domingo, 1 de março de 2009

Note to Self

Nunca mais falar mal do SNS.


Pessoa acorda doente, doença de origem estúpida, cómica para quem de fora observa, mas nada engraçada para quem a tem na cara; aliás, quem acha engraçado devia era apanhá-la na língua. Adiante, pessoa acorda doente e vai ao centro de saúde ver como param as modas, não serão bem modas, seria mais a esperança de não haver mais ninguém que se lembrasse de ir para lá ver se a esperança estava disponível. Incrível como as duas almas que já lá constam não mostram o mínimo sinal de maleita : uma marca lugar para marcar consulta para o primo da cunhada da bisavó; na outra, ouve-se um ligeiro rumor a falar ao telefone e dizer alto e bom som que não lhe apetecia ir trabalhar e que já que estava pior ‘daquilo’ aproveitava e ia ao médico... aqui o cérebro frita e percebe-se que se perde tempo demais a pensar em soluções para tornar o sistema de saúde viável e mais acessível a todos quando a questão se resolvia fazendo uma triagem diferente da que se faz nos hospitais e serviços de atendimento permanente, separando as pessoas verdadeiramente doentes das que não querem ir trabalhar, dando prioridade a estas que, coitadas, têm uma vida desgraçada e miserável.
Enfim.
Em menos de 5 minutos, há uma consulta urgente em vista, em que se calha ser o segundo numa longa lista, lista essa que o senhor doutor deve despachar rapidamente tendo em conta a rapidez de atendimento dos dois primeiros pacientes. Não interessa que nem olhe bem para a cara do paciente, nem que lhe dê conversa de chacha, interessa que o atendeu e tentou resolver o problema. E resolveu, mesmo, não sem antes mandar o paciente à sala das agulhas para levar com uma, não bastava o ar de doença terrível, ai ajude-me que estou tão mal, é mesmo preciso levar com o tratamento de choque, não é só andar aqui a queixar-se, que isto de não querer ir trabalhar e vir ao médico porque sim é só privilegio de alguns. E quando se pensava que se ia ficar anos no corredor da morte à espera da injecção letal, nem míseros minutos passam quando a sentença é executada. Com o braço direito em falta, caminha-se para a farmácia, já ali ao lado.
Et voilá.
E a senhora que não queria trabalhar lá ficou a secar.
A triagem entre gente doente e gente calona funciona, afinal.

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