terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Apetece-me Grandemente Ser Porca - 50

Aqueles que têm o azar brutal de comigo conviver de perto sabem que há uma coisa que odeio acima de todas as coisas que odeio, que são muitas e muito vastas, mas que esta, mesmo assim, consegue suplantar todas essas coisas: conversa de merda.

Odeio conversa de merda.
Odeio. Conversa. De. Merda.
Odeio.
Já disse que odiava conversa de merda?
Odeio conversa de merda.

Conversa tola, sem nexo, do falar só por falar, do falar a dizer só asneiras, falar das manias, peneiras e taras, conversa de censura alheia encapotada, conversa de surdos, conversa de gente que não interessa, conversa de opiniões que não interessam ao caralho, conversa de chacha.

Infelizmente para a minha pessoa, ouço conversa de merda amiúde. Não só dirigida a mim, mas também aos outros. O que resultará invariavelmente numa úlcera nervosa ou num AVC e que faz, já, resultar, em ataques permanentes de fúria e mau feitio.

Ultimamente, adoptei uma postura relativamente à conversa de merda, postura essa que fui gentilmente roubar ao meu ilustre cônjuge e que poderia dar origem a um tratado filosófico, e que é de tal maneira porreiro para adaptar a todas as situações da vida, quotidiana e não só.

Não discuto com gente estúpida. Porque os estúpidos conseguem fazer com que os outros caiam na esparrela da sua estupidez e rebaixam-nos ao seu próprio nível, ganhando em todas as frentes.
Ora, normalmente, gente estúpida gera conversa de merda.
Ergo, não dou conversa a conversa de merda.
E tem-se vindo a revelar um enorme alívio dos sintomas supra referidos de úlcera e AVC, já para não falar da calmaria em vez dos ataques de ímpetos assassinos.

Porém, como quase tudo nesta existência, tem um pequeno senão: a forma de não dar azo a conversa de merda passar por elevar o pensamento a uma esfera perto de Marte, sem passar pela caverna dos horrores onde se esfola lentamente o estúpido com a conversa de merda. Maneiras que tenho sempre um ar esgazeado de meter dó ou um olhar alucinado ou, e esta é a minha preferida, um arzinho de nojinho impecável. Assim como assim, os estúpidos lá se vão mancando e deixam-me em paz. Um bocadinho, só.

Sempre será melhor que pegar numa moca e distribuir fruta com ela, que ainda vou presa e isso era deveras chato.


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