer tudo o que quiserem para verem a sua pretensão deferida, fazendo a birrinha dos pitinhos quando não têm o chupa-chupa. E os outros que aturem.
Pois sim, e eu sou o Primeiro Ministro.
Não.
Não é não, e quer dizer tão somente, não.

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