Tenho uma amiga que anda naquela fase inicial de paixão. Não aquela em que já se chegou a vias de facto; a outra, a que se anda num constante chove-não-molha, a lançar a rede, as mensagens os telefonemas, os sorrisos, os encontros.
Anda a rapariga por aí como se fosse transportada na nuvem mágica do Son Goku, sempre de risinho rasgado, aos pulinhos pela casa fora.
A minha pessoa, que é uma besta quadrada sem sentimentos e completamente ressequida, tenta por todas as vias não demonstrar o que lhe vai na alma e esconde na escuridão impenetrável da sua alma a vontade que tem de lhe dar dois estalos, abaná-la e atirá-la ao chão para ver se acorda; é que se me custa ver a garota atoleimada com tanta euforia. Nem vale a pena, que a minha essência foi corrompida à nascença e só a ideia de melaço já me dá a volta à tripa.
Tremo, porém, só de pensar que a moça possa vir a bater com a frente da cabeça no duro chão de cimento quando, afinal, perceber que a esmagadora maioria dos homens não vale a ponta de um lápis. E digo homens como poderia dizer mulheres; o que importa salientar aqui é a natureza podre, negra e decadente do ser humano que, independentemente do género, não presta para nada.
Depois de dar muitas voltas à cabeça, a pensar o que haveria de ofertar a esta minha querida amiga por ocasião do Natal que se aproxima, cheguei à conclusão de que o melhor será comprar-lhe um daqueles conjuntos de pá do lixo que vêm com uma vassourinha pequena. Para apanhar os cacos depois da euforia passar.
Ou estou a ser demasiado pessimista?
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