terça-feira, 24 de março de 2009

Não separe o homem aquilo que deus uniu

Para os habitantes da capital, ir a santa terrinha é uma viagem para outra dimensão. Ainda mais ajuda se o habitante da capital não gosta de viagens para dimensões estranhas. Ainda mais se nessas dimensões de santa terrinha se realizam casamentos.

Casamentos.

Momentos de felicidade campónia no seu auge. Em que tudo está perfeito à medida da parvoíce em voga na terra.

De salientar, a fixação por uma tendência cromática, presente em toda a boda, desde flores, casa da noiva, mesas, igreja, vestido da noiva, toalhas, convites ... No bolo, nas velas ... Até na camisa do noivo. Muito gostam de combinar tudo.
Porém, o que é mesmo engraçado é que o facto de haver casamento revela o quão diferente é a dimensão em que está situada a santa aldeia; terão as pobres pessoas de se casar para fugir a uma vida de tirania paternal que insistia em castrar o que há muito estava escrito e determinado. Nessa outra dimensão para onde se deslocam pessoas do sul, o poder paternal ainda é lei; muito mais do que um costume ou uso, a paternalidade é levada muito a sério. Tão a sério que só as meninas e os meninos estão autorizados a fazer o que os paizinhos querem, especialmente o pai, deus e senhor. E se o paizinho entende que o seu rebento feminino não anda de namoro com filho de pobre, e ainda por cima sem profissão que se veja, que isto de andar a cantarolar pelas terras fora não tem jeito nenhum, está o caldo entornado.
Acontece que também a outra dimensão prega partidas aos pais tiranos, ensinando-lhes uma bela lição sobre vidas e demais vicissitudes.

O proletário e a menina ganham para si, e decidem juntar os trapinhos, fazer vida em conjunto longe das tiranias e das parvoíces medievais de quem julga que Abril não chegou à aldeia resistente. Mas, toma lá, que é tão democrático ... O tiro sai pela culatra ao mais protector dos progenitores. E que cara no dia de felicidade da filhinha ...

Afinal, a temática cromática poderia ser simbólica; roxo, que significa trabalho, sacrifício e morte, coisas essas que ficam para trás, para mostrar que os tiranos também se derrubam com bofetadas de luva branca.
Way to go.

1 comentário:

Senayuri disse...

Roxo? Jeez!
Uma vez ouvi falar dum em que a cor tema era o preto.. até o vestido da noiva era.
É lamentável que no séc. XXI ainda haja paizinhos assim. Que não saibam dar o braço a torcer. Way to go indeed.