quarta-feira, 15 de junho de 2011

Da Futilidade XIV

Confissões de uma manhã atarefada na vida duma atrasada mental:

A noite anterior foi longa e não havia sono. Na manhã seguinte, não havia era vontade de acordar. Por isso, toca de chafurdar um bocado mais na cama, esperando que venha a mãe puxar por um pé, como fazia noutros tempos. A mãe não veio, tinha mais que fazer e foi à vida dela. Quando se salta para a banheira, já o relógio marca o adiantado da hora; não interessa, é sempre a andar.
Tudo muito célere até chegar a altura de arranjar uns trapos para enrolar o corpo. O velho hábito de arranjar a roupa de véspera fugiu para não se sabe onde e deixou um caos atrás de si. Resultado: toda a roupa tirada do armário e espalhada pelo chão, sem nada que sirva ou que fique bem. Puta que pariu mais a mania de ser idiota.
Com um atraso consideravél para a estagiária-que-chega-sempre-antes-da-hora, lá há tempo para um café com os colegas, que é sempre bom haver momentos de cumbíbio na choça jurídica. Ou seria, não fosse a conversa do mais deprimente possível; onde é que cabe na cabeça de alguém estar a falar de abortos com um moça grávida por perto? Depois não venham cá dizer que o Direito não deixa as pessoas inimputáveis...
Como se não bastasse, vem uma merda voadora em forma de pó alojar-se directamente entre o olho e a lente, fazendo brotar lágrimas como se não houvesse amanhã. Vai-se ao espelho ver se não há estragos mas só se encontram marcas daquilo que foi, um dia, maquilhagem.Tudo o que ficou foi uma mancha negra à volta dos olhos. Puta que pariu mais a mania de comprar maquilhagem que dura, e dura, e dura ...

Ora, se começou assim, o que mais irá acontecer até ao final do dia?

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