Dos Incidentes, Pareceres e Vicissitudes várias. Porque "Quando a ralé se põe a pensar, está tudo perdido", lá dizia Voltaire...
segunda-feira, 23 de dezembro de 2019
Boas Festas
Porque a vida não é só desaparecimento e falta de tempo para escrever; é também tempo de enfardar e aproveitar o tempo em família.
Feliz Natal!
terça-feira, 26 de novembro de 2019
quinta-feira, 21 de novembro de 2019
Tristeza
E agora que já percebemos todos que fiquei sem nada para ler, já podemos voltar às nossas vidinhas.
Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve
Estava morno e sem grande interesse quando se dá uma reviravolta na história completamente inesperada. Mudou tudo, inclusive o interesse que passei a ter no desfecho da historia.
Não propriamente aconselhável para sensíveis, dado o peso do acontecimento, transporte o leitor realmente para dentro da história e deixa uma pequena angústia quando acaba.
Muito bom!
Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve
Quando uma pessoa pensa que já leu tudo o que havia para ler deste autor, que nada mais é novidade e que, no fundo, os seus romances são todos iguais, aqui está a prova em contrário.
Em discurso directo, uma história fora do comum e bem descrita, rica, coerente, verosímil. Um final surpreendente, ajuda a deixar muitas saudades e a não deixar qualquer tipo de arrependimento de continuar a seguir de perto Mr. Grisham.
Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve
Simon Scarrow não perde a mão. É impossível a este autor
deixar-se levar pelo fácil ou pela preguiça e escrever a metro e sem qualidade.
Quando temia que, a dada altura, não mais houvesse que
escrever, nem que inventar, nem como fugir à idade dos personagens, que já não
vão para novos e qualquer dia outro remédio não haverá se não deixarem de andar
por aí, por montes de vales, a combater.
Mas Scarrow é maior que tudo isso e tem uma imaginação
ilimitada, um conhecimento profundíssimo sobre a época que retrata e só tenho a
agradecer poder ler as maravilhas que ele escreve.
excelente!
Leituras Nº --. Qualquer Coisa Serve
Não é lá grande coisa, vá.
Demasiadas descrições, demasiada arrogância na escrita,
demasiada pretensão numa história que não é assim tão interessante e
definitivamente não é interessante da forma como está contada.
Só fica qualquer coisa de jeito lá mais para o fim e não
deixa saudades.
Fracote.
Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve
Começo sempre com alguma relutância os livros de Daniel
Silva. tenho para mim que este ´+e um autor que promete muito, tem umas capas
de livros muitíssimo interessantes, uns títulos muito bem estudados pelo
marketing para saber agradar ao público, mas no fundo a qualidade não é assim
tanta. tendo isto presente, até gostei da história. Acho o personagem principal
um tanto ou quanto palerma, mas acaba por saber enquadrar-se no enredo.
Escapa.
Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve
Tentando recuperar tempo perdido:
Surpreendentemente, adorei e fiquei presa à história num instante. Não era nada apelativa, nada convincente, mas não haja dúvida nenhuma que é um grande thriller. Mesmo sendo uma sequela de uma primeira história, a mestria da escrita é tamanha que não se sente qualquer lacuna por não se ter lido a primeira parte.
Muito bom!
Surpreendentemente, adorei e fiquei presa à história num instante. Não era nada apelativa, nada convincente, mas não haja dúvida nenhuma que é um grande thriller. Mesmo sendo uma sequela de uma primeira história, a mestria da escrita é tamanha que não se sente qualquer lacuna por não se ter lido a primeira parte.
Muito bom!
Regresso do Queixume
Não era suposto ter acontecido...
Nunca tinha sido atropelada desta forma pela Judicatura, de forma a deixar para trás este canto de queixume.
Pela segunda vez, vamos lá arrebitar isto e retomar o tempo perdido.
Nunca tinha sido atropelada desta forma pela Judicatura, de forma a deixar para trás este canto de queixume.
Pela segunda vez, vamos lá arrebitar isto e retomar o tempo perdido.
terça-feira, 10 de setembro de 2019
Well, shit...
Com esta brincadeira toda, passou mais de um mês, voaram as férias, estou de regresso à labuta e regressa também o queixume costumeiro por estas bandas...
quinta-feira, 1 de agosto de 2019
sexta-feira, 26 de julho de 2019
Mais Que Certo
Estará para nascer um patrão que não fique extremamente incomodado e aborrecido pelo facto de um funcionário ir de férias.
Não existe ainda um chefe que não arme um mini escândalo ou tenha um mini AVC quando se aproxima a data do empregado deixar tudo para ir descansar.
Não há.
Simplesmente não há.
Tantos anos a aturar patronato e ainda não me habituei a isto.
Não existe ainda um chefe que não arme um mini escândalo ou tenha um mini AVC quando se aproxima a data do empregado deixar tudo para ir descansar.
Não há.
Simplesmente não há.
Tantos anos a aturar patronato e ainda não me habituei a isto.
segunda-feira, 22 de julho de 2019
A coisa boa de estar toda a gente a começar a ir de férias é que o escritório está meio vazio e, portanto, poderia começar aqui a dançar a conga que ninguém haveria de se importar muito com isso.
Não há, já, grande coisa para fazer porque está tudo mais ou menos adiantado para o período de descanso que se avizinha e o stress passa pelo dilema do que fazer em primeiro lugar, arrumar pastas ou arrumar canetas, sendo que coçar-se é, evidentemente, a primeiríssima escolha.
O pior disto (se é que há alguma coisa de mal em estar à vontade) é que não há ninguém para conversar e os tempos mortos são passados à janela a ver a velha do prédio da frente deixar cair os guarda-chuvas da varanda e ir tirar um olho ao vaso de begónias três andares mais abaixo.
Não há, já, grande coisa para fazer porque está tudo mais ou menos adiantado para o período de descanso que se avizinha e o stress passa pelo dilema do que fazer em primeiro lugar, arrumar pastas ou arrumar canetas, sendo que coçar-se é, evidentemente, a primeiríssima escolha.
O pior disto (se é que há alguma coisa de mal em estar à vontade) é que não há ninguém para conversar e os tempos mortos são passados à janela a ver a velha do prédio da frente deixar cair os guarda-chuvas da varanda e ir tirar um olho ao vaso de begónias três andares mais abaixo.
quarta-feira, 17 de julho de 2019
segunda-feira, 15 de julho de 2019
Eau De Saumon
Comer peixe grelhado é maravilhoso, saudável e absolutamente delicioso.
Seria, não fosse o cheiro a grelha de restaurante que se impregna nas roupas e cabelos e que nos deixa agoniados até à 15ª geração.
Aposto que todas as pessoas que comigo se cruzaram hoje sabiam identificar sem qualquer problema o peixe que comi ao almoço.
Não há direito.
Seria, não fosse o cheiro a grelha de restaurante que se impregna nas roupas e cabelos e que nos deixa agoniados até à 15ª geração.
Aposto que todas as pessoas que comigo se cruzaram hoje sabiam identificar sem qualquer problema o peixe que comi ao almoço.
Não há direito.
Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve
Não estava nada à espera de gostar tanto desta obra.
Esperava, sim, uma coisinha mais ou menos, uma história às três pancadas, uma coisinha mal amanhada e insossa cujo contexto era a época do reinado de Maria Tudor.
Nada disso, porém, sucedeu. O autor ofereceu uma verdadeira história de espionagem de época, com muitos factos verdadeiros à mistura e que deixa francas saudades.
Muito bom.
sexta-feira, 12 de julho de 2019
Cenas Várias
Outro dia, na pura da loucura, fiz uma coisa que já não fazia há cerca de 13 anos: fui a uma discoteca.
Fugindo aos lugares comuns de estou velha demais para isto, que barbaridade por uma bebida reles, cheia de gelo e com um dedo de álcool, que moda é esta de estarem a fumar brocas para cima de mim, olha ali tanta gente a mamar da boca uns dos outros, posso dizer que foi uma experiência engraçada e que apenas espero repetir daqui a outros 13 (se não mais) anos.
Não tenho vida para aquilo, isso é mais que certo.
Não tenho paciência para estar a aturar gente bêbeda que nem um cacho, que se empurra por motivos desconhecidos e que tem como frase preferida, 'Olhá aí, pá, olhá aí'.
Acho uma tremenda roubalheira pagar-se 10 euros por uma unha de whisky e ainda me estarem a escrever num cartãozinho tudo o que bebi, para manterem o controlo da beberagem alheia.
Acho estúpido estar-se a fumar ganza em espaços fechados quando o resto do pessoal só quer dançar e ainda tem que se estar a desviar para não ser queimado, quando, por acaso, a discoteca até oferece um largo espaço ao ar livre, onde é muito mais fixe, digo eu, fumar daquilo que dá para rir a olhar para as estrelas.
Estou uma idosa, é a conclusão expectável.
Fugindo aos lugares comuns de estou velha demais para isto, que barbaridade por uma bebida reles, cheia de gelo e com um dedo de álcool, que moda é esta de estarem a fumar brocas para cima de mim, olha ali tanta gente a mamar da boca uns dos outros, posso dizer que foi uma experiência engraçada e que apenas espero repetir daqui a outros 13 (se não mais) anos.
Não tenho vida para aquilo, isso é mais que certo.
Não tenho paciência para estar a aturar gente bêbeda que nem um cacho, que se empurra por motivos desconhecidos e que tem como frase preferida, 'Olhá aí, pá, olhá aí'.
Acho uma tremenda roubalheira pagar-se 10 euros por uma unha de whisky e ainda me estarem a escrever num cartãozinho tudo o que bebi, para manterem o controlo da beberagem alheia.
Acho estúpido estar-se a fumar ganza em espaços fechados quando o resto do pessoal só quer dançar e ainda tem que se estar a desviar para não ser queimado, quando, por acaso, a discoteca até oferece um largo espaço ao ar livre, onde é muito mais fixe, digo eu, fumar daquilo que dá para rir a olhar para as estrelas.
Estou uma idosa, é a conclusão expectável.
terça-feira, 9 de julho de 2019
Meanwhile in Ergástulo - Parte Vigésima Segunda
Neste antro do senhor onde exerço a digna profissão de patrocínio forense de capitalistas e outros pobres de espírito que tais, existe, como em muitos estabelecimentos da estirpe, a regra oficiosa que à sexta-feira o traje pode ser mais descontraído, desconsiderando, apenas por um dia, a vestimenta fato-e-gravata e outros formalismos parecidos.
Ora, toda a santa sexta é vê-los com os bracinhos de fora das camisas, com calças de ganga, com blazers coloridos, com sapatos de atacadores.
Toda a gente respeita muitíssimo este costume e apenas o quebram quando sucede terem diligências judiciais ou reuniões com clientes novos porque, com os antigos, está-se tudo positivamente a cagar e vão como estão e mai nada.
Perguntando o moço estagiário ao seu ilustre patrono se poderia também aderir a esta onda descontraída que às sextas-feiras bate nas cabeças destas nabiças, foi-lhe respondido, categórica e terminantemente, que não, não senhor, não podia. Que essa regra só se aplicava aos advogados. Que ele tinha de manter a postura. Que poderia aparecer aqui um cliente de repente e sem aviso e que ele não poderia estar descomposto. E que, portanto, tirasse daí o sentido, que só os crescidos é que podem brincar.
Escusado será dizer que achei isto a cúmulo da pouca vergonha.
Quer dizer, todas as sextas-feiras desta vida sou obrigada a levar com o mau gosto desta gente, que não sabe fazer combinações de absolutamente peça de roupa NENHUMA que não seja uma camisa às riscas com uma gravata às pintas, que veste SEMPRE as mesmas calças de ganga, que não sabe que um blazer cor de cagalhão NÃO FICA BEM COM NADA, mas não posso levar com um puto vestido sem gravata porque, deus nos livre, parece mal.
Todas as benditas sextas-feiras sou forçada a ter que levar pelos olhos dentro com os pelinhos do peito destes gajos porque têm as camisas abertas até ao umbigo e a ter de suportar os pelinhos dos bracinhos a apanhar sol, mesmo que não vejam sol desde 1974, mas, cruzes credo!, não posso ver o miúdo nos mesmos propósitos porque é preciso ter postura.
Todas as sextas-feiras sou coagida a passar por esta gente, que se trata entre si como se fossem duques de qualquer coisa e vivessem na corte do Rei Sol, vestida como se estivessem em casa a coçar a micose e a tirar as cuecas do rêgo, mas o miúdo não pode porque cenas.
Vale a pena dizer mais alguma coisa?
Foi aqui que vim parar.
Ora, toda a santa sexta é vê-los com os bracinhos de fora das camisas, com calças de ganga, com blazers coloridos, com sapatos de atacadores.
Toda a gente respeita muitíssimo este costume e apenas o quebram quando sucede terem diligências judiciais ou reuniões com clientes novos porque, com os antigos, está-se tudo positivamente a cagar e vão como estão e mai nada.
Perguntando o moço estagiário ao seu ilustre patrono se poderia também aderir a esta onda descontraída que às sextas-feiras bate nas cabeças destas nabiças, foi-lhe respondido, categórica e terminantemente, que não, não senhor, não podia. Que essa regra só se aplicava aos advogados. Que ele tinha de manter a postura. Que poderia aparecer aqui um cliente de repente e sem aviso e que ele não poderia estar descomposto. E que, portanto, tirasse daí o sentido, que só os crescidos é que podem brincar.
Escusado será dizer que achei isto a cúmulo da pouca vergonha.
Quer dizer, todas as sextas-feiras desta vida sou obrigada a levar com o mau gosto desta gente, que não sabe fazer combinações de absolutamente peça de roupa NENHUMA que não seja uma camisa às riscas com uma gravata às pintas, que veste SEMPRE as mesmas calças de ganga, que não sabe que um blazer cor de cagalhão NÃO FICA BEM COM NADA, mas não posso levar com um puto vestido sem gravata porque, deus nos livre, parece mal.
Todas as benditas sextas-feiras sou forçada a ter que levar pelos olhos dentro com os pelinhos do peito destes gajos porque têm as camisas abertas até ao umbigo e a ter de suportar os pelinhos dos bracinhos a apanhar sol, mesmo que não vejam sol desde 1974, mas, cruzes credo!, não posso ver o miúdo nos mesmos propósitos porque é preciso ter postura.
Todas as sextas-feiras sou coagida a passar por esta gente, que se trata entre si como se fossem duques de qualquer coisa e vivessem na corte do Rei Sol, vestida como se estivessem em casa a coçar a micose e a tirar as cuecas do rêgo, mas o miúdo não pode porque cenas.
Vale a pena dizer mais alguma coisa?
Foi aqui que vim parar.
quarta-feira, 3 de julho de 2019
Lisboa É Um Lugar Estranho
Só nesta cidade do demo é possível observar diariamente coisas tão bizarras como um homem, sentado num banco de jardim, a lavar os pés, com o auxílio de uma garrafa de água e um sabão.
O mais bizarro de tudo isto é que ninguém olha para estes fenómenos duas vezes e segue o seu caminho como se nada fosse.
O mais bizarro de tudo isto é que ninguém olha para estes fenómenos duas vezes e segue o seu caminho como se nada fosse.
domingo, 30 de junho de 2019
Desabafo
Depois de franca e atenta observação, concluo que sou uma choninhas que não sabe dar, na hora, uma resposta como deve ser a quem a merece.
Isto apesar de achar que sou muita má, muita bad ass, francamente arisca e o caralho e de andar rua acima, rua abaixo a achar-me um poço de frontalidade.
Pois que não é nada disto, contrariamente a toda a imagem que criei de mim mesma.
Sou uma idiota, uma cobarde e uma pessoa sem espinha dorsal que aprendeu a valorizar mais a paz social e a sã convivência, repleta da hipocrisia e falsidade que as caracterizam, do que a própria paz interior e a consciência tranquila.
Foi nisto que me tornei.
Não presto.
Isto apesar de achar que sou muita má, muita bad ass, francamente arisca e o caralho e de andar rua acima, rua abaixo a achar-me um poço de frontalidade.
Pois que não é nada disto, contrariamente a toda a imagem que criei de mim mesma.
Sou uma idiota, uma cobarde e uma pessoa sem espinha dorsal que aprendeu a valorizar mais a paz social e a sã convivência, repleta da hipocrisia e falsidade que as caracterizam, do que a própria paz interior e a consciência tranquila.
Foi nisto que me tornei.
Não presto.
Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve
Uma agradável surpresa.
Se no início ainda era possível vislumbrar algum texto histórico sem grande ligação com o texto do romance, essa falha foi-se esbatendo ao longo da obra e transformou-se numa bela história trágica e muitíssimo bem construída.
Revela pormenores históricos muito ricos da época e cujo enquadramento ainda é pouco explorado pela maioria dos autores.
Muito bom.
quarta-feira, 26 de junho de 2019
terça-feira, 25 de junho de 2019
E já que estamos numa de comentário televisivo, devo acrescentar que cedi à febre de 90% da população e vi a Casa de Papel.
Vamos lá ver uma coisa: não está mal de todo. A história é sobejamente engraçada, está bem imaginada e as personagens são muitíssimo bem construídas.
Mas também não é preciso atirarmo-nos ao chão nem atirar as cuequinhas fora: histórias de assaltos adaptadas ao cinema/televisão é coisa que abunda, o que não faz da série algo de propriamente original. Há ali pormenores muito mal amanhados que poderiam fazer com que o assalto corresse irremediavelmente mal, como o facto de confiarem até à fé no divino que não vai haver uma intervenção policial ou o facto da inspectora ter cedido tão facilmente aos encantos do Professor, a ponto de o deixar escapar. Aquela que se pretende que seja a personagem principal (Tóquio), é amiúde irritante e inconsequente, com uma péssima dicção e um cabelo ainda pior. Já para não falar no facto de, na esmagadora maioria das vezes, os diálogos são estúpidos e verdadeiramente disparatados.
A série vale, essencialmente, pelos dois últimos episódios, que são francamente bons e que valem por todos os outros (a maioria) que são apenas sofríveis. Também ajuda o facto de alguém na produção ser português ou adorar Portugal, porque só assim é que se explica o fadinho vadio lá para o meio e o trailer infra, nitidamente a fidelizar o público deste lado da fronteira.
Porém, ninguém me tira da ideia que o sucesso da série passa muito pelo bom aspecto dos protagonistas... Há que convir que as moças são jeitosas, sim senhor, e que alguns moços têm tanta saúde que deviam fazer anúncios de detergentes de roupa.
Fora isso, é esperar, como todo o bom pobre, pela estreia da 3ª temporada.
Vamos lá ver uma coisa: não está mal de todo. A história é sobejamente engraçada, está bem imaginada e as personagens são muitíssimo bem construídas.
Mas também não é preciso atirarmo-nos ao chão nem atirar as cuequinhas fora: histórias de assaltos adaptadas ao cinema/televisão é coisa que abunda, o que não faz da série algo de propriamente original. Há ali pormenores muito mal amanhados que poderiam fazer com que o assalto corresse irremediavelmente mal, como o facto de confiarem até à fé no divino que não vai haver uma intervenção policial ou o facto da inspectora ter cedido tão facilmente aos encantos do Professor, a ponto de o deixar escapar. Aquela que se pretende que seja a personagem principal (Tóquio), é amiúde irritante e inconsequente, com uma péssima dicção e um cabelo ainda pior. Já para não falar no facto de, na esmagadora maioria das vezes, os diálogos são estúpidos e verdadeiramente disparatados.
A série vale, essencialmente, pelos dois últimos episódios, que são francamente bons e que valem por todos os outros (a maioria) que são apenas sofríveis. Também ajuda o facto de alguém na produção ser português ou adorar Portugal, porque só assim é que se explica o fadinho vadio lá para o meio e o trailer infra, nitidamente a fidelizar o público deste lado da fronteira.
Porém, ninguém me tira da ideia que o sucesso da série passa muito pelo bom aspecto dos protagonistas... Há que convir que as moças são jeitosas, sim senhor, e que alguns moços têm tanta saúde que deviam fazer anúncios de detergentes de roupa.
Fora isso, é esperar, como todo o bom pobre, pela estreia da 3ª temporada.
Há coisa de uns meses comecei a fazer uma coisa que já não fazia há anos.
E agora perguntam as pessoas, começaste a fazer exercício, crochet, arrumaste aquela casa que parece um pardieiro, já tiraste a tralha que encafuaste dentro do armário, deixaste de fumar?
Nada disso: comecei a ver uma novela, coisa que não fazia deste que passou o Caminho das Índias, corria o longínquo ano de 2009.
Portanto, há 10 anos sem estupidificar em frente à televisão, a ver as desgraças dos outros tomarem contornos de comicidade, resolvi que era tempo de pôr fim a esse ciclo e comecei a ver, como está bom de ver, aquilo que a ficção nacional de melhor tem para oferecer (not): A Teia.
Para quem gostou d'A Próxima Vítima, é parecido, mas em mau: mal escrito, mal interpretado, mal imaginado, mal enquadrado. No entanto, não deixou de ser viciante.
Acabou semi-mal, porque esta gente que escreve novelas em Portugal tem imensos pruridos em matar todo o elenco, por isso lá ficou um cheirinho a mistério, para não dizerem que vão daqui.
Entretanto, com isto, fui oficialmente promovida a idosa do ano, a quem não bastavam todos os indicio da 3ª idade que frequentemente aqui deixo, ainda tinha que acrescentar a novela.
E agora perguntam as pessoas, começaste a fazer exercício, crochet, arrumaste aquela casa que parece um pardieiro, já tiraste a tralha que encafuaste dentro do armário, deixaste de fumar?
Nada disso: comecei a ver uma novela, coisa que não fazia deste que passou o Caminho das Índias, corria o longínquo ano de 2009.
Portanto, há 10 anos sem estupidificar em frente à televisão, a ver as desgraças dos outros tomarem contornos de comicidade, resolvi que era tempo de pôr fim a esse ciclo e comecei a ver, como está bom de ver, aquilo que a ficção nacional de melhor tem para oferecer (not): A Teia.
Para quem gostou d'A Próxima Vítima, é parecido, mas em mau: mal escrito, mal interpretado, mal imaginado, mal enquadrado. No entanto, não deixou de ser viciante.
Acabou semi-mal, porque esta gente que escreve novelas em Portugal tem imensos pruridos em matar todo o elenco, por isso lá ficou um cheirinho a mistério, para não dizerem que vão daqui.
Entretanto, com isto, fui oficialmente promovida a idosa do ano, a quem não bastavam todos os indicio da 3ª idade que frequentemente aqui deixo, ainda tinha que acrescentar a novela.
sexta-feira, 21 de junho de 2019
Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve
Este deveria ter sido um livro muito interessante de ler antes de 2008, ano em que se fizerem os primeiros testes com o LHC, à data, o maior acelerador de partículas do mundo.
Desafortunadamente, apenas agora li esta obra, muito porque sou pobre e encontrei este livro no cesto das pechinchas da Feira do Livro de Lisboa este ano.
É interessante e cativante, mas não é original; a escrita é muito ao estilo de Dan Brown, bem como a conclusão da obra, que usa a mesma estratégia mental d'O Código Da Vinci e peca por já se saber bastante acerca da temática à volta da qual gira a história.
Bonzinho, vá.
terça-feira, 18 de junho de 2019
Esta coisa dos direitos de autor no Youtube tem como consequência directa e imediata que não consiga ouvir decentemente as músicas que gosto. Antes, tudo o que era bicho careto fazia uns vídeos manhosos para que o povão pudesse ouvir a música. Agora nada disso existe, o que é uma pena.
De vez em quando lá aparece um ou outro video duvidoso para acalmar a alma dos pobres, como este:
Não será exactamente o original, mas está lá muito perto.
E, como tudo o que estes rapazes fazem, para mim, é perfeito.
De vez em quando lá aparece um ou outro video duvidoso para acalmar a alma dos pobres, como este:
Não será exactamente o original, mas está lá muito perto.
E, como tudo o que estes rapazes fazem, para mim, é perfeito.
As reuniões de pais devem ser maravilhosas para as pessoas que têm os filhos em escolas normais.
Nesses certames, discutem-se, creio eu, os problemas mais prementes dos alunos, dão-se soluções, fazem-se os avisos necessários, os recadinhos, as cadernetas e essas coisas todas.
Isto nas escolas normais.
Nas outras escolas e por outras entendam-se escolas/colégios privados, apesar da génese ser mais ou menos a mesma, há sempre um outro factor a ter em conta: o pedantismo dos pais.
Recentemente, fui a um destes encontros na escola do meu herdeiro e deparei-me com a repetição deste fenómeno, que já havia observado desde a primeira reunião.
Havia gente ali que nitidamente não estava ali para se inteirar do percurso dos filhos ou das coisas que estes deviam ter nas mochilas para as semanas de praia que se avizinhavam.
Estavam ali para olhar arrogantemente de alto a baixo os outros pais, enquanto tentavam cruzar as pernas com ar sensual sentados em cadeiras de 10 cm de altura. Estavam ali para se avaliarem uns aos outros e para mostrarem que ou eram médicos, engenheiros, gestores e outras pessoas muito importantes. E que tinham dinheiro, claro. Ninguém diria que estavam ali para saber coisas dos filhos, ranhosos, fiteiros e mal comportados de 2/3 anos; dir-se-ia, antes, que estavam ali para iniciar uma conferência sobre governação do universo.
Nem sei como não fiquei vesga de tanto esforço que fiz para não estar permanentemente a revirar os olhos. Fiquei com a leve sensação que aquilo, de facto, não era uma reunião de pais, era um aquário gigante num restaurante, onde só havia percas vaidosas e estúpidas.
Na minha mui humilde óptica, foi uma valente perca de tempo.
Para a próxima, levo os fones.
Nesses certames, discutem-se, creio eu, os problemas mais prementes dos alunos, dão-se soluções, fazem-se os avisos necessários, os recadinhos, as cadernetas e essas coisas todas.
Isto nas escolas normais.
Nas outras escolas e por outras entendam-se escolas/colégios privados, apesar da génese ser mais ou menos a mesma, há sempre um outro factor a ter em conta: o pedantismo dos pais.
Recentemente, fui a um destes encontros na escola do meu herdeiro e deparei-me com a repetição deste fenómeno, que já havia observado desde a primeira reunião.
Havia gente ali que nitidamente não estava ali para se inteirar do percurso dos filhos ou das coisas que estes deviam ter nas mochilas para as semanas de praia que se avizinhavam.
Estavam ali para olhar arrogantemente de alto a baixo os outros pais, enquanto tentavam cruzar as pernas com ar sensual sentados em cadeiras de 10 cm de altura. Estavam ali para se avaliarem uns aos outros e para mostrarem que ou eram médicos, engenheiros, gestores e outras pessoas muito importantes. E que tinham dinheiro, claro. Ninguém diria que estavam ali para saber coisas dos filhos, ranhosos, fiteiros e mal comportados de 2/3 anos; dir-se-ia, antes, que estavam ali para iniciar uma conferência sobre governação do universo.
Nem sei como não fiquei vesga de tanto esforço que fiz para não estar permanentemente a revirar os olhos. Fiquei com a leve sensação que aquilo, de facto, não era uma reunião de pais, era um aquário gigante num restaurante, onde só havia percas vaidosas e estúpidas.
Na minha mui humilde óptica, foi uma valente perca de tempo.
Para a próxima, levo os fones.
segunda-feira, 17 de junho de 2019
Coisas de Cá
Estou para aqui feita zombie, a bocejar até se me rasgarem os cantos da boca, a desejar enfiar um café de quilo pelo nariz para me manter acordada (os miúdos é que vão para a praia, mas é aos pais que sai do pêlo), não obstante feliz da vida.
Não há nada que dê mais alento a uma pessoa que uma semana encurtada por um feriado.
Não sei se poderia ser mais portuguesa...
Não há nada que dê mais alento a uma pessoa que uma semana encurtada por um feriado.
Não sei se poderia ser mais portuguesa...
Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve
Fiquei seriamente desiludida com este, não esperava que Mr. Grisham se desleixasse desta maneira.
Não é nenhum romance de cordel, atenção, nem está mal escrito para lá da salvação.
A história até seria interessante se o autor se tivesse dado ao trabalho de aprofundar a temática e de construir personagens que tivessem mais que um véu muito ténue de realidade por cima da cabeça.
Não cativa, não deixa saudades, nada ao estilo a que habituou.
Fraquinho.
Não é nenhum romance de cordel, atenção, nem está mal escrito para lá da salvação.
A história até seria interessante se o autor se tivesse dado ao trabalho de aprofundar a temática e de construir personagens que tivessem mais que um véu muito ténue de realidade por cima da cabeça.
Não cativa, não deixa saudades, nada ao estilo a que habituou.
Fraquinho.
6 Semanas e uns Pós
Ser adulto é contar os dias e horas que faltam para as férias, tal como os miúdos contam os dias para uma festa ou um concerto ou um acontecimento social particularmente interessante.
Com a diferença que os miúdos esperam ansiosamente para fazer alguma coisa, enquanto os adultos esperam ansiosamente a data em que podem finalmente fazer nada.
Com a diferença que os miúdos esperam ansiosamente para fazer alguma coisa, enquanto os adultos esperam ansiosamente a data em que podem finalmente fazer nada.
Mais do Mesmo
E nada melhor para celebrar um regresso que com um video novo da banda favorita, não é verdade?
Já saiu há umas semanas, mas a minha pessoa andava demasiado entretida a levar com coisas jurídicas pelas fussas abaixo, por isso fica aqui a devida nota.
Já saiu há umas semanas, mas a minha pessoa andava demasiado entretida a levar com coisas jurídicas pelas fussas abaixo, por isso fica aqui a devida nota.
Sim, tenho Deixado Isto ao Abandono
Nada a fazer quando a judicatura nos atinge em cheio nas trombas, com todo o seu poderio e força.
segunda-feira, 27 de maio de 2019
Breves Notas Sobre as Eleições
- O melão do CDS é qualquer coisa digna de nota, principalmente com aquela cara de desgraçado de Nuno Melo, que fez uma campanha absurda, a fazer questão de não parabenizar o PS;
- O PS parece que ganhou as eleições para governantes do universo; não há ninguém que os acalme;
- 70% de nós não quis saber do voto para nada. Isto é preocupante. Não sei se ria da estupidez ou se chore pela ignorância.
- O PS parece que ganhou as eleições para governantes do universo; não há ninguém que os acalme;
- 70% de nós não quis saber do voto para nada. Isto é preocupante. Não sei se ria da estupidez ou se chore pela ignorância.
A parte pior de ter mais de 30 anos é a quantidade de maleitas que nos podem afectar.
Por exemplo, nesta última semana estive ligeiramente constipada e ligeiramente apanhada das costas.
Aqui há uns anos, uns anti-gripais e uns emplastros remediavam a coisa e ficava tudo bem.
Agora também resolvem, mas demoram o dobro do tempo e uma pessoa deixa de ter condições de fazer as coisas quotidianas, como apanhar 527 brinquedos do chão e varrer as migalhas de bolo que o herdeiro espalha pelo chão.
Não se admite.
Por exemplo, nesta última semana estive ligeiramente constipada e ligeiramente apanhada das costas.
Aqui há uns anos, uns anti-gripais e uns emplastros remediavam a coisa e ficava tudo bem.
Agora também resolvem, mas demoram o dobro do tempo e uma pessoa deixa de ter condições de fazer as coisas quotidianas, como apanhar 527 brinquedos do chão e varrer as migalhas de bolo que o herdeiro espalha pelo chão.
Não se admite.
terça-feira, 21 de maio de 2019
For No Fucking Reason
Nem sei como começar, a não ser da maneira que melhor me caracteriza: foda-se mais esta merda.
Estou para lá de desiludida.
Sinto genuinamente que perdi 8 anos da minha vida a ver uma série que me trouxe absolutamente nada.
Nada e tempo perdido, nada mais que isto.
Sinto que me fizeram acompanhar durante estes anos todos uma miríade de personagens, a sua evolução, as suas desventuras, os seus percalços e agora não só me dão um final às três pancadas como ainda fazem questão de não me explicar o que sucedeu para que este final fosse possível.
Podiam ter finalizado a trama assim, é verdade.
O final não me espanta por aí além, mas podiam ter feito uma coisa de qualidade que não pressupusesse seis episódios com duração de uma novela e dividissem, ao invés, em episódios de 45 minutos, como as séries normais fazem.
Podiam ter dado mais ênfase aos pormenores que tanto gostavam nas primeiras temporadas. Não deram e assim parece um argumento preguiçoso, mal preparado e de mau gosto.
De que serviu acompanharmos o percurso da Daenerys?
De que serviu termos visto a miúda ser vendida pelo próprio irmão, casada à força, maltratada, violada, queimada, escorraçada, derrotada, sozinha e depois rodeada de gente, salvadora do mundo, quebradora de correntes, vitoriosa, rainha?
Para que serviu, se depois a tratam como louca em dois episódios e a despacham para outro mundo?
Quando ela matou os opressores, ninguém se lhe opôs; mudaram de ideias por iniciativa de Tyrion e unicamente porque ela lhe matou os irmãos. De que serviu, afinal?
De quer serviu sabermos a história de Jon Snow, sabermos as suas origens, quem eram os seus pais, de onde vinha e a que estava destinado? De que serviu sabermos que, para além de corajoso e muitíssimo dotado nas artes da guerra, era um homem fiel, leal, se depois o tratam como um criminoso, escorraçado, esquecido, depois de tudo o que fez, depois de, principalmente, ter decidido fazer a vontade a Tyrion, o verdadeiro antagonista? Foi usado como uma marioneta reles e deixado a um canto quando era demasiado incómodo. Tudo obra daquela anão seboso. De que serviu, afinal?
De que serviu assistirmos a todas as guerras naquela país, as pretensões, a reunião de exércitos, as linhagens alinhadas, se afinal a solução era a democracia?
De que serviu termos andado a ouvir durante 8 anos que o importante era servir o Domínio, proteger o Território, proteger o Trono de Ferro porque essa era uma instituição que perduraria muito além da vida dos Reis?
De que serviu vermos Varys fazer de tudo o que lhe era possível para proteger a instituição se depois as cartas que escreveu não tiveram, afinal, destino e, pior, os sobreviventes desagregaram o país que com tanto afinco ele tentou manter?
De que serviu acompanharmos Bran na sua viagem, a mais importante das jornadas, para que ele se pudesse tornar os olhos do mundo e a memória dos homens se depois o confinam ao dever de reinar?
De que serviu exasperarmos com o pequeno conselho, pejado de criminosos, mafiosos, corruptos e maldosos, que governavam efectivamente no reinado de Robert Baratheon, Joffrey ou Cersei, se acabamos exactamente da mesma maneira?
É triste perceber-se que em seis episódios se matou a ideia subjacente a 8 anos de construção.
Sinto-me perfeitamente defraudada e quero profundamente que a HBO se foda.
Nunca mais vejo televisão.
Estou para lá de desiludida.
Sinto genuinamente que perdi 8 anos da minha vida a ver uma série que me trouxe absolutamente nada.
Nada e tempo perdido, nada mais que isto.
Sinto que me fizeram acompanhar durante estes anos todos uma miríade de personagens, a sua evolução, as suas desventuras, os seus percalços e agora não só me dão um final às três pancadas como ainda fazem questão de não me explicar o que sucedeu para que este final fosse possível.
Podiam ter finalizado a trama assim, é verdade.
O final não me espanta por aí além, mas podiam ter feito uma coisa de qualidade que não pressupusesse seis episódios com duração de uma novela e dividissem, ao invés, em episódios de 45 minutos, como as séries normais fazem.
Podiam ter dado mais ênfase aos pormenores que tanto gostavam nas primeiras temporadas. Não deram e assim parece um argumento preguiçoso, mal preparado e de mau gosto.
De que serviu acompanharmos o percurso da Daenerys?
De que serviu termos visto a miúda ser vendida pelo próprio irmão, casada à força, maltratada, violada, queimada, escorraçada, derrotada, sozinha e depois rodeada de gente, salvadora do mundo, quebradora de correntes, vitoriosa, rainha?
Para que serviu, se depois a tratam como louca em dois episódios e a despacham para outro mundo?
Quando ela matou os opressores, ninguém se lhe opôs; mudaram de ideias por iniciativa de Tyrion e unicamente porque ela lhe matou os irmãos. De que serviu, afinal?
De quer serviu sabermos a história de Jon Snow, sabermos as suas origens, quem eram os seus pais, de onde vinha e a que estava destinado? De que serviu sabermos que, para além de corajoso e muitíssimo dotado nas artes da guerra, era um homem fiel, leal, se depois o tratam como um criminoso, escorraçado, esquecido, depois de tudo o que fez, depois de, principalmente, ter decidido fazer a vontade a Tyrion, o verdadeiro antagonista? Foi usado como uma marioneta reles e deixado a um canto quando era demasiado incómodo. Tudo obra daquela anão seboso. De que serviu, afinal?
De que serviu assistirmos a todas as guerras naquela país, as pretensões, a reunião de exércitos, as linhagens alinhadas, se afinal a solução era a democracia?
De que serviu termos andado a ouvir durante 8 anos que o importante era servir o Domínio, proteger o Território, proteger o Trono de Ferro porque essa era uma instituição que perduraria muito além da vida dos Reis?
De que serviu vermos Varys fazer de tudo o que lhe era possível para proteger a instituição se depois as cartas que escreveu não tiveram, afinal, destino e, pior, os sobreviventes desagregaram o país que com tanto afinco ele tentou manter?
De que serviu acompanharmos Bran na sua viagem, a mais importante das jornadas, para que ele se pudesse tornar os olhos do mundo e a memória dos homens se depois o confinam ao dever de reinar?
De que serviu exasperarmos com o pequeno conselho, pejado de criminosos, mafiosos, corruptos e maldosos, que governavam efectivamente no reinado de Robert Baratheon, Joffrey ou Cersei, se acabamos exactamente da mesma maneira?
É triste perceber-se que em seis episódios se matou a ideia subjacente a 8 anos de construção.
Sinto-me perfeitamente defraudada e quero profundamente que a HBO se foda.
Nunca mais vejo televisão.
segunda-feira, 20 de maio de 2019
sexta-feira, 17 de maio de 2019
Tudo Igual
Queixo-me muitas vezes que me sinto a envelhecer de dia para dia e não é raro o momento em que sinto que está tudo a passar depressa demais.
No entanto, nas últimas semanas, tenho sentido em mim a miúda de 13/14 anos que não dorme nem come a pensar que está para sair um novo álbum da sua banda favorita.
Não tenho feito mais nada senão contar os dias, horas, minutos e segundos até à data marcada para o lançamento.
Isto para não mencionar as espreitadelas constantes ao Instagram para ver quando há video novo. Nem para mencionar o facto de esperar para ver os vídeos em directo no Youtube.
Hoje vou sair a voar do escritório para me ir enfiar na Fnac mais próxima e comprar a gaita do CD, porque, basicamente, fuck yeah.
Passaram 19 ou 20 anos, nem sei precisar convenientemente.
Mas sei que estou igual à pita que era, igualmente entusiasmada, igualmente histérica, igualmente acalorada com a possibilidade de assistir a mais um lançamento.
A coisa boa de ser adulta no meio deste histerismo todo é que a) não preciso de pedir autorização aos pais para ir ao shopping ou esperar que os pais lá vão para me poderem dar boleia e b) já não preciso de andar durante meses a contar os tostões e a poupar feita louca porque (outra vez) fuck yeah, o dinheiro é meu, gasto-o como quiser.
Moral da história: tenho montes de rugas; juízo, nem vê-lo.
quarta-feira, 15 de maio de 2019
Conan Osíris
Tive genuína pena de ver arredado o Conan Osíris do Festival da Canção.
Achei que teve uma actuação irrepreensível e que deu tudo o que tinha. Foi tremendamente injusto terem escolhido países como São Marino e Eslovénia, que têm músicas horríveis e sem ponta de alma, deixando de fora o miúdo.
Enfim.
Para a próxima, já se sabe que não se pode deixar o concorrente ir de verde...
Já se está mesmo a ver que o final da série vai ser uma tremenda duma bosta.
Já se está mesmo a ver que para o argumentistas é mais importante que se fale do final da série, independentemente de ser bem ou mal, do que ter trabalho a escrever coisas com pés e cabeça.
Já nem sei se quero ver o resto...
segunda-feira, 13 de maio de 2019
Backstreet's Back, Alright!
Vergonha é coisa que não me acode, como, creio, está mais que comprovado.
E, por isso, sem vergonha nenhuma, assumo: fui ver Backstreet Boys ao Altice Arena no sábado passado.
Contrariamente a 99% dos meus pares do sexos feminino, nunca tinha ido ver os senhores ao vivo. Quando digo isto em público, um certo olhar de pena com laivos de incompreensão recai sobre mim com origem nas ditas moças da minha idade.
Consigo perceber que devo ter perdido oportunidades únicas de estar aos berros e a arrancar cabelos durante duas horas, enquanto lágrimas de emoção me corriam cara abaixo.
Consigo perceber que perdi muitíssimos temas de conversa interessantes de 1996 a 1999.
Aliás, lembro-me perfeitamente de, nos dias seguintes ao primeiro concerto dos então rapazes, na Praça de Touros em Cascais, na escola, haver uma excitação como nunca se viu, uma alegria incontrolável, um sentimento de união como poucas vezes se havia visto.
A mim passou-me um bocado ao lado; não que tivesse a mania que era melhor que as outras, nada disso.
A questão é que, pura e simplesmente, a febre de Backstreet Boys atingiu-me muito depois do fenómeno e, logo depois, contraí uma bem maior e que me acompanha até aos dias de hoje.
Por isso, foi com alguma expectativa que os fui ver.
Aterrada com a possibilidade de ver uma banda de cotas decadentes, com discurso saudosista e que passa mais tempo a falar do que a atuar, vi o Altice encher até às costuras de gente da minha idade, igualmente excitada com a perspectiva de voltar a ver os rapazes de 'Everybody'.
Não se viam miúdas histéricas em parte nenhuma, não se via ninguém a puxar os cabelos, nem a desmaiar, nem a guinchar, nem a atirar cuecas para o palco.
Vi, sim, pessoas que há 20 anos eram exactamente essas miúdas; não se comportavam agora dessa forma, mas mantinham a mesma curiosidade e a mesma excitação, embora contida.
Os rapazes estão mais velhinhos, sim, mas envelheceram bem e continuam com uma energia invejável.Durante duas horas não pararam, sempre aos pulos, sempre a dançar.
O espectáculo está bem orquestrado e disfarça bem o facto de a maior parte deles não ter uma voz por aí além.
Gostam nitidamente do público português, a quem só dirigiram palavras de apreciação, gratidão e amor. O público pagou na mesma moeda, cantando a plenos pulmões TODAS as músicas.
Passou-me várias vezes pela cabeça que eles não precisavam mesmo nada de cantar; bastava-lhes a banda e fazer a coreografia.O público cantou por eles, numa voz una de quase 20 mil pessoas.
Deram uma roupagem nova e moderna aos velhos êxitos, o que não lhes tirou nada, só acrescentou.
Senti o chão tremer em 'Quit Playin' Games' e 'I Want it That Way', em que fiquei surda com tantos gritos e, por longos minutos, senti-me num moche de um concerto de heavy metal.
Uma pequena nota para mim própria: sou uma ursa.
O meu Backstreet Boy preferido sempre foi o Kevin. Em minha defesa, bastava olhar para o rapaz há umas boas décadas atrás: moreno, olhos verdes, sexy até à 15ª geração, era uma afago à vista. No entanto, como então e como agora, a voz nunca foi exactamente o ponto forte do senhor; se antes era fraquinha, agora não existe.
Em defesa dele, há que dizer que as vozes de quase todos eles envelheceram francamente e estão para lá de salvação.
Todos, menos de um: A.J. McLean é dono de um vozeirão único e muitíssimo equilibrado.
Sozinho, segura a banda inteira, toma conta do espectáculo do início ao fim.
Foi rei e senhor de todas as músicas e se a banda hoje faz um concerto muito decente e com qualidade, a ele lho devem.
O bigodinho sinistro de há 26 anos deu lugar a uma barbinha muito interessante e está um pedaço de mau caminho.
Isto tudo para concluir: andei 20 anos enganada e a apreciar o boy errado. Sou estúpida e gosto, pois claro.
Saí de lá a sentir-me outra vez com 12 anos, com a alma rejuvenescida e francamente feliz por ter assistido a um fenómeno geracional.
Muito bom!
Consigo perceber que devo ter perdido oportunidades únicas de estar aos berros e a arrancar cabelos durante duas horas, enquanto lágrimas de emoção me corriam cara abaixo.
Consigo perceber que perdi muitíssimos temas de conversa interessantes de 1996 a 1999.
Aliás, lembro-me perfeitamente de, nos dias seguintes ao primeiro concerto dos então rapazes, na Praça de Touros em Cascais, na escola, haver uma excitação como nunca se viu, uma alegria incontrolável, um sentimento de união como poucas vezes se havia visto.
A mim passou-me um bocado ao lado; não que tivesse a mania que era melhor que as outras, nada disso.
A questão é que, pura e simplesmente, a febre de Backstreet Boys atingiu-me muito depois do fenómeno e, logo depois, contraí uma bem maior e que me acompanha até aos dias de hoje.
Por isso, foi com alguma expectativa que os fui ver.
Aterrada com a possibilidade de ver uma banda de cotas decadentes, com discurso saudosista e que passa mais tempo a falar do que a atuar, vi o Altice encher até às costuras de gente da minha idade, igualmente excitada com a perspectiva de voltar a ver os rapazes de 'Everybody'.
Não se viam miúdas histéricas em parte nenhuma, não se via ninguém a puxar os cabelos, nem a desmaiar, nem a guinchar, nem a atirar cuecas para o palco.
Vi, sim, pessoas que há 20 anos eram exactamente essas miúdas; não se comportavam agora dessa forma, mas mantinham a mesma curiosidade e a mesma excitação, embora contida.
Os rapazes estão mais velhinhos, sim, mas envelheceram bem e continuam com uma energia invejável.Durante duas horas não pararam, sempre aos pulos, sempre a dançar.
O espectáculo está bem orquestrado e disfarça bem o facto de a maior parte deles não ter uma voz por aí além.
Gostam nitidamente do público português, a quem só dirigiram palavras de apreciação, gratidão e amor. O público pagou na mesma moeda, cantando a plenos pulmões TODAS as músicas.
Passou-me várias vezes pela cabeça que eles não precisavam mesmo nada de cantar; bastava-lhes a banda e fazer a coreografia.O público cantou por eles, numa voz una de quase 20 mil pessoas.
Deram uma roupagem nova e moderna aos velhos êxitos, o que não lhes tirou nada, só acrescentou.
Senti o chão tremer em 'Quit Playin' Games' e 'I Want it That Way', em que fiquei surda com tantos gritos e, por longos minutos, senti-me num moche de um concerto de heavy metal.
Uma pequena nota para mim própria: sou uma ursa.
O meu Backstreet Boy preferido sempre foi o Kevin. Em minha defesa, bastava olhar para o rapaz há umas boas décadas atrás: moreno, olhos verdes, sexy até à 15ª geração, era uma afago à vista. No entanto, como então e como agora, a voz nunca foi exactamente o ponto forte do senhor; se antes era fraquinha, agora não existe.
Em defesa dele, há que dizer que as vozes de quase todos eles envelheceram francamente e estão para lá de salvação.
Todos, menos de um: A.J. McLean é dono de um vozeirão único e muitíssimo equilibrado.
Sozinho, segura a banda inteira, toma conta do espectáculo do início ao fim.
Foi rei e senhor de todas as músicas e se a banda hoje faz um concerto muito decente e com qualidade, a ele lho devem.
O bigodinho sinistro de há 26 anos deu lugar a uma barbinha muito interessante e está um pedaço de mau caminho.
Isto tudo para concluir: andei 20 anos enganada e a apreciar o boy errado. Sou estúpida e gosto, pois claro.
Saí de lá a sentir-me outra vez com 12 anos, com a alma rejuvenescida e francamente feliz por ter assistido a um fenómeno geracional.
Muito bom!
sexta-feira, 10 de maio de 2019
quinta-feira, 9 de maio de 2019
Archie É Nome de Quê?
Tiro o meu chapéu à senhora Duquesa que, dois dias depois de depositar um ser humano no mundo, à conta do seu próprio esforço, teve coragem para se empoleirar naqueles stilletos maravilhosos e ainda ter um ar fresco enquanto posava para a fotografia.
Claro que - e isto é mesmo importante - não fez questão de esconder a barriga ainda proeminente nem o inchaço do rosto e dos tornozelos. Para toda a gente ver que sair linda e maravilhosa da maternidade é a maior das mentiras e uma pouca vergonha descomunal.
Estou mesmo impressionada com a senhora, a sério.
O pós-parto é das coisinhas mais horríveis que podem suceder a uma pessoa.
O cansaço a rasar o esgotamento, a falta de sono, as dores, as costuras doridas, as peçonhas que saem de sítios esquisitos, o leite a subir, as mamas a rebentar, a barriga a encolher devagar, o miúdo que chora, a angustia, o desconforto... é uma merda. A maior merda de sempre.
Era mesmo eu que me ia empoleirar em andas de 10 cm dois dias depois, ainda por cima para ir ali dez minutos fazer conversa de chacha.
Portanto, muito respeito para esta senhora.
quarta-feira, 8 de maio de 2019
Merda Mais a Isto
Tenho para mim que estará para nascer uma pessoa que venha limpar o meu casebre que NÃO parta os meus pertences, NEM esfrangalhe os pés dos móveis com a delicadeza a deslocar o aspirador, NEM deixe marcas de lixívia nos cortinados, NEM outras porras quaisquer que entretanto já vi acontecer.
terça-feira, 7 de maio de 2019
Mais Guerra dos Tronos
Entretanto, com tantas emoções, ainda não vi o episódio desta semana de Guerra dos Tronos.
Mas já sei que numa cena qualquer aparece um copo de café em cima de uma mesa, ali, todo largado, solitário, à espera de uma edição de imagem que não veio, o que não pode deixar de ser motivo de galhofa.
E, como sempre, a internet responde de forma excepcional a estes lapsos:
Mas já sei que numa cena qualquer aparece um copo de café em cima de uma mesa, ali, todo largado, solitário, à espera de uma edição de imagem que não veio, o que não pode deixar de ser motivo de galhofa.
E, como sempre, a internet responde de forma excepcional a estes lapsos:
Outra vez Estes Gajos...
Ainda na toada de música maravilhosa, os 'meus rapazes' lançaram mais uma música (que já sei de cor, como está bom de ver), ao seu melhor estilo, sem ser nada de especial, como que a abrir o apetite para o grande lançamento do álbum.
Não desiludem, não me canso de o dizer.
Radio não tem metade do poderio de Deutschland, mas não deixa de ser notável e francamente expressiva. O prelúdio, esperemos, do bom trabalho que está por ser descoberto.
Nunca mais é dia 17...
Radio não tem metade do poderio de Deutschland, mas não deixa de ser notável e francamente expressiva. O prelúdio, esperemos, do bom trabalho que está por ser descoberto.
Nunca mais é dia 17...
Ennio Morricone
Ennio Morricone esteve em Lisboa, num dos concertos da sua tour final e encheu o Altice Arena de palmas, sorrisos, emoções e música elevada ao expoente da perfeição.
Do alto dos seus 90 anos, a dirigir uma orquestra e um coro para lá de qualquer reparo, continua o Mestre que sempre se espera dele, de uma simplicidade e, simultaneamente, de uma grandeza que só se imagina no Olimpo.
Ontem, tive o privilégio de assistir a um dos mais belos concertos de sempre.
Ontem, derramei umas quantas lágrimas com a emoção que só a música confere.
Ontem, senti-me verdadeiramente afortunada por ter vivenciado a representação de várias obras-primas.
Hoje, ainda estou meia zonza com o que lá ouvi.
Hoje, ainda nem acredito.
Do alto dos seus 90 anos, a dirigir uma orquestra e um coro para lá de qualquer reparo, continua o Mestre que sempre se espera dele, de uma simplicidade e, simultaneamente, de uma grandeza que só se imagina no Olimpo.
Ontem, tive o privilégio de assistir a um dos mais belos concertos de sempre.
Ontem, derramei umas quantas lágrimas com a emoção que só a música confere.
Ontem, senti-me verdadeiramente afortunada por ter vivenciado a representação de várias obras-primas.
Hoje, ainda estou meia zonza com o que lá ouvi.
Hoje, ainda nem acredito.
Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve
Acabar um livro de George R.R. Martin é simultaneamente um prazer e uma angústia.
Prazer porque não há ninguém melhor a escrever fantasia e a criar um universo paralelo na mente do leitor extraordinariamente rico e crivado de pormenores reais.
Angústia porque sabe-se lá quando é que a criatura resolve acabar de escrever o que começou agora.
Se lhe dá na veneta conferir tanto pormenor a esta história dos Targaryan como deu às Crónicas de Fogo e Gelo, estamos tramados...
O que é certo é que 1) não se pode gostar de nada que esta homem escreva senão nunca mais é publicado e 2) é absolutamente perfeito e deixa uma sede imaginária a quem lê que não é passível de descrição.
Para lá de excelente.
Ouvi Dizer...
... que houve para aí uma crise política, com um Primeiro-Ministro a dar uma lição de política selvagem e altamente eficaz aos seus adversários.
É verdade?
É verdade?
Novo Vício
Como já havia pouco que fazer com tantos momentos de ócio, resolvi dar uma abanadela e implementar esta coisa nova.
Que é como quem diz, agora não faço mais nada da minha vida senão papar tudo o que esta maravilha do streaming tem para oferecer.
Para começar, já marcharam estas; agora, é ver-me a não sair de casa nos próximos anos.
Que é como quem diz, agora não faço mais nada da minha vida senão papar tudo o que esta maravilha do streaming tem para oferecer.
Para começar, já marcharam estas; agora, é ver-me a não sair de casa nos próximos anos.
terça-feira, 30 de abril de 2019
quarta-feira, 24 de abril de 2019
terça-feira, 23 de abril de 2019
Meanwhile in Érgástulo - Parte Vigésima Primeira
Na senda do queixume infra, poderá pensar-se que sou, ao fim e ao cabo, uma ingrata da quinta casa e uma preguiçosa sem vergonha.
Isto porque sua excelência o patronato acabou, afinal, por nos dar a tarde de quinta-feira santa.
Não sem antes, como está bom de ver e daí o presente queixume, nos lixar o esquema, bem lixadinho.
Foi o povão todo almoçar, a arrastar-se e de trombas por sermos as únicas avestruzes a trabalhar naquela tarde.
Foi tudo para o café arrastar-se mais um bocado porque a vontade de trabalhar não existia e nada foi feito para a fazer regressar.
Estávamos tristemente a regressar quando nos salta o velho patrão ao caminho.
'Que estão a fazer aqui?', pergunta aquela andorinha idosa. Estamos a vender perus, Sr. Dr., como está bom de ver. 'Nós vamos fechar à tarde, ninguém vos avisou, ninguém vos disse nada?', questiona com algum espanto.
Não, estupor de velho, quem é que haveria de nos avisar que temos a tarde livre senão o próprio chefe dos macacos, não me dizes? E depois ainda põe aquela cara de fronha enrugada, como quem não tem nada a ver com o assunto.
E assim se perde, à vontade, hora e meia de mini-férias.
Ser velho é muito triste, é só o que tenho a dizer.
Foi aqui que vim parar.
Isto porque sua excelência o patronato acabou, afinal, por nos dar a tarde de quinta-feira santa.
Não sem antes, como está bom de ver e daí o presente queixume, nos lixar o esquema, bem lixadinho.
Foi o povão todo almoçar, a arrastar-se e de trombas por sermos as únicas avestruzes a trabalhar naquela tarde.
Foi tudo para o café arrastar-se mais um bocado porque a vontade de trabalhar não existia e nada foi feito para a fazer regressar.
Estávamos tristemente a regressar quando nos salta o velho patrão ao caminho.
'Que estão a fazer aqui?', pergunta aquela andorinha idosa. Estamos a vender perus, Sr. Dr., como está bom de ver. 'Nós vamos fechar à tarde, ninguém vos avisou, ninguém vos disse nada?', questiona com algum espanto.
Não, estupor de velho, quem é que haveria de nos avisar que temos a tarde livre senão o próprio chefe dos macacos, não me dizes? E depois ainda põe aquela cara de fronha enrugada, como quem não tem nada a ver com o assunto.
E assim se perde, à vontade, hora e meia de mini-férias.
Ser velho é muito triste, é só o que tenho a dizer.
Foi aqui que vim parar.
sexta-feira, 19 de abril de 2019
quinta-feira, 18 de abril de 2019
Meanwhile in Ergástulo - Parte Vigésima
Ao velho patrão deu-lhe uma ventania na carapuça e resolveu presentear o proletariado com um dia de folga, à escolha entre a segunda-feira de Páscoa e a sexta-feira seguinte, que calha entre um feriado e o fim de semana. Sem desarmonias quanto à escolha, feita entre colegas, está tudo a esfregar as mãozinhas de contentamento. Afinal, houve um progresso significativo do ano passado para este: no ano anterior, foi-nos dada a tarde de quinta-feira santa, com má vontade e trombas até ao chão. Este ano, desfrutamos de um dia INTEIRO à nossa escolha para borregarmos alegremente!
Óptimo.
Excelente.
Maravilhoso.
Fantástico.
Para lá de estupendo.
Não que me esteja a queixar, nem nada que se pareça (estou, pois).
Quem de dera que todos os anos se lembrasse de ser generoso como está agora a ser.
Quem de dera que todos os anos se lembrasse de ser generoso como está agora a ser.
Porém, há que ser pragmático.
Nada está a funcionar hoje.
Nada.
Absolutamente nada.
Nem instituições públicas ou privadas.
Ninguém trabalha nesta cidade.
Neste edifício, somos os únicos que cá estamos.
Custa muito mais ter esta espelunca a funcionar, com os gastos de água e energia, do que fechar as portas - para todos - um mísero dia.
É que, embora o pessoal seja exímio na arte de disfarçar e fingir que tem imenso trabalho, todos sabemos que não há grande coisa para fazer - basta ver a facilidade e a descontração com que toda a gente se encosta aos umbrais das portas das salas uns dos outros, a conversar sobre a falta de gasolina e os folares da Páscoa.
Portanto, estamos a consumir recursos a fingir que trabalhamos, o que não deixa de ser cómico, é evidente, mas também é só parvo.
Moral da história: O QUE É QUE ESTAMOS TODOS AQUI A FAZER, CARALH*?
Foi aqui que vim parar.
quarta-feira, 17 de abril de 2019
segunda-feira, 15 de abril de 2019
terça-feira, 9 de abril de 2019
Meanwhile In Ergástulo - Parte Décima Nona
Neste sítio do demo, há, nada mais, nada menos, que 4 casas-de-banho, duas a cada ponta do escritório.
Obviamente, o proletariado, para despachar a coisa e não perder meio ano com as calças na mão e cu sentado na pia, serve-se da latrina que estiver mais próxima do seu gabinete.
A não ser que vá cagar, porque, nesse caso, vão à casa-de-banho mais longe, para não se darem à morte.
Digo eu, depois de longa observação, já que claramente parece que não tenho o que fazer.
Foi aqui que vim parar.
Obviamente, o proletariado, para despachar a coisa e não perder meio ano com as calças na mão e cu sentado na pia, serve-se da latrina que estiver mais próxima do seu gabinete.
A não ser que vá cagar, porque, nesse caso, vão à casa-de-banho mais longe, para não se darem à morte.
Digo eu, depois de longa observação, já que claramente parece que não tenho o que fazer.
Foi aqui que vim parar.
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Isto Só a Mim...,
Piadas de Propriedade Privada
sexta-feira, 5 de abril de 2019
Esta semana, tive a (in)felicidade de encontrar a minha antiga entidade patronal num qualquer tribunal desta ilustre comarca da metrópole.
Vinha com a sua nova prole, uma pobre miúda, verdinha até na pele, que foi apresentada como a minha estagiária. Sem qualquer laivo de personalidade própria, como está bom de ver.
Depois dos cumprimentos da praxe, vira-se para a moça e, referindo-se à minha pessoa, diz-lhe: "Está a ver aqueles processos todos mal feitos que estão para lá no escritório? Foi esta senhora que os fez."
Devia ter-lhe, nessa altura dito, que o tempo dele de lançar bocas ordinárias e de me espezinhar já tinha acabado, que era por causa daquela conduta miserável que toda a gente que trabalhava com ele o tinha deixado, que por causa da maldade intrínseca e da falta de calor humano tinha uma sociedade que destruiu e que agora estava fadado a trabalhar sozinho, como um reles advogado de vão de escada, coisa que criticou durante anos e alto e bom som.
Mas, feita estúpida, não fiz nada disso.
Limitei-me a rir e a simular pressa, que tinha mais que fazer.
Mas arrependi-me de não ter dito nada.
Porque agora ando a remoer estas merdas e nunca mais tenho sossego interno.
Merda para mim.
Vinha com a sua nova prole, uma pobre miúda, verdinha até na pele, que foi apresentada como a minha estagiária. Sem qualquer laivo de personalidade própria, como está bom de ver.
Depois dos cumprimentos da praxe, vira-se para a moça e, referindo-se à minha pessoa, diz-lhe: "Está a ver aqueles processos todos mal feitos que estão para lá no escritório? Foi esta senhora que os fez."
Devia ter-lhe, nessa altura dito, que o tempo dele de lançar bocas ordinárias e de me espezinhar já tinha acabado, que era por causa daquela conduta miserável que toda a gente que trabalhava com ele o tinha deixado, que por causa da maldade intrínseca e da falta de calor humano tinha uma sociedade que destruiu e que agora estava fadado a trabalhar sozinho, como um reles advogado de vão de escada, coisa que criticou durante anos e alto e bom som.
Mas, feita estúpida, não fiz nada disso.
Limitei-me a rir e a simular pressa, que tinha mais que fazer.
Mas arrependi-me de não ter dito nada.
Porque agora ando a remoer estas merdas e nunca mais tenho sossego interno.
Merda para mim.
Ai Sim?
Um destes dias, feita ursa, deixei o telemóvel em casa, com a pressa de sair e chegar a horas aos sítios, coisa muito comum nos seres humanos assalariados.
Como o mundo foi evoluindo, nada se faz se não se tiver um telemóvel à mão.
E não, não se trata somente de não saber o que se faz com as mãos quando se está parado, é mesmo uma necessidade básica. Por exemplo, já não se pode usar confortavelmente o homebanking de certas instituições bancárias porque o sucesso de uma transacção depende da inserção de um código enviado, através de sms, para o dito telemóvel.
Isto tudo para dizer que precisei de pagar umas contas e não consegui usar o homebanking porque deixei a porra do telefone em casa.
Então tive que usar a porra de um multibanco.
E fazer a triste figura que passo a vida a maldizer, de uma autêntica idosa a pagar 20 contas na máquina e a deixar atrás de si uma fila interminável de pessoas que bufam e desesperam.
No fim, a pagar uma conta qualquer, saiu-me, disparada pela boca fora, qual velha sem filtro, um eloquentíssimo "que gatunagem esta". Só para depois me arrepender de o ter dito em voz alta, já que estava atrás de mim uma senhora que, ouvindo a estupidez, se começa a rir sozinha.
E assim acaba a minha dignidade e moral para falar dos velhos, dado que cada vez mais, sou um deles.
Não há salvação para mim.
E você?
Como o mundo foi evoluindo, nada se faz se não se tiver um telemóvel à mão.
E não, não se trata somente de não saber o que se faz com as mãos quando se está parado, é mesmo uma necessidade básica. Por exemplo, já não se pode usar confortavelmente o homebanking de certas instituições bancárias porque o sucesso de uma transacção depende da inserção de um código enviado, através de sms, para o dito telemóvel.
Isto tudo para dizer que precisei de pagar umas contas e não consegui usar o homebanking porque deixei a porra do telefone em casa.
Então tive que usar a porra de um multibanco.
E fazer a triste figura que passo a vida a maldizer, de uma autêntica idosa a pagar 20 contas na máquina e a deixar atrás de si uma fila interminável de pessoas que bufam e desesperam.
No fim, a pagar uma conta qualquer, saiu-me, disparada pela boca fora, qual velha sem filtro, um eloquentíssimo "que gatunagem esta". Só para depois me arrepender de o ter dito em voz alta, já que estava atrás de mim uma senhora que, ouvindo a estupidez, se começa a rir sozinha.
E assim acaba a minha dignidade e moral para falar dos velhos, dado que cada vez mais, sou um deles.
Não há salvação para mim.
E você?
domingo, 31 de março de 2019
Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve
Este senhor sabe cativar o leitor, disso não haja qualquer dúvida. Sabe aguçar a curiosidade e deixar a salivar por mais pormenores, por mais história, por mais desenvolvimentos.
Tal como fez nos livros da história principal, fê-lo aqui com grande mestria.
As personagens podiam, no entanto, ter nomes não tão iguais entre si, o que propicia a confusão, mas o conteúdo é tão bom que que se esquece desse pormenor.
Muito bom.
sexta-feira, 29 de março de 2019
Eu, viciada nestes senhores me confesso, há dias que esperava pelo lançamento da nova música. Andava sempre aos pulinhos entre o Youtube e a página oficial para ver havia novidades.
Maneiras que ontem, às 17h em ponto, estive a ver em directo o lançamento do video da novíssima música, que faz parte do álbum que sai a 17 de Maio.
(sim, não tenho nada para fazer; não, não tenho vergonha)
Há que dizer, com toda a franqueza e sinceridade: estes rapazes nunca me desiludem.
Nunca.
Jamais.
Sabem sempre o que fazer, que rumo tomar, que portas abrir. Nunca tropeçam, nunca saem do eixo, nunca fazem coisas sem qualidade.
Não foi diferente, desta vez.
A sonoridade é fresca e, ainda assim, soa a clássico Rammstein. O video é polémico, como todos os outros que fizeram até agora. Promete um álbum intenso e cheio de música divina.
A sonoridade é fresca e, ainda assim, soa a clássico Rammstein. O video é polémico, como todos os outros que fizeram até agora. Promete um álbum intenso e cheio de música divina.
segunda-feira, 25 de março de 2019
Não se Admite
A falta de vergonha da judicatura em atacar-me de forma tão violenta e tão cretina que me deixa sem tempo para escrevinhar aqui umas baboseiras.
segunda-feira, 11 de março de 2019
Leituras Nº ... Qualquer Coisa Serve
Tinha lido o livro há muitos anos e agora revivi a história, com ilustrações magníficas e extremamente enternecedoras.
Vale muito a pena. Pela história, pelo simbolismo, pela mensagem.
Muito bom.
Leitura Nº ... Qualquer Coisa Serve
Esperava mais, honestamente.
Esperava mais pormenores sumarentos, mais histórias reais.
Esperava um bocadinho mais de estudo quanto à presença de algumas destas instituições noutros países que não somente França e Estado Unidos.
O capítulo dedicado à Carbonária é extraordinariamente pobre e nem sequer menciona a importância desta agremiação na história recente portuguesa, nomeadamente no seu envolvimento no assassinato de D. Carlos e da Implantação da República.
Quanto a este último acontecimento, também o papel da Maçonaria Portuguesa é completamente arredado, como se nunca tivesse existido.
O que é uma pena. Compreendo, porém, que os países periféricos não tenham tanto interesse para serem mencionados em livros de grande tiragem europeia.
Também as imagens que acompanham o livro nada têm que ver com o que lá é mencionado, revelando mais enchimento de chouriços que ilustração de obra.
O capítulo dedicado à Máfia é, no entanto, extraordinário, de uma nitidez de palavras dignas de um argumento de um filme. É, sem dúvida, a melhor parte do livro.
Razoável, apenas.
Cinema Nº ... Coiso
Confétis para quem, como eu não ia ao cinema há mais de 6 meses!
Tenho uma vergonha imensa de escrever isto, mas enfim.
Estava à espera de um campeonato de porrada com esta escolha, mas enganei-me redondamente.
Não é que não seja uma filme de ação, que é, mas tem uns laivos de humor que lhe dão uma graça fora do comum, bem como as interpretações, a fotografia e a realização, que estão igualmente fora do vulgar.
É sempre bom voltar ao cinema para ter surpresas destas.
Tenho uma vergonha imensa de escrever isto, mas enfim.
Estava à espera de um campeonato de porrada com esta escolha, mas enganei-me redondamente.
Não é que não seja uma filme de ação, que é, mas tem uns laivos de humor que lhe dão uma graça fora do comum, bem como as interpretações, a fotografia e a realização, que estão igualmente fora do vulgar.
É sempre bom voltar ao cinema para ter surpresas destas.
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Comentário Jurídico da Latrina
sexta-feira, 8 de março de 2019
Dia Internacional da Mulher
Este dia não era suposto ser celebrado.
Não era suposto ser necessário assinalá-lo.
Não era suposto ser necessário falarmos da igualdade de género, não era suposto precisarmos de rever as nossas condutas, de reeducar filhos e pais, não era suposto precisarmos de nos relembrar que ainda há gente a ser discriminada pelo simples facto de ser mulher.
Era, sim, suposto termos uma sociedade igualitária em todos os quadrantes.
Era suposto ganharmos o mesmo salário para funções iguais, era suposto fazermos todos as mesmas tarefas domésticas, era suposto não haver violência de género, era suposto tratarmo-nos todos como aquilo que somos: pessoas.
Ultimamente, tenho sentido muita vergonha de viver neste país.
Tenho observado e presenciado comportamentos que demonstram que mais não somos que umas criaturas pré-históricas.
Todos os dias, de há uns meses para cá, tenho ouvido os meus compatriotas que, ao saberem de noticias sobre violações e assedio sexual a mulheres, têm como primeiro impulso culpabilizar essas mulheres, apelidando-as de oferecidas (e outras coisas menos doces), que se puseram a jeito, que estavam mesmo a pedi-las, que não podem vestir roupa provocante se não querem ser violadas. Ou seja, desculpabilizando o criminoso em detrimento da própria vitima.
Tenho ouvido os meus compatriotas muito condoídos com as mortes de 12 mulheres em 2 meses, todas em contexto de violência doméstica, mas a fazerem zero denúncias e a assobiarem para o lado (assobiar para o lado é equivalente a aplicação de pena disciplinar de advertência) quando há um juiz a debitar a Bíblia em acórdãos para justificar e desculpabilizar agressões a mulheres.
Tenho ouvido os meus compatriotas a queixarem-se amargamente das coisas que agora inventam, que agora já não se pode dizer nem fazer nada, coisas inocentes como piropos e aquelas doçuras que se ouvem quando se vai na rua e se passa por um bando de orangotangos, que é sempre agradável, que se levantam logo ondas de indignação.
Tenho ouvido os meus compatriotas a insultarem pessoas que pertencem a associações feministas, como se o facto de lhes chamarem histéricas, esganiçadas e lambedoras de sei-lá-o-quê fosse mais que suficiente para lhes acabar com os argumentos mais que válidos.
Tenho assistido a estes comportamentos completamente boquiaberta, à espera que pare tudo e alguém grite de um dos lados: "é para os apanhados!".
Mas, desafortunadamente, esse grito não vem.
Isto está mesmo a acontecer.
Esta sociedade, sob uma capa de progressista e moderna, trata as mulheres como um ser inferior.
Um ser que ganha menos, que trabalha mais em tarefas domésticas, que trata mais dos filhos.
Um ser inferior que não pode andar na rua como quer porque senão corre o risco de ser violentada e aí, é bem feita.
Um ser inferior que não pode defender os seus direitos, nem bater o pé, nem indignar-se com a discriminação que é logo histérica, burra, comunista, arrivista, esganiçada, feminista, lambareira.
Um ser inferior que faz 1000 queixas de violência doméstica e mesmo assim acaba morta numa valeta porque ninguém a ouviu.
Um ser inferior que é discriminado pelas do seu próprio género porque a educação que teve e a consciência colectiva, mesmo que inconscientemente, está presente e diz: o homem é dominante.
Este é o século XXI que temos. O século XXI a que temos direito. Um século XXI mergulhado nas trevas, com toda a gente a indignar-se muito mas inconscientemente a pensar e a agir contra a igualdade.
Tenho sentido não só vergonha de todos estes comportamentos, mas também um outro sentimento nasceu em mim, um sentimento bem mais básico: medo.
Passei a ter medo que, caso me aconteça alguma coisa e seja eu vítima de violência, qualquer que seja, por ser mulher, vai toda a gente tratar-me de maneira diferente e assobiar para o lado.
Creio que é chegada a altura de mudarmos este padrão de comportamento.
Chegou a altura de dizer basta a este clima de diferenciação.
Temos 10.000 anos de evolução em cima; vamos continuar a viver na pré-história? Vamos continuar a tratar-nos como seres humanos de primeira e de segunda? Vamos continuar a tolerar as pequenas coisas que fazem a diferenciação negativa entre homens e mulheres? Vamos continuar a viver nesta neblina de medo e discriminação?
Ou vamos fazer a diferença, mudando comportamentos, mudando mentalidades, educando os nossos filhos para a igualdade e o progresso, censurando comportamentos misóginos, criticando activamente discriminação de género, batendo o pé e recusando rótulos?
Um dia, o dia de hoje vai ser um dia como outro qualquer.
Até lá, temos um longo caminho a percorrer.
Que se comece hoje.
Não era suposto ser necessário assinalá-lo.
Não era suposto ser necessário falarmos da igualdade de género, não era suposto precisarmos de rever as nossas condutas, de reeducar filhos e pais, não era suposto precisarmos de nos relembrar que ainda há gente a ser discriminada pelo simples facto de ser mulher.
Era, sim, suposto termos uma sociedade igualitária em todos os quadrantes.
Era suposto ganharmos o mesmo salário para funções iguais, era suposto fazermos todos as mesmas tarefas domésticas, era suposto não haver violência de género, era suposto tratarmo-nos todos como aquilo que somos: pessoas.
Ultimamente, tenho sentido muita vergonha de viver neste país.
Tenho observado e presenciado comportamentos que demonstram que mais não somos que umas criaturas pré-históricas.
Todos os dias, de há uns meses para cá, tenho ouvido os meus compatriotas que, ao saberem de noticias sobre violações e assedio sexual a mulheres, têm como primeiro impulso culpabilizar essas mulheres, apelidando-as de oferecidas (e outras coisas menos doces), que se puseram a jeito, que estavam mesmo a pedi-las, que não podem vestir roupa provocante se não querem ser violadas. Ou seja, desculpabilizando o criminoso em detrimento da própria vitima.
Tenho ouvido os meus compatriotas muito condoídos com as mortes de 12 mulheres em 2 meses, todas em contexto de violência doméstica, mas a fazerem zero denúncias e a assobiarem para o lado (assobiar para o lado é equivalente a aplicação de pena disciplinar de advertência) quando há um juiz a debitar a Bíblia em acórdãos para justificar e desculpabilizar agressões a mulheres.
Tenho ouvido os meus compatriotas a queixarem-se amargamente das coisas que agora inventam, que agora já não se pode dizer nem fazer nada, coisas inocentes como piropos e aquelas doçuras que se ouvem quando se vai na rua e se passa por um bando de orangotangos, que é sempre agradável, que se levantam logo ondas de indignação.
Tenho ouvido os meus compatriotas a insultarem pessoas que pertencem a associações feministas, como se o facto de lhes chamarem histéricas, esganiçadas e lambedoras de sei-lá-o-quê fosse mais que suficiente para lhes acabar com os argumentos mais que válidos.
Tenho assistido a estes comportamentos completamente boquiaberta, à espera que pare tudo e alguém grite de um dos lados: "é para os apanhados!".
Mas, desafortunadamente, esse grito não vem.
Isto está mesmo a acontecer.
Esta sociedade, sob uma capa de progressista e moderna, trata as mulheres como um ser inferior.
Um ser que ganha menos, que trabalha mais em tarefas domésticas, que trata mais dos filhos.
Um ser inferior que não pode andar na rua como quer porque senão corre o risco de ser violentada e aí, é bem feita.
Um ser inferior que não pode defender os seus direitos, nem bater o pé, nem indignar-se com a discriminação que é logo histérica, burra, comunista, arrivista, esganiçada, feminista, lambareira.
Um ser inferior que faz 1000 queixas de violência doméstica e mesmo assim acaba morta numa valeta porque ninguém a ouviu.
Um ser inferior que é discriminado pelas do seu próprio género porque a educação que teve e a consciência colectiva, mesmo que inconscientemente, está presente e diz: o homem é dominante.
Este é o século XXI que temos. O século XXI a que temos direito. Um século XXI mergulhado nas trevas, com toda a gente a indignar-se muito mas inconscientemente a pensar e a agir contra a igualdade.
Tenho sentido não só vergonha de todos estes comportamentos, mas também um outro sentimento nasceu em mim, um sentimento bem mais básico: medo.
Passei a ter medo que, caso me aconteça alguma coisa e seja eu vítima de violência, qualquer que seja, por ser mulher, vai toda a gente tratar-me de maneira diferente e assobiar para o lado.
Creio que é chegada a altura de mudarmos este padrão de comportamento.
Chegou a altura de dizer basta a este clima de diferenciação.
Temos 10.000 anos de evolução em cima; vamos continuar a viver na pré-história? Vamos continuar a tratar-nos como seres humanos de primeira e de segunda? Vamos continuar a tolerar as pequenas coisas que fazem a diferenciação negativa entre homens e mulheres? Vamos continuar a viver nesta neblina de medo e discriminação?
Ou vamos fazer a diferença, mudando comportamentos, mudando mentalidades, educando os nossos filhos para a igualdade e o progresso, censurando comportamentos misóginos, criticando activamente discriminação de género, batendo o pé e recusando rótulos?
Um dia, o dia de hoje vai ser um dia como outro qualquer.
Até lá, temos um longo caminho a percorrer.
Que se comece hoje.
quinta-feira, 7 de março de 2019
Salvem o Neto
Quem já jogou 548962 vezes o jogo das mocas com pregos, cus e cagalhões, ponha o dedo no ar!!
segunda-feira, 4 de março de 2019
Meanwhile in Ergástulo - Parte Décima Oitava
Sou a única avestruz neste prédio a vir trabalhar à Segunda-Feira de Carnaval.
Tudo porque o patronato é fuinha
Foi aqui que vim parar.
Tudo porque o patronato é fuinha
Foi aqui que vim parar.
Conan Osíris
É oficial: o Conan Osíris será o representante português na Eurovisão.
Honestamente, não percebo a celeuma. O rapaz tem aquele estilo estouvado e tal estilo reflecte-se na música. Mas não é caso para se rasgar as vestes, tamanha a indignação.
Para já, há que ter em conta que, salvo raras excepções, os outros concorrentes eram muito fraquinhos. Até estou admirada como é que não concorreram fadinhos tristes e fadinhos contentes, como foi nosso apanágio durante tanto tempo...
Depois, há que ter em consideração que tudo o que é estranho ou diferente demora a ser aceite pelas mentes iluminadas que habitam nesta terra.
Aqui, tudo se acha a sumidade da abertura mental e do progressismo, mas não conseguem apagar da memória a Sô-Dóna-Simóne que tão bem cantou no tempo em que a Eurovisão tinha uma orquestra e aquilo é que era.
No fundo, muito como se passa hoje em dia nos restantes quadrantes da sociedade: não somos nada racistas, mas não gostamos lá muito de pretos e ciganos.
Não temos nada contra homossexuais, mas preferíamos uma doença terminal a que um filho nosso gostasse de pilinha.
Achamos que a violência domestica é um flagelo, mas nem pestanejamos com o facto de a um certo juiz desembargador ser aplicada uma pena disciplinar de advertência por debitar nos seus acórdãos alarvidades dignas da Idade Média no que à dignidade da mulher diz respeito.
Somos mesmo assim: pequeninos, mesquinhos, atrasadinhos, embora nos achemos boas pessoas, que no fundo é isso que interessa e que deus-noss-senhor-nos-abençoe ou uma porra qualquer.
E, sendo isto assim para tudo, porque é que haveria de se diferente no festival da Canção?
Não adoro o rapaz nem a música dele, mas reconheço-lhe graça e expressividade. E prefiro mil vezes o Conan do que a música pimba que levámos DUAS VEZES à Eurovisão, que nos devia ter enchido de vergonha até à 15ª geração, mas disso ninguém fala.
Além disso e, meus amores, esta é a parte mais relevante: é um concurso de música. Nunca ninguém quer saber disto, e agora está tudo muito indignado??
Vão-se lavar por baixo.
Honestamente, não percebo a celeuma. O rapaz tem aquele estilo estouvado e tal estilo reflecte-se na música. Mas não é caso para se rasgar as vestes, tamanha a indignação.
Para já, há que ter em conta que, salvo raras excepções, os outros concorrentes eram muito fraquinhos. Até estou admirada como é que não concorreram fadinhos tristes e fadinhos contentes, como foi nosso apanágio durante tanto tempo...
Depois, há que ter em consideração que tudo o que é estranho ou diferente demora a ser aceite pelas mentes iluminadas que habitam nesta terra.
Aqui, tudo se acha a sumidade da abertura mental e do progressismo, mas não conseguem apagar da memória a Sô-Dóna-Simóne que tão bem cantou no tempo em que a Eurovisão tinha uma orquestra e aquilo é que era.
No fundo, muito como se passa hoje em dia nos restantes quadrantes da sociedade: não somos nada racistas, mas não gostamos lá muito de pretos e ciganos.
Não temos nada contra homossexuais, mas preferíamos uma doença terminal a que um filho nosso gostasse de pilinha.
Achamos que a violência domestica é um flagelo, mas nem pestanejamos com o facto de a um certo juiz desembargador ser aplicada uma pena disciplinar de advertência por debitar nos seus acórdãos alarvidades dignas da Idade Média no que à dignidade da mulher diz respeito.
Somos mesmo assim: pequeninos, mesquinhos, atrasadinhos, embora nos achemos boas pessoas, que no fundo é isso que interessa e que deus-noss-senhor-nos-abençoe ou uma porra qualquer.
E, sendo isto assim para tudo, porque é que haveria de se diferente no festival da Canção?
Não adoro o rapaz nem a música dele, mas reconheço-lhe graça e expressividade. E prefiro mil vezes o Conan do que a música pimba que levámos DUAS VEZES à Eurovisão, que nos devia ter enchido de vergonha até à 15ª geração, mas disso ninguém fala.
Além disso e, meus amores, esta é a parte mais relevante: é um concurso de música. Nunca ninguém quer saber disto, e agora está tudo muito indignado??
Vão-se lavar por baixo.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019
Não Sei Se Ria, Se Chore...
Confesso-me baralhada...
ISTO é suposto ser um texto irónico e, portanto, satírico à visão do antigamente ou é mesmo a sério?!
Apetece-me Grandemente Ser Porca # 66
Ou muito me engano, ou "tá rolando um lóvi" entre estas duas avestruzes...
Ele é olhares meigos no filme, ele é surpresas nos concertos da moça, ele é este clima de romance em plena festa dos Oscars.
Não sei, não... Parece-vos encenação?
É que à minha pessoa não parece nada.
Ah e tal, mas a Irina é bem boa e a Lady Gaga não tem nada para competir com ela. Sim, meus amores, até parece que o figurino é alguma coisa comparado com a química...
Parece-me que a Irina está aqui está com as malinhas à porta porque Lady Gaga está a conquistar terreno como gente grande.
Mas isso sou só eu, que não percebo nada de nada e só mando uns bitaites de vez em quando.
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