Todos os dias bebia chá de limão.
Não que gostasse particularmente do sabor, mas porque não havia mais nada.
Era amargo, requentado, quase gorduroso e estava quase sempre a escaldar.
Era penoso beber.
Era penoso pensar que aquele chá tinha necessariamente de ser bebido.
Era horrível pensar que, quando aquele chá finalmente terminava, no dia seguinte lá estaria uma chávena cheia à espera.
Um dia, decidiu que não queria mais beber chá de limão. Que já chegava de amargos de boca e que, com toda a certeza, haveria de existir um qualquer outro chá que seria bem melhor que aquela água ardente sebosa. E foi à procura de um chá diferente. Um chá melhor.
No dia seguinte, o tal chá de limão não estava tão amargo, nem tão requentado, nem tão gorduroso. Nem parecia tão quente.
Parecia que tinha adivinhado que andava à procura de um substituto que o empurasse para a reforma.
Lindas, as ironias, não?
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