Pensemos em auto-estima.
Consideremo-la baixa. Não! Nula. Inexistente. Reflexamente, tenhamos em conta a necessidade incessante, neurótica, quase obsessivas de aprovação: não por nós mesmos, não de olhar para o espelho e aceitar incondicionalmente aquilo que se tem, aquilo que se é, e no fundo, aquilo que, feliz ou infelizmente, é inato, mas o desejo íntimo e secreto de simplesmente pertencer, encaixar-se no perfil; ser aquilo que os outros esperam.
Abraçando esta vontade de demonstrar uma imagem de perfeição impecável, de corresponder às expectativas de sombras específicas que vão pairando ao longo da nossa existência, vamos esquecendo o nosso próprio desenvolvimento. Não somos nós, nem nunca seremos. Seremos para todo o sempre mutantes. Invólucros ocos que mudam consoante a brisa e se adaptam a humores e devaneios destas sombras.
É preciso ver a luz! Quebrar as correntes e viver!
Não é possível. O autómato em que nos tornámos não aprendeu a ganhar directrizes próprias, a conhecer o caminho e o medo de ser tarde de mais assombra-nos. O ciclo é vicioso e ter consciência dele e da sua irreversibilidade é o pior.
Tristemente perdemos a capacidade – ou então nunca ativemos de todo – de confiarmos em nós mesmos. Não somos seres resistentes; estamos agora e para sempre vulneráveis a insultos, a levar a peito impropérios injustos, a ser rebaixados sem causa justificativa, porque, em última instância não nascemos com a habilidade de simplesmente olhar para o espelho. Somos anorécticas da alma, e toda a vida veremos o que está diante dos nossos olhos de forma retorcida.
A auto-análise não está nos nossos genes; somos pisados, ultrajados e magoados e tudo porque nunca soubemos reconhecer o (grande) valor que temos.
E é por isso que não somos nada, somos ridículos.
Perdoem-nos. Resquícios de auto-estima baixa. Não! Nula. Inexistente.
SB
2 comentários:
Li o texto 2 vezes e sinto necessidade de dizer que me identifco bastante com o que escreves. É sobretudo complicado ser assim e tentar corresponder ao que esperam de nós, porque (nem sabemos bem porquê), ao que parece, até esperam bastante de nós! E o pior é o sentimento de que vamos desiludir, que de tão obsessivo se acaba por tornar realidade a curto/médio prazo. Ao contrário de ti, eu acho que a auto-análise está mesmo nos "nossos" genes; simplesmente é uma auto-análise constantemente destrutiva.
Quero acreditar que não será sempre assim. Quero dar vida a alguém e ensiná-lo a não ser assim. Talvez isso nos complete.
Continuação de bons textos *
bem...queria deixar um "comentariozinho" qt ao que acabei de ler, mas depois de ver o comentário aqui do nosso amigo, axo que ñ há mt mais a dizer....lolol
Toda a envolvência de um texto destes merece um elogio à sinceridade e à veracidade, tudo o que li é a mais pura das verdades...acordamos de manh, e ainda antes de abrir os olhos, já tamos a pensar no que vai ser o dia mais massacrante que alguma vez iremos ter,isto claro dependendo do estado de espirito que no dia paira sobre nós...
Seremos seres tão estranhos? ou simplesmente sensíveis ao que ouvimos, ao que vemos, ao que tocamos, ao que recebemos.....Tudo isto vai influenciar o inicio do dia,o decurso do dia e, principalmente o fim....Opior é o esgotamento, a exaustão, o cansaço final, tudo cai sobre nós, uma nuvem cinzenta cobremos.....
vamos pra casa, fechamo-nos no quarto e, ao respirar fundo, um alivio assombra-nos....fechasse os olhos e amanhã rudo recomeça....
Jinhos......
Enviar um comentário