quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Àquele Que Nos Governa

Estou preocupada, Sr. Primeiro-Ministro. Muito preocupada.

Não sei como estará este país daqui a um ano, quando V.Exa. e a sua trupe de malabaristas levar por diante a sua cruzada de meter a mão no bolso dos contribuintes.

Não sei o que acontecerá às famílias, sobrecarregadas com impostos, desempregados e mais pobres.
Não sei o que acontecerá às empresas, sem condições para investir. Não sei o que acontecerá ao sistema nacional de saúde e à escola pública. Não sei o que será de todos os que aqui habitam.

O que fará com os profissionais liberais, quando tiverem que descontar mais de 30% do seu rendimento?
O que fará com os trabalhadores dependentes, a quem aumentou tudo menos o rendimento?
O que fará com as pessoas que auferem o salário mínimo? Vai deixá-los ir à 'sopa dos pobres', para terem o que comer?
O que fará com os funcionários públicos? Vai enfiá-los a todos no Campo Pequeno, quando já não os puder extorquir e dispensar?
Vai criar emprego? Vai obrigar as empresas a investir nessa área com o dinheiro que poupam com a descida da TSU? Ou vai fechar os olhos enquanto essas empresas assobiam para o lado e arrecadam esse lucro?
O que é que vai fazer, Sr. Primeiro-Ministro, quando descobrir que a fórmula mágica do Orçamento não resulta enquanto não reduzir a despesa? Qual é o seu plano?

Eu sabia bem qual era o meu.
Finalizar o meu percurso profissional, trabalhar para arranjar poupanças para investir num projecto que tinha imaginado há anos, ser mãe antes dos 30 anos.
Por sua causa, não vou poder fazer nada disso.
Sabe-se lá se terei dinheiro para pagar a taxa que me pedem para a agregação na Ordem...
Também não vou ter clientes, porque os tempos não estão para ir ao advogado e, como tal, não vou arranjar dinheiro nem investir.
E também não vou ter filhos porque não os poderei alimentar, quanto mais educá-los convenientemente.

Assim, de repente, a minha vida foi toda ao ar.
Já reparou?
Quantas mais vidas vai mandar pelos ares? Quantas famílias vai votar à miséria e ao desemprego, ao sacrifício?

Não sei se estará recordado, há pouco mais de um ano atrás, V.Exa. e o seu partido de idiotas acéfalos deixou cair o governo que estava no poder porque o país não poderia suportar mais austeridade. Queriam poleiro, tão somente isso. Com a sede de poder, não quiseram saber o que teriam de fazer; fizeram-se ao caminho e chegámos até aqui.

Também isto foi culpa do Sócrates, Sr. Primeiro-Ministro?
A irresponsabilidade e insensibilidade social a que chegámos, a miséria, o desemprego, a calamidade económica, tudo isto é responsabilidade do anterior governo? Pense lá bem...

Só lhe tenho a agradecer, Sr. Primeiro-Ministro.
A sua estratégia é absolutamente brilhante.
Os meus filhos, que não vão existir, também lhe agradecem.

Agora, se me permite, e respeitosamente, veja se lambe algum sabão, só lhe faz bem.

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