domingo, 1 de fevereiro de 2009

O Queixume do Vício

Porque é que as pessoas fazem as coisas sem terem vontade de as fazer? Porque insistem em encetar que não querem concluir? Porque principiam actividades que sabem que serão feitas de má vontade?

Vicissitudes da condição humana, olha-se para o que a vontade não quer ver nem pintado de amarelo como uma obrigação a cumprir a todo o custo. Também será obrigação o que se pode evitar, mas que se faz na mesma? Que raio de coisa tem de ser feita, mas não obrigatoriamente, mas que obriga, mesmo assim, de tal forma que seja feita, mesmo de má vontade? Que raio de obrigação moral é essa que, confusamente, obriga a morder o pó da contrariedade, a pisar terreno pantanoso o suficiente para se enterrar porcamente até a cintura num belo charco de merda?

E porquê complicar, se a questão, por mais complexa que as palavras possam mostram, é simples como água? Se a questão, simplificada, é porque se submetem as pessoas a coisa que não querem, muito menos precisam?
Resposta : porque de outra maneira não se poderiam queixar de como a vida é madrasta e como as castiga imerecidamente; não se poderiam chorar infinitamente daquilo que os outros lhes fazem; não poderiam sentir-se tristes e azaradas porque só aos outros acontecem coisas boas.

Que seria do ser humano no seu esplendor se não se pudesse queixar, nem que seja por um bocadinho, de toda a conjuntura malvada que lhe desgraça a vida?
Que fazer da vida quando tudo corre bem e se fica sem nada que fazer?

Solução : arranjar cadilhos e queixar-se.

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