segunda-feira, 20 de março de 2017

Ai Sim?

Depois de franca e atenta observação, concluo que sou uma choninhas que não sabe dar, na hora, uma resposta como deve ser a quem a merece. Isto apesar de achar que sou muita badass, francamente arisca e muita má e o caralho e de andar rua acima, rua abaixo a achar-me um poço de frontalidade.


Um dia destes, apareceu numa qualquer fotografia minha numa qualquer rede social, acompanhada de outros dois estarolas como eu, todos em poses de gozo, claramente a tentar produzir uma fotografia cómica. Veio logo, não se sabe bem de onde, uma idiota qualquer comentar que agora, obviamente referindo-se à minha condição de mãe, devia dar o exemplo.

E agora, pensarão as pessoas, se calhar a fotografia mostrava-me em trajes menores ou estava com uma mama de fora. Se calhar, a devassa, estava com a coisa ao léu ou a mostrar o traseiro. Talvez, ainda, estivesse em pose convidativa à prática de relações pouco lavadas, vendendo o corpo, meu, não obstante, pelas ruas.

Não, nada disso. Estava de dedinho esticado, em riste, tal como a pessoa que estava ao meu lado, como é, aliás, meu apanágio, que o que não faltam no meu perfil são fotografias minhas com os dedos esticadinhos, principalmente o do meio, a acenar alegremente a toda uma população.

Mas, na óptica daquela javarda, que no meio dos outros vai à missa três vezes ao dia, é muito séria e não comete pecados, mas no recato do lar é uma porca igual às outras e ainda fica toda contente, e isto era o que deveria ter-lhe dito na altura, mas fui estúpida, como é também meu apanágio, a minha recente qualidade de mãe não me permitiria fazer aquelas figuras porque tinha que dar o exemplo. Porque aquela dava o exemplo todos os dias, como está bom de ver, e como é melhor que toda a gente ainda se passeia pelos perfis dos outros a mandar bocas sobre o que o próximo, tão bíblica que eu estou meu deus, anda a fazer ou, pior, sobre o que deve fazer.

A minha pessoa, que para cretina só lhe falta um selo na testa com esse dizer, ainda foi na conversa do não respondas, ainda tentou desviar o assunto para o nonsense talking, mas o efeito perdeu-se. Perdeu-se porque eu é que tive que enfiar a carapuça de me ver criticada em praça pública por um crime que não cometi e a escanchada ainda se deve ter ficado a rir.

E eu, que sou tão assertiva, tão directa, tão frontal, deixei passar e nada disse, quando podia e devia ter mandado imediatamente a vaca ir ordenhar-se lá para a terra dela.

Tudo para depois ficar a remoer na questão, sem chegar a conclusão nenhuma.

Portanto, sou estúpida, faço por isso e ainda gosto.


E você?

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