quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Uma 'Escritora'

Esta senhora, Margarida Rebelo Pinto, sempre me tirou do sério. No mau sentido, entenda-se.
A arte de escrever não nasceu com ela, comigo não também certamente, que nem sei conjugar verbos e ainda me arrogo a ter blogs e afins, mas com toda a certeza que, quando deus a pôs no mundo, foi com o propósito de a manter afastada do papel e da caneta, ou nos tempos mais modernos, dos computadores e processadores de texto, para que não fizesse estragos nesse belo linguajar que é o português.
Mas a senhora não quis, quis escrever, e assim fez, conseguindo sobreviver do papel que imprime, façanha notável neste cantinho à beira mar plantado, quer se diga bem ou mal dela, vá que não se pode estar sempre com a tesoura na mão a cortar nas casacas alheias, há que dar o corpo ao manifesto, raio de expressão esta, e dizer bem quando há que o dizer.

Este texto (clicar para visão panorâmica da temática) é o espelho do talento para a escrita oca, infantil, arrogante, repetitiva, vazia de conteúdo e sem sentido, digna de romance de cordel que tanto gosta de vender.
E vende mesmo, disso não haja a menor dúvida, os livrinhos que esta senhora escrevinha são best sellers, despacham-se melhor que pãezinhos quentes, que há gente para tudo, até para comprar livros destes, cada um terá o seu gosto, é certo.

Acha engraçado, esta senhora começar a desancar nas gordinhas, como se fossem um espécie à parte de seres humanos, ou pessoas de categoria inferior, que são disformes, ui que crime, ser disforme, ele há cada uma, há as pessoas que têm o cérebro disforme e dizem destas alarvidades, porém, como o cérebro não se vê cá fora, anda tudo bem e ninguém é discriminado. Agora ser gordinho é cá um pecado, ai meu deus, ainda por cima quando quem profere estes dizeres é alguém com um Q.I. tão acima da média que rebenta com a escala.

Tudo isto porque as gordinhas tiram o lugar às miúdas giras.
Pois sim, com certeza, que miúdas giras têm um medo que se pelam das gordas, ficam com os gajos todos, gozam e humilham as pessoas com peso a mais, passam a vida a insultar quem não tem medidas de peida fantásticas e ainda por cima queixam-se de que as gordalhufas é que lhes tiram o lugar.

Mas andamos a brincar ou quê? Vamos agora fundar um club para as gajas boas que se sentem intimidadas e discriminadas pelas gajas gordas e de bigode, e vamos fazer um lanche de apoio e angariação de fundos para combater este flagelo social. O que dizer disto sem cair na ordinarice? Vai trabalhar? Vai lavar escadas? Vai-te lavar por baixo?

Não, é melhor, escrever o que me veio primeiro à ideia: vai levar no cu, que é o que te está a fazer falta.
De facto, a falta de falo em alguns espécimes do sexo feminino é de tal forma gritante que estes não se apercebem do ridículo da situação que é fazer estas figuras adiante de gente, como se diz nestes subúrbios abandonados pelos deuses. Não terá a senhora vergonha de andar para aqui a apregoar asneiras deste calibre e ainda a julgar-se um grande vulto da literatura?

Agora já não se pode ter peso a mais, é o que quer dizer, temos que ter todas o mesmo peso e as mesmas medidas, andar todas vestidas de igual e fazer as mesmas coisas que as gajas boas para sermos consideradas fixes, que se foda a diversidade humana, o que é mesmo bom é ser produto da sociedade de consumo imediato, formatadas, ocas, fúteis, idiotas, porque se formos diferentes, para além de ardermos no fogo do inferno, ainda nos sujeitamos a ser apelidadas de ladras das convivências e atenções dos homens.

Gerações de mulheres a queimar sutiens em praça pública para que agora as gajas boas e de boas famílias não possam dizer palavrões, nem beber, nem fumar daquilo que dá para rir, nem falar de sexo à mesa, nem ser iguais aos homens, em direitos e em conversa, porque há que manter a postura e a diplomacia. Oh minha cara senhora, vá arranjar que fazer, não tem vergonha nessa cara?

E porque é que as gordas é que fazem isto, não conhecerá V.Exa. magras e giras que tenham este tipo de conduta? E não me venha dizer que não, que não conhece, que as gentes da minha classe não fazem dessas coisas, isso são modos lá das pessoínhas que habitam em Sintra, que digo-lhe já, com todo o respeito, que é mentira. Só que há umas que adoptam este tipo de conduta às claras, sem nada a esconder, e depois há as cínicas, as que gostam de dar um ar de superioridade, mas que são, essas sim, umas porcas e umas pervertidas dos pior. Só não mostram, mas são.

Portanto, temos aqui dois crimes, cara senhora, o crime de ser gordo e o crime de ser espontâneo, ser masculino, o que quer dizer que nos homens é bom, saudável e normal, nas mulheres é simplesmente brega, porco e das barracas. Tenha vergonha.


O que me diria, cara senhora, se lhe dissesse que, em cada 7 palavras proferidas pela minha pessoa, 9 são palavrões?

O que me diria se soubesse que falo de sexo até com um poste, pois que este é um país livre e estamos no século XXI, sexo é o que todos fazemos, porque não havemos de falar à hora da refeição, que é a hora privilegiada para conversa?

O que diria, minha senhora, quando me visse a cair de bêbeda ou em estado de inimputabilidade pela ingestão de substâncias psicotrópicas, quando neste país, que pouca vergonha, o consumo não é crime?

O que diria, caríssima, se soubesse que sou one of the guys porque no seio dos meus amigos não há barreiras no convívio e somos todos iguais, sejamos homens ou mulheres, e não há distinção nas conversas que se tem com uns das que se têm com outros?

Nunca mijei de perna aberta num beco do Bairro Alto, mas pode ter a certeza que se me desse a vontade, não seria por ser pouco feminino e comportamento típico de gorda que me iria abster, sabe como é, quando tem de ser, tem mesmo de ser.

O que me diria de toda a parafernália de coisas sórdidas que o meu comportamento encerra?

Deixe lá pensar, sou gordinha, não é?

Desengane-se, senhora, não sou.

Mas como, em tempos idos fui, tenho mais respeito pela diferença alheia do que você, que para além de snob, é petulante ao ponto de fazer afirmações destas, julgando da forma mais fútil que consegue aquilo que os outros são, estereotipando e catalogando pessoas para poder escrever as suas linhas sem ponta de sentido.

Tenha vergonha.

As mulheres, senhora de deus, são criaturas livres, sejam gordas ou magras, e podem dizer os palavrões que quiserem, beber o que entenderem e falar de sexo até numa igreja, se isso lhes aprouver.
Chegámos nós ao século XXI para ouvir que as mulheres devem guardar respeito e recato em todas as situações da vida, principalmente, absterem-se de ter comportamentos típicos da masculinidade. Quem os tiver, é porque é gorda.
Conclusão brilhante, digna de 20 valores em tese de psicologia social de esquina. Se calhar é melhor, 21 valores, para reforçar o sentido da coisa.

Tenha muita vergonha...

Sem comentários: