sábado, 4 de abril de 2009

Tempo em que se matam os Porcos

Vi-te.
Estavas lá.
Quem me dera que não estivesses.
Quem me dera não te ter visto.
Pensei que tivesses morrido.
Oxalá assim pudesse ser.
Oxalá.

Mas não. A prova é que te vi, e continuas cá.
A empestar tudo, a espalhar a tua imundice, a emporcalhar o ar. A ser. A existir. Continuas cá.
E continuas com essa cara de santa milagreira da sarjeta, de ovelha fofinha, de livro usado com capa nova. Continuas igual. Como é bom ver a evolução em quem não se vê há tempos sem memória...
E como era preferível continuar sem essa memória.
Como era preferível não ter que te ver. Olhar para ti, sentir-te perto, sabendo que não posso deitar-te as mãos ao pescoço e acabar com a tua vidinha triste e miserável.
Pena capital seria a minha, mas não haveria prazer maior que o último suspiro teu fosse roubado por minhas mãos. Pena capital merecia eu, mas nunca com arrependimento. Pena capital teria, não sem antes respirar de alívio porque da face da terra apagaria eu a tua peçonha. Oh satisfação! Oh alegria infinita! Oh maior dos deuses que finalmente guiou minhas mãos para o acto derradeiro de salvação.

Mas não.
Ainda lá estavas quando virei costas.

Sem comentários: