domingo, 1 de fevereiro de 2009

Abyssus Abyssum Vocat

Os homens são todos iguais. Uns cabrões, porcos e desonestos que vem desassossegar o coração das raparigas inocentes para as levar para o leito ( e não é para dormir ),ou andar com várias ao mesmo tempo, aproveitando a oferta generosa que o mercado tem, ou desprezar a presença da fêmea na sua vida, ou arranjar qualquer outra desculpa para escorraçar, maltratar, vilipendiar, principalmente no que ao foro psicológico diz respeito.
Uns cabrões, uns velhacos, uns suínos que, se hoje só gostam de ficar por baixo para não terem trabalho, daqui a dez anos chegam a casa a atirar com os sapatos para onde calha e a esperar pelo jantar estiraçados no sofá, a coçar a barriga e a gritar, perguntando se se demora muito para comer. Uns palhaços que, ainda agarrados aos pilares do velho machismo, temem a vinda das mulheres para o mundo que ainda acham ser deles, desprezam-nas mesmo que não o digam e crêem piamente que nunca elas os irão igualar. São todos iguais, os homens.

Nem por isso. Se os homens são todos iguais, as mulheres também o são. Tem os mesmos vícios, os mesmos modos, os mesmos instintos, os mesmos comportamentos nas mesmas circunstâncias.

Não, os homens não são todos iguais. Mas ainda há homens que tem tudo de cabrões, de porcos e desonestos, de velhacos, de palhaços que maltratam e vilipendiam, mulheres e os seus pares. Uns disfarçam mais que outros, uns tem mais destas características que outros, os que ainda as possuem já vão escasseando, alguns destes aspectos são mais acentuados, tudo depende e difere.

Não, os homens não são todos iguais. Mas uns, lá dizia o outro, são mais iguais que outros, maneira complicada de dizer, há uns mais cabrões, porcos, velhacos e palhaços, verdadeiros merecedores dos adjectivos que lhes cabem em sorte, estando normalmente reunidos num só exemplar.

Não, os homens não são todos iguais. São todos diferentes, alguns sem nenhum dos defeitos enumerados ou outros esquecidos que são ainda piores. São todos diferentes, nada iguais.

Então, porque se escolhem os que são iguais a escumalha que é toda igual? Porque é irresistível a atracção para o abismo da vulgaridade, no que ao masculino género diz respeito? Porquê a insistência naquilo que se passa horas a abominar? Porquê escolher o que já se sabe ser igual, sabendo também de antemão que o caminho a que se vai dar é igual aquilo que aparenta ser porco, velhaco, nada sério? Porque é que é irresistível o abismo do parco conhecimento sobre a fraca figura masculina? Porque será um atractivo ir experimentar o que já se sabe carecer de qualidade? Porque se insiste em querer trilhar um caminho que se sabe não levar a lado nenhum?

Os homens são todos iguais. É o que é preferível pensar em vez de simplesmente ser-se estúpido o suficiente para ver a poça de lama mesmo em frente, e mesmo assim, ir lá por o pé.

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