segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A verdade sobre as verdades

O que diz uma pessoa num estado ébrio total?
Aquilo que normalmente não diz, o que normalmente fica mal dizer, o que ninguém se lembra de dizer ou fazer em estado normal.
Ou seja, dizer verdades.

Verdades.

Mas quais verdades?
As do Oráculo de Delfos?
Aquelas que todos esperam para resolver as suas vidas?
Aquelas que toda a gente precisa de ouvir?

Não.Qual quê. Isso dá muito trabalho, e depois ainda dava lugar a ressarcimento em caso de erro na declaração ouvida.

Aquelas verdades em que o que se bebeu toma conta da boca, língua e cordas vocais e saem opiniões em todas as direcções.
Aquelas escondidas, que a vergonha guarda, que o medo não deixa sair, aquelas que não saem senão num estado em que o corpo se funde com a alma, e a alma com o álcool, e o álcool com o sentimento, e o sentimento é a tal verdade que sai.

Um dia destes, saem todas as verdades que têm que sair, de uma vez. E dizer tudo de uma assentada, o que tem que ser dito, e aquilo que não precisa de sair, também sai.
Que há coisas que não podem ficar presas.
Que há gente que precisa de ouvir, e de saber tudo o que significa.
E mais além.

Verdades.
Venham elas.
Pena que seja só em estado ébrio.
Mas isso já é outra batalha.






AS

2 comentários:

Anónimo disse...

Queres uma verdade? A verdade de que o quotidiano é um fingimento constante. Fingem-se sorrisos, finge-se bem estar, finge-se que é tudo "tipo ya, se bem, realizar bué iniciativas e quê". Tanto que quando se bebe um copo a mais quem transborda somos nós e lá vem a bujardazita. No único momento em que somos 100% genuínos acha tudo que é a bebida a falar. Não te preocupes.

Diligentia disse...

Nao podia concordar mais. Quando se é sincero, acham que é mentira. Quando é verdade, é porque ta com os copos. va-se la entender esta gente ...
AS