Deveras estranho entrar no Antro e não ver lá ninguém conhecido.
Deveras estranho entrar la e não ver lá coisa nenhuma conhecida.
Apenas as velhas jarras, os velhos camelos e outros animais domésticos, os velhos conhecidos que nos fizeram a vida negra durante tanto tempo.
Agora são só recordações, molduras na paredes, amarelecidas pelo tempo, já não metem medo.
Que é feito dos cigarros fumados à porta da sala, que é feito dos almoços ao sol, que é feito do café matinal a barafustar contra o mundo, que é feito da festa da cerveja ...
Tão feio, o saudosismo.
Passa-se a vida a falar mal dos velhos do Restelo deste país, que vivem para recordar o seu tempo e falar mal do presente que não é deles, e agora faz-se o mesmo.
Achei que a vida ali dentro foi tão má que nunca teria saudades; afinal, a vida lá fora é uma selva ainda maior, fazendo com que o Antro seja um cordeirinho ao pé da realidade. Bah. Saudades. Nostalgia do passado. Coisa de velhos.
A verdade é que o que foi para aqueles que lá estiveram e não mais volta. Acabou.
O Antro é uma prostituta das caras. Seduz os incautos até lhes prender a alma, trata-os mal, suga-lhes a juventude, fá-los miseráveis e no fim, manda-os embora com um senhor chuto no cu, pondo outros no seu lugar. E é-se trocado, encornado, mandado embora. Hoje olha-se para lá e vê outros no lugar que outrora nos pertenceu.
Ai o saudosismo.
Merda de espirito.
1 comentário:
sad, but true
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