segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Decoração de Interiores

Observar crianças a interagir com os seus pares é uma actividade engraçada. E produtiva. Através desta observação, consegue formar-se uma ideia de como estes pequenos seres poderão ser e agir mais tarde e, melhor ainda, consegue ter-se uma ideia generalizada de como outras crianças mais crescidas actuam no seu meio. Porque a diferença entre as crianças e os adultos, aparentemente, reside no comprimento das pernas e no volume do corpo.

Senão vejamos :
Quando uma criancinha não tem aquilo que quer, chora, grita, faz birra, incomoda toda a gente com o seu chinfrim endurecedor ; os adultos, quando contrariados, não choram, nem gritam, nem fazem chinfrim ( à frente dos outros, claro está ) mas a birra permanece, continua a ser feita, apenas mais discretamente ; mas o facto do petiz mimado que não tem o que lhe apetece, e por isso parte para uma valente má disposição, conduta patente no adulto, igualmente mimado, que faz cenas ridículas e que em nada devem à inteligência, quando as coisas não correm como o esperado. Retiram-se uns quantos berros, lágrimas de crocodilo e um espernear frenético, enquanto se bate vigorosamente com os punhos no chão, e a cena da infância poderia ser a da vida adulta. A subtileza é a grande diferença.

Mais : quando uma criancinha inocente entra num briga com uma outra criancinha, igualmente inocente, e não se consegue defender convenientemente, parte de imediato para a agressão, seja verbal ou física. A verdade é que a maturidade dos seres que se atacam mutuamente no recreio da escola não passa de uma pequena gota em toda a sua personalidade em formação, pelo que não lhes é exigível que se saibam comportar, sem parecerem que vivem na aldeia dos macacos, quando se envolvem em zaragatas.

Curioso é o facto de tal fenómeno se repetir quando as crianças crescem, se tornam crescidas, e interagem de maneira diferente com os outros membros da sociedade, que não toque os limites dos empurrões e das bofetadas à hora do intervalo. Talvez a violência não seja tão explicita, nem tão perceptível, mas o facto é que, quando não se encontra mais forma nenhuma de defesa, a melhor defesa passa a ser o ataque .
Quando o chupa-chupa se parte e não sobra mais nada senão o pauzinho, o que há a fazer é partir para a pancadaria ; quando o algodão doce se acaba, a solução é bater na velha que o vende.

A melhor defesa passa a ser um ataque de estupidez e baixo nível, que mostra o quão triste se é quando é necessário usar a força, mesmo que verbal, para se fazer valer. Porque não há outra maneira de sobressair sem ser a pisar os dedos de quem se encontra pendurado no abismo.
Tão fácil ser criança a tempo inteiro, e este tipo de atitudes ficarem justificadas pela ternura da idade e por uma crueldade própria do tempo jovem.





AS

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