sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O que diz a Avózinha

Verdades inelutáveis e absolutas, incontornáveis e fiéis a si mesmas, dogmas e frases feitas relativamente à natureza dos homens, no sentido global, claro está, são o tipo de coisas que toda a vida se ouvem dizer sem nunca verdadeiramente se fazerem fé nelas. O que quer que se lhe queira chamar a estas verdades, premissas, frases feitas, bojardas, filosofias, o que é certo é que existem. Assim como a língua mãe é rica em provérbios e dizeres afins carregados de sabedoria, mesmo que ninguem os use, desgraçadamente seriamos todos muito mais felizes se seguíssemos as popularidade, ninguem roubava, matava ou espirrava para cima do vizinho sem partir uma quantidade de bilhas que vão à fonte e lá ficam e infortúnios semelhantes que o disparate comanda, proliferam as ditas verdades sem que ninguem se lembre delas.

Ouvir a avózinha dizer para ter cuidado com os velhos que levam os meninos nos sacos não é tão mentira quanto isso. Escutar a mãe falar dos rapazes maus como demónios negros que saltam a cada esquina para maltratar as meninas inocentes também não foge à verdade. Ou mesmo o paizinho que avisa o filhote como as mulheres conseguem ser todas umas grandes mafiosas que guiam os homens à loucura também não deixa nada a faltar aos factos que existem. Quantas vezes foram proferidos estes dizeres? E quantas vezes são ouvidos?

A bem da dita verdade, não são ouvidas de todo. Porque o mundo é um lugar de filha-da-putice, são todos uns bodes e vêm encher a vida dos outros de miséria e desalento. Porque as mães e pais deste mundo, por melhor que tratem os filhos, nunca deixam de os avisar para o pior que a vida traz ; faz parte da educação destruir as ilusões infantis para as substituir por premissas de desilusão.
Ainda se admiram, as almas inocentes, por estar o mundo cheio de trafulhices e gente imprestável. Deviam estar com certeza a comprar pão e bolinhos quando se deram as importantes lições de vida. E ainda se admiram, mesmo depois de crescer.
E qual seria a conclusão a tirar da descoberta negra e destroçadora de corações? Impermeabilizar a alma e a mente para protecção contra tais situações? Contorná-las com a sabedoria de quem aprende e apreende? Evitar pessoas e momentos que possam trazer dissabores futuros?

Assim não será.

Há que ser sacana para tapar a sacanice. Há que ser tão malvado quanta a maldade impressa nas acções do outro. Há que fazer igual, porque somos todos iguais e a igualdade, entre outros, é dos princípios basilares de tudo. Há que sacanear em primeiro lugar antes que o próximo venha com diligencias maldosas. Há que ser mais papista que o papa. Há que ter menos escrúpulos que os resto do mundo.

Assim será.

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