sexta-feira, 23 de junho de 2017

Neste egástulo onde ninguém fala, ninguém se ouve e ninguém faz, por qualquer motivo, mais barulho do que aquele que seria aconselhado numa missa de velório, espirram tão alto e tão desordeiramente que mais parecem galinhas a cacarejar para pôr ovos.
E como a casa é tão grande que até parece que faz eco, fica o espirro a pairar no ar uns segundos, até desaparecerem  os átomos do som.
Continua tudo na sua vidinha como se nada fosse, como se não tivessem acabado de expelir um frondoso pinheiro pelo nariz; a ninguém parece estranho que na casa do silêncio caiam bombas nasais de quando em vez.
Pelos vistos sou a única a quem isto parece bizarro.



Lá está aquilo que vislumbrei logo nos primeiros dias: o local muda, mas a maluqueira é exactamente a mesma.

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