domingo, 25 de novembro de 2007

VI

Porque nem tudo o que se declara como definitivo e claro tem de o ser exactamente nesses termos para toda a eternidade. Afinal, nem todos os dogmas que se puseram de parte para serem substituídos por outros dogmas, igualmente idiotas e desprovidos de senso como os anteriores, são tao descabidos como antes pareciam ser.
Talvez, nem sejam dogmas de todo, mas são fulcrais ; tão fulcrais, que se pergunta onde se andou para não ver a essencialidade dos mesmos.
Mesmo que sejam dogmas, ou frases feitas, ou chavões, ou factos inquestionáveis, ou simplesmente, conclusões de quem não tem mais nada que fazer senão amargurar toda uma existência, ficam de parte, o que deveria ficar retido na mente, para não mais ser esquecido.
Devem existir momentos, em alguma altura da vida, em que se esquece de onde se veio, o que se fez, onde se andou, quem se foi, para viver unicamente com um objectivo. Devem existir horas, minutos e segundos, mesmo que ilusoriamente, não se respira, nem o coração bate, apenas se vive para contemplar o objecto de adoração.
Existem esses momentos.
Existem, e não são propriamente poucos.
Para quem andou décadas a tentar eliminar o sentido do sentimento e a existência do mesmo à face da terra, esbarrar com ele, viver com ele, respirar com ele, constatar que ele vive e respira também é a melhor das constatações.
Afinal, qual é o pessimista que não gosta de ser surpreendido, frustrando as próprias projecções pela mais positiva das perspectivas?
AS

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