Muitas coisas se aprendem nos dias que passaram.
Coisas que ficam para a vida toda.
Lições, portanto.
Aprendi que as pessoas que têm dinheiro, pelo menos algumas delas, não passam bem sem que se exibirem grandemente, espalhando aos quatro ventos que, literalmente, querem, podem e mandam; basta que tirem uns trocados em notas roxas da carteira e tudo se resolve, tudo é executável, tudo é possível.
A bem da verdade, não é bem uma aprendizagem, ver este tipo de premissas acontecer; é mais uma constatação de facto. Já se sabia que existia, sempre se ouviu falar, sempre se ouviram histórias, porém nunca se viu verdadeiramente como são feitas as coisas. É o que dá ser-se teso.
São assim.
Saca-se de uma nota do bolso e pronto.
Tudo bem até aqui; quem tem o papel é que manda no mundo. Premissa mais que aceite.
E o exibicionismo? Também é parte integrante?
Também vem acoplado com as posses?
É necessário para que exista?
É. Obviamente, então, não se está mesmo a ver?!
Para quê ter se depois não se pode mostrar? Para quê andar a armazenar se depois não se pode andar por aí a mostrar ao mundo e ao resto da ralé que nem para comer tem que se pode fazer tudo, tudo comprar, tudo ter?
Nada teria o mesmo sabor, o mesmo prazer. Interessa mostrar que se tem. Para ter escondido é o mesmo que passar por pelintra.
Sim, porque isto de andar a fingir que se tem é coisa que já não interessa a ninguém.
Fingir que se é de posses, todo o pelintra finge. Ter e poder já é diferente.
O que interessa ir comer a um sítio de enfardamento se se pode ir a um sítio que sirvam trufas amarelas que enchem 1/5 do prato?
Interessa que se pode de facto entrar num sítio destes, alapar o rabo, comer com requinte, mas o mais importante, pagar a conta, no fim, sem pestanejar.
Enquanto se exibe alegremente todo o ouro armazenado algures. Enquanto se exibe o quanto já se fez, mesmo que nada disso esteja visível. Enquanto se exibe orgulho no que se tem, quanto vale, quanto mais se pode ter.
Numa conclusão nada a ver com comunismos e afins, é triste.
Triste que se faça mais por exibicionismo do que por poder fazer. Triste que ter já não basta, é preciso exibir. E não é exibir para mostrar que se tem aos que têm também. É triste porque se faz para mostrar que se tem aos que nada têm e não conhecem a realidade. É triste, porque para além de exibicionistas são umas bestas capitalistas.
O meu existencialismo é particularmente negativista. Todo negro e negativista.
Quando mais vivo, mais percebo que não há futuro nenhum na raça dos homens, que só não se comem vivos, literalmente, porque se convencionou que não dava jeito nenhum. Porque de resto é aquilo que fazem, figuradamente.
O mundo é um buraco negro sem fim que suga o que de bom existe nas pessoas, que já é tão pouco, deixando-as sem esperança de que alguma coisa de bom possa ainda vir delas.
4 comentários:
triste...mas é a verdade
ai, ai, sou tão verde no mundo da judicatura
Epb, tás vivo!
pouco, mas estou
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