Como ser advogado é uma profissão de risco para o cérebro, de vez em quando acontecem coisas como ir todo lampeiro para o tribunal, a pensar que se tinha audiência prévia no dia de hoje, dia 24 de Fevereiro, às 10h quando afinal a porra da audiência prévia só terá lugar no dia 24 de Março, pela mesma hora.
Distrações todos temos e não faz de nós menos profissionais nem mais estúpidos por causa disso, são coisas que acontecem. Quando a chefia fica a saber do sucedido, esboça um sorriso e, com uma pancadinha amigável nas costas, limita-se a dizer: "Deixe lá."
Não é por nada, nem por mera inveja do distraído, mas se fosse comigo estaria o caldo entornado e não faltariam adjectivos menos bondosos e simpáticos para qualificar a minha falta de atenção e devaneio.
Como daquela vez em que fui para não-sei-onde, creio que Mafra ou uma terra sinistra parecida, em dia de feriado municipal e quando regressei ao ninho após a viagem frustrada, não faltaram logo comentários muito queridos e abonadores da minha pessoa, começando e acabando com a máxima de para que queria eu a agenda jurídica se nem sequer me servia dela para ver os feriados das terras vizinhas.
O que chateia nem é o ralhete, nem a falta de atenção em si, que existe e por isso tem que ser corrigida; é mais a diferença de tratamento, numa verdadeira acepção da expressão uns filhos outros enteados.
Portanto, o que apraz dizer, em vez das caralhadas habituais é simplesmente: ai se fosse eu...
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