quarta-feira, 9 de março de 2011

Resoluções Para A Vida Futura #1

Agora que se atingiu a provecta idade de um quarto de século, resolve-se começar a tomar decisões e demais resoluções para que daqui a dez ou quinze anos não se venha a constatar que, afinal, tanta conversa, tanta rebeldia e nada de novo, é-se igual aos restantes avós, saudosistas e velhos do Restelo que povoam este rectângulo à beira-mar plantado.

Decida-se, portanto, que se algum dia se vier a ter possibilidade de ser mandatária, depois de passar as provações e demais obstáculos que o querido Bastonário entretanto gosta de pôr no caminho, e chegar a hora de ter estagiários, só haverá lugar a aceitar os mesmos se houver condições de lhes pagar decentemente.
Só haverá lugar a ter um aprendiz quando e se tiver tempo para lhe dedicar a atenção que ele/ela merece, sentá-lo/a ao pé de mim e ensinar tudo o que sei, olha isto faz-se assim, o solicitador não faz um cu do que tu pedes?, pega no telefone e melga, não percebes a letra do juiz no despacho?, antes de fazeres requerimento a pedir uma aclaraçãozinha, liga para o tribunal que os funcionários conhecem a letra de todos os juízes e até ajudam, não sabes fazer?, faz errado e depois nunca mais te esqueces. Só não vás é pedir certidões para efeitos fiscais aos agentes de execução que eles mandam-te levar na pá.
Só haverá lugar a ter um estagiário se, daqui a dez ou quinze anos, não tiver a mania que sei tudo e os que saem das faculdades não sabem nada. Se algum dia acordar com esta mania, não quero ter estagiários, para quê, se depois vou passar a vida a chagar os cornos aos miúdos porque são burros e calhaus com olhos?
Só haverá lugar a ter estagiários se conseguir ter a capacidade e o dom da paciência, mais o dom da capacidade financeira, que para geração à rasca já bem basta a minha.
E só terei um estagiário se me conseguir lembrar do nome dele, e não lhe trocar o nome pelo da secratária ou pelo da antiga estagiária que não servia para nada.
E nunca, mas nunca quero chamar um aprendiz de 'estagiário'. Para geração precária, bem basta a minha.

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