Hoje, estava eu descansadinha na sala de audiências à espera que começasse a diligência - fosse eu a chegar atrasada era o descalabro, mas como é o senhor-doutor-juiz-meritíssimo está tudo fixe - quando reparo num colega, estagiário, a chegar com uma mala de viagem pela mão (e não era um troley, se é isso que estão a pensar) todo muito contentinho e todo muito senhor de si.
Escolhida a cadeira, pousa toda a parafernália e retira de dentro do seu baú de viagem uma toga num cabide (!) e envolta naquela película de plástico daquelas de lavandaria. E fica ali a olhar para a toga, completamente embevecido, à espera que ela se vista sozinha. Lá se decide a colocar a vestimenta, não sem antes sacar de um rolinho autocolante e esfregar em toda a extensão do tecido. Só faltava mesmo um espelho para se admirar e estava a coisa feita.
Pobre coitado.
Já eu, não sabia se tinha mais vontade de me rir se de ir lá dar-lhe uma pancadinha nas costas e explicar-lhe a agruras da vida judiciária, mas fui antes comer uma peça de fruta, depois de me recostar na cadeira a ver o espectáculo.
Mas isso sou só eu, que não tenho vergonha.
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