segunda-feira, 26 de maio de 2008

XII

Diz que a esperança é a última a morrer. Tudo será diferente quando a dita esperança nunca existiu, quando nunca dela se ouviu falar, quando tal expressão não passa de mera ilusão e de conto de encantar para inocentes.

Até que um dia, finalmente acontece, a esperança nasce das mãos que tocam, da boca que beija, dos olhos que chegam fundo. Descobre-se que esperança é apenas um vértice de algo muito maior, mais colorido, mais brilhante, mais denso, verdadeiro. O que nunca se julgou possível existe, é verdade, é real. Acabam-se os anos de negritude, de apatia, de morte interior. Brilha o sol, finalmente, ilumina o espirito inundado de nada, enche-o, preenche-o, inventa-o, cria-o de raiz. Existe porque há quem o faça nascer de novo, nascer e ver luz. A luz.

O tempo corre veloz. Para trás ficam todas as memórias que nem chegam a sê-lo ; vivem e batem juntamente com o coração, acompanham o diafragma a cada expiração feita. São vividas todos os dias, como se nunca tivessem sido vistas. E nunca são suficientes para matar a sede, a saudade, a falta que existe, mesmo que haja contacto directo e constante.
Descobre-se que a esperança, a luz, a forca, o fulgor, a vida, a paixão, existem, afinal, não são frutos da imaginação. Existem concentrados numa só pessoa.

Existe.

Eterno.

Perpétuo.

Perene.

Imortal.



AS

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