Levanta-se uma criança inocente cedo da sua caminha, nos confins do mundo, para se dirigir ao Antro que tantas vezes a desgostou, pensado que nada mais a surpreenderia num universo atroz e velhaco.
E convicta de que mais nada estaria para vir num espaço em que o tudo pode acontecer é uma verdade absoluta, eis que surge no horizonte um aglomerado de artefactos,mesmo no meio de uma instituição, de si propícia a desaires políticos, pedagógicos e emocionais para os que o frequentam, objectos esses alvo da curiosidade da dita inocente infante.
Qual não seria o espanto, mesmo de quem tudo espera debaixo do tecto que a abriga, quando, chegando mais próximo do conjunto para melhor reparar no que os seus olhos míopes lhe diziam, se depara com um singelo mas não menos digno altar de adoração à figura do último Presidente do Conselho do Estado Novo.
E nada lhe faltava. Um velho lenço bordado, gasto pelo tempo e pelas mãos que o tocaram cobre uma cadeira, onde repousa um quadro com a fotografia do senhor dos óculos de aros de tartaruga, que deve ter ficado bem presente na memória daqueles que tinham idade para assistir ao Conversas em Família, aos domingos à noite, num tempo em que a televisão não conhecia filmes de ficção cientifica ou programas de entretenimento dedicados à dança. Junto à fotografia do professor, uma pequeno texto de agradecimento e louvor ao mesmo, feito pelo simples mas de boa memória, pelos vistos, senhor idoso que se arruma a um canto a vender fotocópias de um tempo há muito ido, onde se enaltece todas as qualidades do tirano, perdão, estadista, sem nunca deixar de fora as imagens imensas de santos, mártires e outros da mesma espécie, como que a iluminar o caminho no além de tão conhecida figura.
Criança tola, que confiara nas glórias da Democracia moderna e no Estado de Direito do seu país nos últimos 34 anos para fazer esquecer os negros anos de obscurantismo e atentados ao livre pensamento, sente-se aturdida e precisa rapidamente de um balde de café e uns quantos pauzinhos daqueles que se acendem na extremidade e se puxa o ar, carregado de substancias bronzeadoras de pulmões, para recuperar.
Então, e as maravilhas do mundo de pensamento livre, do sistema jurídico tão bem organizado e estruturado, que tanto trabalho dá a estudar e a perceber, das leis justas e iguais, o livrinho azul, tão bonito e com ideias brilhantes, que seria suposto ser perfeito e superior a todos os outros actos normativos, onde fica, se há gente que, afinal, sente a falta do tempo da outra senhora, em que tudo era limpo, pobre, honesto, trabalhador? Onde fica a ideologia e a vontade de ser melhor com um novo sistema? Julgarão que a confusão que existiu na madrugada de dia 25 de Abril foi uma grande festa porque nesse dia ninguém queria ir trabalhar? Miudinha insolente, a censurar as ideias os outros, afinal quem é que não deixa expressar quem?
Não é questão de liberdade de expressão, ou de ideias próprias de cada um, ou a quem queiram agradecer por uma vida submissa e triste. Não é censura, o Estado de Direito é como o deus de alguns, tudo permite e tudo perdoa, porque é superior a tudo, a todos ama, e na diversidade reside a riqueza.
É porque é assim que se acaba com a inocência de alguém. E ninguem vê. Passam pelo templo improvisado e nem reparam no que realmente lá está. E ninguem se mostra surpreendido.
Deve ser normal sentir falta de quem nos bate.
E convicta de que mais nada estaria para vir num espaço em que o tudo pode acontecer é uma verdade absoluta, eis que surge no horizonte um aglomerado de artefactos,mesmo no meio de uma instituição, de si propícia a desaires políticos, pedagógicos e emocionais para os que o frequentam, objectos esses alvo da curiosidade da dita inocente infante.
Qual não seria o espanto, mesmo de quem tudo espera debaixo do tecto que a abriga, quando, chegando mais próximo do conjunto para melhor reparar no que os seus olhos míopes lhe diziam, se depara com um singelo mas não menos digno altar de adoração à figura do último Presidente do Conselho do Estado Novo.
E nada lhe faltava. Um velho lenço bordado, gasto pelo tempo e pelas mãos que o tocaram cobre uma cadeira, onde repousa um quadro com a fotografia do senhor dos óculos de aros de tartaruga, que deve ter ficado bem presente na memória daqueles que tinham idade para assistir ao Conversas em Família, aos domingos à noite, num tempo em que a televisão não conhecia filmes de ficção cientifica ou programas de entretenimento dedicados à dança. Junto à fotografia do professor, uma pequeno texto de agradecimento e louvor ao mesmo, feito pelo simples mas de boa memória, pelos vistos, senhor idoso que se arruma a um canto a vender fotocópias de um tempo há muito ido, onde se enaltece todas as qualidades do tirano, perdão, estadista, sem nunca deixar de fora as imagens imensas de santos, mártires e outros da mesma espécie, como que a iluminar o caminho no além de tão conhecida figura.
Criança tola, que confiara nas glórias da Democracia moderna e no Estado de Direito do seu país nos últimos 34 anos para fazer esquecer os negros anos de obscurantismo e atentados ao livre pensamento, sente-se aturdida e precisa rapidamente de um balde de café e uns quantos pauzinhos daqueles que se acendem na extremidade e se puxa o ar, carregado de substancias bronzeadoras de pulmões, para recuperar.
Então, e as maravilhas do mundo de pensamento livre, do sistema jurídico tão bem organizado e estruturado, que tanto trabalho dá a estudar e a perceber, das leis justas e iguais, o livrinho azul, tão bonito e com ideias brilhantes, que seria suposto ser perfeito e superior a todos os outros actos normativos, onde fica, se há gente que, afinal, sente a falta do tempo da outra senhora, em que tudo era limpo, pobre, honesto, trabalhador? Onde fica a ideologia e a vontade de ser melhor com um novo sistema? Julgarão que a confusão que existiu na madrugada de dia 25 de Abril foi uma grande festa porque nesse dia ninguém queria ir trabalhar? Miudinha insolente, a censurar as ideias os outros, afinal quem é que não deixa expressar quem?
Não é questão de liberdade de expressão, ou de ideias próprias de cada um, ou a quem queiram agradecer por uma vida submissa e triste. Não é censura, o Estado de Direito é como o deus de alguns, tudo permite e tudo perdoa, porque é superior a tudo, a todos ama, e na diversidade reside a riqueza.
É porque é assim que se acaba com a inocência de alguém. E ninguem vê. Passam pelo templo improvisado e nem reparam no que realmente lá está. E ninguem se mostra surpreendido.
Deve ser normal sentir falta de quem nos bate.
2 comentários:
Esqueceste-te do Harry Potter que o senhor também lá tem; cá pra mim o quadro é uma referência ao Slytherin...
É verdade, esqueci-me mesmo, fiquei demasiado aturdida com tanta manifestação de idiotice.Há que lembrar que o próprio Slytherin tem o nome que tem graças ao amigalhaço portugues que era o salvador da pátria...
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