sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Dos Gritos 'Ipiranguescos' Típicos Deste Estaminé *

Depois de dias cinzentos, o sol brilha de novo. Principalmente porque é sexta-feira, o que normalmente significa que chegou ao fim uma semana de trabalho.

Trabalho, trabalho ... Essa dignificação do homem, que ajuda à evolução física e psíquica do ser humano, que traz a remuneração e auxilia o desenvolvimento da economia pela estimulação do consumo.

Pois sim...
O trabalho não é mais que prostituição, pura e dura.
Em troca de uns tostões ao fim de um mês, o trabalhador esfalfa-se a fazer o que o patrão não quer fazer. Só não há é contacto de partes baixas nem nudez; no resto, é igual.

Ora, pensei eu, na minha estúpida inocência, que tornando-me trabalhadora independente faria o que bem entendesse e que não tinha de dar cavaco a ninguém. É o que dá ser jovem; rapidamente somos endrominados (o que eu adoro este vocábulo nas vozes dos idosos, que se transforma rapidamente em indrominados) e caímos na realidade depressa demais.
Acresce o facto de ter nascido neste país, o que ainda agrava mais a coisa, já de si tão preta...

Descontente com a escravização e exploração do meu belo corpinho e excelso cérebro, resolvi demitir-me das minha funções, vender todos os meus pertences e ir vender cortinados para a Feira da Ladra.




Pois claro, não se está mesmo a ver...

Continuando na senda da imaginação, ainda pensei em colocar uma bomba no edifício, pegar numa arma e disparar à queima-roupa, pegar num taco de baseball e destruir cabeças à paulada.

Depois, veio a vozinha na minha cabeça: Diligentia Maria, a Deontologia não te ensinou nada? Que pouca vergonha vem a ser essa? Tu és um agente da Justiça, não podes andar aí a distribuir fruta como um reles Stallone!

Tens razão, Deontologia da treta, tenho de ser mais subtil. Vou pôr antes uns laxantes nos cafés e nos cházinhos!

Porém, acobardei-me. Achei que umas caganeiras talvez não fossem suficientes para aplacar a minha fúria. E voltaria à questão da carnificina, o que só faz é mal à pele.





Portanto, nada resta fazer senão voltar ao queixume e asneirada costumeiras. É a minha forma de rebelião, muito típica, muito suis generis.

Hoje grito e blasfemo para amanhã poder fazer diferente, é a esperança a que me agarro.

Seja.

Puta que pariu esta merda toda!












* Título e texto inspirados num comentário da Ilustre Imperatriz Sissi

1 comentário:

Imperatriz Sissi disse...

Ha-ha, cá está ele! Muito bem! Confesso que quando trabalhei para pessoas que não mereciam viver, quanto mais mandar em alguma coisa, muitas vezes me ocorreram hipóteses semelhantes, vulgo transformar-me em vampira e despedaçá-los, etc. Há que continuar a lutar por dias melhores e esperar que o karma os morda no traseiro. Geralmente é mais cedo do que se pensa...