terça-feira, 27 de junho de 2017

Meanwhile in Ergástulo - Parte Primeira

Esta é uma casa esquisita, é ponto assente. Uma casa estranha, cheia de pessoas bizarras com comportamentos fora do normal, que não se encaixa em coisa alguma antes vista.

Tendo esta informação presente - e bem presente - é preciso começar por referir que o chefe da aldeia dos macacos, ele próprio um gorila muito velho, não faz nenhum.
Nada. Zero. Niente. Nicles. Ponta. De. Um. Chaveiro. Um boi. Nada, porra, mesmo nada.

Chega de manhã, anda a cirandar pelas salas de toda a gente a perguntar o que é que se está a fazer, o que é que há pendente, manda uns bitaites e depois vai para a sua salinha, onde se entretém a abrir e fechar os armários muitas vezes (aparentemente é uma actividade que faz muito bem aos ossos) e depois senta-se na sua poltrona a olhar para o vazio.


Isto é verídico, não é um queixume engraçado com umas piadas parvas cá pelo meio, como é meu apanágio. É mesmo verdade. Tenho visto isto todos os dias.
O senhor fica uma manhã, uma tarde, um dia inteiro sentado no sofá a olhar em frente, admirando a beleza da cor das paredes. Ao meio dia e dez vai almoçar, que a terceira idade não é digna desse nome se não almoçar ao meio dia e dez. Leva três ou quatro discípulos fiéis, os outros não, que a ordem não é rica e não há dinheiro para gastar em almoços para a ralé.
O seu telefone toca muitas vezes; imagino que seja a mulher a perguntar-lhe se quer sopa de feijão para o jantar. Ou a perguntar-lhe se sabe onde pôs as chaves da arrecadação que precisa de ir lá buscar o regador e não sabe onde as pôs. Ou a dizer-lhe que não se atrase que hoje quer ver a Gala da Solidariedade dos Incêndios.

Isto é só o que vejo. Faria se me pusesse a escrever sobre aquilo que sei... (tendo esse conhecimento sido adquirido na pendência de coscuvilhice fora do horário de expediente). Mais tarde, talvez.


Por agora, meditemos apenas na introdução do texto que é, no fundo, a sua conclusão: este gajo não faz um cu.
Agora que já interiorizámos isto nas nossas cabecinhas, demos um passo em frente e perguntemo-nos como é que se gere uma sociedade desta dimensão sem mexer uma palha...

Já se está mesmo a ver a resposta, não é?




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