Habitamos profissionalmente numa casa velha. Embora bem arranjadinha e adaptada à modernidade dos dias correntes, padece de muitas e vastas maleitas, próprias da idade, que os proprietários vão remendando aqui e acolá.
Hoje, estava tudo na sua vidinha, ao que parece, que a minha pessoa estava fora nas andanças costumeiras, quando cai o tecto da sala de reuniões. Assim. Do nada. Ouve-se um grande estrondo e, quando se dá por ela, está o estuque e a madeira todos no chão, em cima da mesa, das cadeiras, dos móveis, enquanto se abria uma goela preta e imunda, toda podre e cheia de teias de aranha, por cima das cabeças de todos.
Claro que toda a gente se mobilizou para arrumar e limpar imediatamente a sala, até porque havia clientes a chegar e parece que dá um bocado de mau aspecto recebê-los numa barraca em ruínas. Ninguém se queixou, toda a gente meteu mãos à obra num instante.
O que mete mesmo nojo, mais nojo que aquelas teias cheias de moscas mortas que agora pendem da bocarra aberta no tecto é que aquele barrigudo de merda - que é assim que na minha ilustre terra se chama aos gajos que não fazem ponta de corno - em vez de se dobrar para varrer o chão, apanhar o entulho, aspirar o pó, tirar a carpete, limpar a poeira nos móveis, e todas as outras coisas que estão por fazer numa sala onde acabou - for fuck sake, caralho! - de cair a porra do tecto, põe-se ao longe a mandar bitaites estúpidos, a mandar a trabalhar quem já está ocupado (lindo...) e aos gritinhos porque as coisas não estão a ser feitas como sua majestade deseja. Tudo porque o bode não pode sujar-se, como está bom de ver.
Nem vale a pena começar a tecer grandes considerandos porque senão nunca mais daqui saímos, tamanha a estupidez, cretinismo e mesquinhez associadas.
Apenas pergunto se não poderia ter o tecto caído em cima dele quando estivesse a dar consulta.
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