segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Recordar é Viver (?)

Deveras estranho entrar no Antro e não ver lá ninguém conhecido.
Deveras estranho entrar la e não ver lá coisa nenhuma conhecida.
Apenas as velhas jarras, os velhos camelos e outros animais domésticos, os velhos conhecidos que nos fizeram a vida negra durante tanto tempo.
Agora são só recordações, molduras na paredes, amarelecidas pelo tempo, já não metem medo.

Que é feito dos cigarros fumados à porta da sala, que é feito dos almoços ao sol, que é feito do café matinal a barafustar contra o mundo, que é feito da festa da cerveja ...

Tão feio, o saudosismo.

Passa-se a vida a falar mal dos velhos do Restelo deste país, que vivem para recordar o seu tempo e falar mal do presente que não é deles, e agora faz-se o mesmo.

Achei que a vida ali dentro foi tão má que nunca teria saudades; afinal, a vida lá fora é uma selva ainda maior, fazendo com que o Antro seja um cordeirinho ao pé da realidade. Bah. Saudades. Nostalgia do passado. Coisa de velhos.

A verdade é que o que foi para aqueles que lá estiveram e não mais volta. Acabou.

O Antro é uma prostituta das caras. Seduz os incautos até lhes prender a alma, trata-os mal, suga-lhes a juventude, fá-los miseráveis e no fim, manda-os embora com um senhor chuto no cu, pondo outros no seu lugar. E é-se trocado, encornado, mandado embora. Hoje olha-se para lá e vê outros no lugar que outrora nos pertenceu.

Ai o saudosismo.
Merda de espirito.

1 comentário:

Diligentia disse...

sad, but true