O coração é um músculo, situado no peito do ser humano, ladeado pelos pulmões e protegido por um conjunto de ossos, que serve para bombear o sangue para todo o corpo.
É associado a uma espécie de central de produção de sentimentos, depósito de emoções e fábrica de pensamentos, mesmo sabendo que tudo se passa num outro órgão, situado na extremidade superior do corpo humano que, esse sim, é o centro de tudo.
Porém, e seguindo uma lógica romântica, a imagem de que o coração é o centro da actividade emocional mantém-se. Até porque ajuda a manter a aura de mistério à volta de aspectos que nem sempre se compreendem ; assim, quando as emoções vindas do cérebro são mal entendidas, mal explicadas ou vem tomar um rumo inexplicável e inesperado, para o qual não se encontram motivos, é tão mais fácil chutar a explicação para o campo do coração, que tem razões que a razão desconhece, do que estar a perder horas de sono, tão precioso, a tentar descortinar a essência da coisa. Fica, então, explicado porque se continua a falar em coração como processador único de emoções, acções e pensamentos, como se a ciência não tivesse evoluído e descoberto as reacções químicas e eléctrodos dos neurónios no cérebro.
É compreensível que ainda se associe ao coração a centralidade emocional ; afinal, ele é o primeiro a dar de si quando alguma coisa sucede, ele é o primeiro a sentir o que o cérebro constrói, ele é o primeiro a bater mais depressa nalgum facto acontecente mais agudo, seja de que natureza for. Pode não ser a origem do sentimento, do pensamento, do arrepio, mas é o alvo, o epicentro, o local do acidente quando os factos acontecem. E por tudo lá se dar, o coração é um órgão sensível.
Sensível às mudanças, às palavras, aos gestos e comportamentos, às pessoas, aos factos, à historia, ao futuro, às mentiras, às omissões, às trapaças e faltas de chá, alheias e próprias. Sensível a todas estas circunstâncias, e as que mais existirem, é o órgão, que mesmo passados 1000 anos da idade medieval, continua a ser de alguma forma responsável por tudo o que vem do cérebro e não pode ou não consegue ser racionalizado.
Porém, o estúpido, sensível a tudo o que lhe possam fazer, e que chora anos a fio por coisas que passariam melhor se fossem relativizadas, e que precisa de milhares de curativos para se refazer de arranhões que deixarão, inevitavelmente, cicatrizes, mesmo assim, dá-se ao luxo de, de quando em vez, mudar a rota sem dar cavaco ao portador, deixando-o miserável com as indicações contraditórias recebidas.
De repente, dá-se uma ventania e acaba-se a paz ; vá de mudar o caminho, a perspectiva, os gostos, as pessoas, as vistas, e segue como se nada fosse, como se ainda não há dois segundos tivesse vindo de outro sitio a milhares de km de distancia. Dá-lhe uma inspiração e lá vai, contente da vida, andar por caminhos de cabras quando tem uma auto-estrada disponível, a preferir correr atras do porco quando tem costeletas no supermercado, a andar descalço quando tem sapatos.
E segue o seu rumo sem mais olhar para trás, danando-se o dono, que tem um cérebro funcionante que sabe os perigos que têm os caminhos íngremes e secundários, que tem consciência de que o porco pode não ter sido sujeito a controlo sanitário, que tem conhecimento que andar descalço na rua é doloroso.
No entanto, nada pode fazer ; assim é e assim caminha, sem justificações.
Traidor.
É associado a uma espécie de central de produção de sentimentos, depósito de emoções e fábrica de pensamentos, mesmo sabendo que tudo se passa num outro órgão, situado na extremidade superior do corpo humano que, esse sim, é o centro de tudo.
Porém, e seguindo uma lógica romântica, a imagem de que o coração é o centro da actividade emocional mantém-se. Até porque ajuda a manter a aura de mistério à volta de aspectos que nem sempre se compreendem ; assim, quando as emoções vindas do cérebro são mal entendidas, mal explicadas ou vem tomar um rumo inexplicável e inesperado, para o qual não se encontram motivos, é tão mais fácil chutar a explicação para o campo do coração, que tem razões que a razão desconhece, do que estar a perder horas de sono, tão precioso, a tentar descortinar a essência da coisa. Fica, então, explicado porque se continua a falar em coração como processador único de emoções, acções e pensamentos, como se a ciência não tivesse evoluído e descoberto as reacções químicas e eléctrodos dos neurónios no cérebro.
É compreensível que ainda se associe ao coração a centralidade emocional ; afinal, ele é o primeiro a dar de si quando alguma coisa sucede, ele é o primeiro a sentir o que o cérebro constrói, ele é o primeiro a bater mais depressa nalgum facto acontecente mais agudo, seja de que natureza for. Pode não ser a origem do sentimento, do pensamento, do arrepio, mas é o alvo, o epicentro, o local do acidente quando os factos acontecem. E por tudo lá se dar, o coração é um órgão sensível.
Sensível às mudanças, às palavras, aos gestos e comportamentos, às pessoas, aos factos, à historia, ao futuro, às mentiras, às omissões, às trapaças e faltas de chá, alheias e próprias. Sensível a todas estas circunstâncias, e as que mais existirem, é o órgão, que mesmo passados 1000 anos da idade medieval, continua a ser de alguma forma responsável por tudo o que vem do cérebro e não pode ou não consegue ser racionalizado.
Porém, o estúpido, sensível a tudo o que lhe possam fazer, e que chora anos a fio por coisas que passariam melhor se fossem relativizadas, e que precisa de milhares de curativos para se refazer de arranhões que deixarão, inevitavelmente, cicatrizes, mesmo assim, dá-se ao luxo de, de quando em vez, mudar a rota sem dar cavaco ao portador, deixando-o miserável com as indicações contraditórias recebidas.
De repente, dá-se uma ventania e acaba-se a paz ; vá de mudar o caminho, a perspectiva, os gostos, as pessoas, as vistas, e segue como se nada fosse, como se ainda não há dois segundos tivesse vindo de outro sitio a milhares de km de distancia. Dá-lhe uma inspiração e lá vai, contente da vida, andar por caminhos de cabras quando tem uma auto-estrada disponível, a preferir correr atras do porco quando tem costeletas no supermercado, a andar descalço quando tem sapatos.
E segue o seu rumo sem mais olhar para trás, danando-se o dono, que tem um cérebro funcionante que sabe os perigos que têm os caminhos íngremes e secundários, que tem consciência de que o porco pode não ter sido sujeito a controlo sanitário, que tem conhecimento que andar descalço na rua é doloroso.
No entanto, nada pode fazer ; assim é e assim caminha, sem justificações.
Traidor.
1 comentário:
Eu sigo o meu coração.
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