quinta-feira, 17 de março de 2011

Do Existencialismo II

Tem uma certa piada, a sério que tem, as pessoas rebeldes e angustiadas que querem ser livres e independentes, que não querem que ninguém escolha por elas, querem fazer o próprio caminho, passam metade da infancia e inteira adolescencia, já na vida adulta também, a tentar escorraçar os pais e outros que possam de alguma forma meter o bedelho nas decisões e alertar para as consequências, que por elas decidem, de todos os aspectos que querem e podem controlar, que não passam de uns chatos metediços e idiotas, vão-se mas é embora daqui que da minha vida sei eu.
Porém, quando chega a hora das decisões realmente difíceis, daquelas que doem seja qual for a opção que se tome, preferiam milhões de vezes que fossem outros a escolher por elas, porque escolher, afinal, não era bem a introdução à vida adulta que se esperava, ter responsabilidades é doloroso e mau demais para ser verdade, mas que não seja para, mais tarde, poder culpar os outros das escolhas que não foram os próprios a fazer.
Talvez seja mesmo essa a questão.
Enquanto se é pequeno, não há maneira de escolher, é só levar com as consequências das escolhas dos outros, se e quando alguma coisa corre mal, há sempre um bode expiatório a quem culpabilizar.
Quando se é grande, as consequências recaem sobre os que fizerem a escolha, e já não há ninguém para cima de quem se possa sacudir a água do capote.
E, nas horas de aperto, esse escape saberia pela vida.

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