sexta-feira, 14 de maio de 2010

Em Memória

Mesmo depois de tantos anos, tantas aulas, tantos professores e assistentes, tantas angústias e tantas coisas outras que se passaram no Antro, não esqueço a primeira semana de aulas. E não esqueço uma aula em particular, em que um professor explicava aos alunos que tinham acabado de chegar ao mundo da judicatura porque é que era necessário uma formação tão longa nesta área. Disse que poderiam formar-se juristas em ano e meio, mas que nunca seria a mesma coisa, porque faltaria muita coisa que nos seria essencial para a vida futura.
Daquelas palavras, tirei uma conclusão muito simples: vai vos custar, vai ser longo, mas vão precisar daquilo que vos vão ensinar aqui.
Nunca mais me esqueci do que foi dito naquela aula de apresentação de Economia Política. Até porque se veio a revelar muito útil nesse mesmo ano, quando a faculdade deixou de ser a FDL para passar a ser definitivamente o Antro.
Também nunca foi esquecido quem proferiu tais palavras, mesmo tendo adormecido em tantas aulas e não ter ido a tantas outras.

Serviu de exemplo do que é ser injustiçado por ter opiniões diferentes e mesmo assim continuar, persistir, não desistir.

Esse professor era Saldanha Sanches.

Poder-se-ia falar de todo um contributo para o mundo jurídico, nas inúmeras obras e no impulso que deu ao Direito Fiscal, mas prefiro lembrar-me dele como a pessoa que resolveu dizer aos alunos do 1º ano que a vida não seria fácil ali dentro, mas que tudo seria necessário para uma formação completa.
Prefiro lembrar-me dele pelo gesto e marca que deixou àqueles sentados nas cadeiras do Anfiteatro 1.
Porque a imortalidade é a marca que deixamos naqueles que connosco se cruzam.


1944-2010

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