segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O País Que Temos

Gostaria de lembrar aos meus queridos compatriotas que não só os julgamentos não se fazem em praça pública, que existem tribunais por um motivo e que as pessoas são inocentes até prova em contrário, mas também que os amados pares não são juízes.

Gostaria também de lembrar os meus compatriotas fofinhos que o que adoram chamar de justiça divina, ou de "era metê-lo num buraco e nunca mais ver a luz do sol" ou "até que enfim", e até "deviam era cortar-lhe as mãos como fazem os árabes" nada mais são do que comentários simiescos e pouco dignos de pessoas que vivem e apreciam viver num Estado de Direito.

Gostaria também de lembrar que podem não gostar do homem mas, que se saiba, ainda não perdeu os direitos civis e que não é nenhum animal para ser exibido numa jaula como se tivesse uma perna a nascer-lhe na testa ou um alho-porro a saltar-lhe de um ouvido, ou como se fosse um bicho no jardim zoológico.


Gostaria ainda de lembrar as pessoas que vivem neste país que têm um jornalismo de merda, sem vergonha e sem escrúpulos, que não olham a meios para humilhar e envergonhar um cidadão, fazendo da detenção mais ilegal que alguma vez vi (vão estudar e depois falamos) o maior circo desta temporada.

Por último, gostaria de desejar a todos os meus compatriotas que estão tão afoitos a julgar uma pessoa que nem uma medidade coacção aplicada tem ainda que nunca, mas nunca tenham problemas com a justiça penal e que nunca, mas nunca venham a ser detidos para interrogatório, constituídos arguidos ou similar porque, meus amores, isso é o que acontece no processo penal, não é o fim do mundo, é só o sistema penal em movimento e pode ser que haja gente a rir-se de vocês e a atirar pedras para dentro da vossa jaula tal como os meus queridos estão a fazer agora.

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